Em tempos normais, o dia a dia de um hospital já é uma tarefa complexa. Com a pandemia, no entanto, essa rotina se transformou ainda mais. E para cada um dos inúmeros pacientes que passam pelos leitos das instituições, cada qual com sua particularidade, os profissionais de saúde se orientam por um prontuário médico. Porém, mesmo com informações importantes, como nome, idade, evolução do quadro de saúde e medicamentos administrados, o documento não consegue descrever totalmente a pessoa que está por trás daquele prontuário.
Para preencher essa lacuna, o Complexo Hospitalar Unimed colocou em prática o Prontuário Afetivo. O documento é uma forma de lembrar que os pacientes, adultos ou crianças, têm uma história de vida anterior ao período da hospitalização. O Prontuário Afetivo traz informações como apelido do paciente, música ou super-herói preferido, comida predileta e nome do pet. De acordo com a coordenadora assistencial do hospital, Angelita Paganin Costanzi, isso ajuda a conhecer melhor os pacientes e tornar o seu acolhimento mais próximo.
— É muito importante conhecer um pouquinho da história do nosso paciente. Ao atender um ser humano, precisamos saber que se trata de alguém importante para muitas pessoas, alguém amado, com vontades, opções, com sua própria característica — destaca Angelita
Em uma rotina tão corrida e com cerca de 1,9 mil funcionários que atuam no Complexo Hospitalar Unimed, além de ajudar a conhecer o paciente, o prontuário ajuda a formar um vínculo entre equipes, paciente e família. É o que relata Fernanda Baierle Batista, Coordenadora de Enfermagem do Pronto Atendimento e UTI 3 Hospital Unimed.
— Com a pandemia, os profissionais não conseguem estar perto em todos os turnos e, com a vinda do prontuário afetivo, esta lacuna fica menor. Um exemplo foi um paciente na UTI adulto que estava angustiado e ansioso e, quando foi colocado sua música preferida, ele ficou muito mais tranquilo — relembra Fernanda.
Com o aumento das internações durante os picos da pandemia, o hospital organizou a criação de um grupo de humanização para tornar os atendimentos ainda mais próximos do paciente.
A nova abordagem em relação ao prontuário surgiu durante a pandemia e foi instalada primeiramente nas UTIs covid e UTIs para adultos. Com o sucesso da iniciativa, ela foi ampliada para a UTI infantil e, logo depois, para todo o complexo hospitalar. O prontuário afetivo também conquistou Rutiele de Almeida Monteiro, mãe de Arthur Miguel de 2 anos, que está internado na Unidade de Internação Pediátrica há 15 dias.
— Achei incrível o prontuário afetivo, pois é uma forma de conhecer melhor a criança e gera intimidade. A própria criança cria um vínculo, uma segurança e também obtém bons resultados no tratamento — conta Rutiele.
No início, era um papel mais simples, que foi evoluindo para os modelos atuais. Contudo, como destaca a monitora da ala Materno Infantil, Luana Thomazi, mesmo um simples papel pode fazer a diferença em um momento complicado como a internação hospitalar.
— O prontuário afetivo foi recebido pela família como um gesto de carinho e amor que a Unimed tem com os seus pacientes pediátricos. Está sendo uma maneira mais leve para as crianças. As que já sabem escrever constroem com a equipe cada pedacinho das suas preferências, se divertem e contam suas histórias — salienta Luana.