A unidade da Güntner Brasil fica em Caxias do Sul, no bairro Santa Fé. A empresa foi criada há mais de 20 anos como Frost Frio e passou por uma fusão com a multinacional há 13 anos. A fábrica produz sistemas de refrigeração, condensadores e evaporadores, por exemplo, para os mais diferentes equipamentos. O foco principal é o mercado industrial da alimentação, como frigoríficos, laticínios e cervejarias, e comercial, como supermercados.
Segundo Paula Cislaghi, profissional do marketing da empresa, a contratação dos imigrantes ocorreu de forma espontânea. A indústria está expandindo com ampliação do parque fabril e em fase de contratação, o que pode gerar novas oportunidades de trabalho.
Atualmente, três haitianos trabalham na fábrica. Um deles é Therson Charles, 27 anos. Ele é irmão da Marie, que trabalha na Pettenati.
Therson era pintor de paredes no Haiti. Concluiu os estudos até o equivalente ao nosso Ensino Médio. Mas não tinha recursos para pagar uma universidade. Veio para o Brasil há dois anos com a ajuda da irmã, que mandava dinheiro para a família no Haiti. O trabalho na fábrica ele conseguiu por intermédio do cunhado, marido da Marie, que já trabalhava na unidade, conseguiu emprego para o irmão e apresentou um currículo de Therson aos gestores. Ele fala pouco em português, mas diz que não foi nem fácil nem difícil aprender o novo ofício.
O coordenador de produção, Vanderlei Ackermann, conta que Therson entrou na empresa há cerca de um ano como auxiliar de produção e agora é soldador.
— Ele tem dificuldade de entender o que falamos, mas se fizermos uma operação e colocarmos ele do lado, em questão de minutos, ele observa e executa com facilidade. Em pouco tempo que está na solda tig, um ou dois meses, ele solda tão igual a um profissional que contratamos no mercado. Ele tem uma captação rápida do visual. Como funcionário, ele é bastante dedicado — descreveu o coordenador.
Therson diz que a língua portuguesa é difícil, mas que está fazendo um curso.
— Português é muito difícil — decretou.
Ele tem um filho de oito anos que vive no Haiti, para o qual manda dinheiro e quer trazer para o Brasil.