A expectativa de moradores do bairro Samuara de Caxias do Sul em resolver uma situação que se arrasta há anos terminou frustrada. Após inúmeras reclamações sobre um prédio em construção com rachaduras na Rua Guerino Zugno, o proprietário foi notificado e apresentou garantias de que não há risco de desabamento. Contudo, o desenrolar da história continua sendo um problema para os vizinhos, que seguem com medo de que a estrutura caia a qualquer momento. Apesar da visível deteriorização, um laudo apresentado pelo dono garante que a construção, mesmo parada há anos, seria segura.
— Estamos indignados! Todos veem que pode cair a qualquer momento. Se cair, a responsabilidade será de um proprietário que a gente não conhece. É visível que o prédio está rachando ao meio. É lamentável ouvir que não há riscos — afirma a presidente do bairro, Carla Pacheco.
Ela e a maioria dos moradores participam de um grupo de WhatsApp para que informações sobre o prédio sejam repassadas, inclusive, quando pessoas desconhecidas entram nas dependências da construção. A medida tornou-se necessária para que a comunidade se sentisse mais segura.
A informação do laudo favorável é da prefeitura de Caxias. De acordo com o secretário de Urbanismo, João Uez, o documento é assinado por um engenheiro, que garante que não há perigo de queda da estrutura. O dono da obra, datada de 2011 nos registros da prefeitura, solicitou ainda um prazo de 60 dias para colocar novos tapumes ao redor e retirar o matagal de anos formado no espaço.
— Todos os procedimentos administrativos foram feitos. O laudo está nas conformidades legais e não temos o que fazer depois disso — diz Uez.
Os técnicos da pasta vistoriaram o local há cerca de 20 dias e a conclusão foi de que era necessária a interdição imediata.
— Foi embargado até apresentação do laudo, o que foi feito. O proprietário apresenta um laudo assinado por um responsável técnico que está ok junto aos órgãos competentes e o município retira o embargo — afirma.
Apesar da garantia do laudo técnico, barulhos vindos da construção continuam sendo ouvidos todos os dias por Marlize Brito, 56 anos, que reside ao lado. No mês passado, ela contou à reportagem que ela e o marido não conseguiam dormir por medo de acidente.
Caso vai parar no Ministério Público
O problema foi levado ao Ministério Público Estadual, por meio do vereador Juliano Valim (PSD), nesta quarta-feira (5). Segundo ele, a intenção é que o Judiciário refaça a vistoria.
— Queremos que a Justiça nomeie um perito para analisar a situação da obra. Informamos pedido de urgência para uma reunião por conta do perigo que a obra oferece aos vizinhos — diz.
Ainda não há prazo para que o MP se manifeste. O nome do proprietário não é divulgado pela prefeitura.