Escolas particulares e infantis de Caxias do Sul optaram por abrir as portas e receber os alunos na manhã desta segunda-feira (26), mas o clima era de angústia e confusão por parte dos pais e professores. As diferentes versões apresentadas pela Justiça e pelo governo do Estado sobre a possibilidade de aulas presenciais causaram confusão já no início da manhã. Apenas nesta segunda, com as escolas já abertas, o Executivo estadual informou que as instituições de ensino não estavam autorizadas a funcionar. Mas já era tarde.
No La Salle Carmo, o primeiro aluno a chegar pouco depois das 7h foi Lucas Panisson, sete anos. Ele estava acompanhando da mãe, Marcieri Morales, 43. Ela optou por levar o filho até porque o menino estava na expectativa pelo retorno.
— Ele entrou na escola esse ano. Está feliz porque sente saudades. Eu trabalho fora e hoje ele estava pronto para vir para a escola — afirma a engenheira mecânica.
A entrada principal estava vazia e a expectativa da escola era de baixo movimento justamente devido à confusão provocada pelos pronunciamentos do Governo do Estado e do município
— Há insegurança jurídica. Abrimos para acolher as crianças até segunda ordem. Muitos dependem da escola e estavam preparados para essa volta — explica o vice-diretor do Carmo, William Mallmann .
Incerteza
Nas escolinhas a situação era a mesma. A orientação repassada pelo Simpre era esperar pelo comunicado do governo do estado e do prefeito de Caxias do Sul, Adilo Domenico. Assim que receberam um comunicado por vídeo no domingo avisaram aos pais sobre o retorno. Na Eureka por volta das 8h as primeiras crianças começaram a chegar.
— Vamos esperar pelo julgamento do recurso porque a orientação que temos é essa de que pelos decretos podemos retomar as aulas -afirma a diretora Monique de Souza Fraga.
Augusto Fraga Andrade, de 11 meses, chegou no colo da avó Silvana Fraga.
— As crianças tem ficado em ambientes e com pessoas que não estão preparadas para cuidar delas. Fora o abalo emocional — destaca a avó que é coordenadora de uma escola infantil que se preparava para abrir as portas na terça-feira (27).
De mãos dadas com a mãe Priscila de Freitas Rodrigues, 41, o pequeno Leonardo de quatro anos, escolheu a fantasia do Homem de Ferro para reencontrar os coleguinhas. Ela conta que tem sido difícil tanto para ela, quanto para o esposo Rodrigo, 40, perceber a agitação e até tristeza do filho por estar longe da escola. Ela e o marido que é consultor de TI estão em teletrabalho, e nem sempre conseguem dar atenção ao filho.
—Ele sempre foi um doce de criança e tem estado agressivo, estressado e muito agitado porque não tem mais um rotina. O Leo não consegue relaxar. Deixei para avisa ele ontem e ele disse: "Oba! Eu vou ver meus amigos. Eu chego a ficar arrepiada, porque tem sido desumano com as crianças ter que dizer não posso brincar. Meu esposo fica arrassado de falar agora não posso, porque são muitos não. Ele é uma criança criativa, quer pintar e desenhar e quer companhia — desabafa emocionada.
Na Pimbolim, Liliane Coroleski, 37, chegou logo depois das 8h20min para deixar o filho Arthur, quatro anos.
— Ontem (domingo) foi uma loucura. Cheguei a ficar com dor de estômago, porque se não o trago preciso pensar onde deixá-lo
Para Diego Cardoso, 38 a situação também tem sido delicada. Ele e a esposa Manuela, 33, são professores e têm cuidado do filho Antônio de 1 ano e cinco meses em casa.
— Temos teletrabalho, as aulas online, e ele precisa de atenção que nem sempre conseguimos dar, e muitas vezes até participa das aulas porque quer colo. Com a abertura da escolinha ficamos contantes e confiantes porque sabemos que seguem os protocolos, é tem a situação do contágio sob controle. A situação é angustiante. Uma confusão.
Na escola, há inclusive uma faixa que diz: lugar de criança é na escola. A diretora da escolinha, Roberta Tomazzoni, 42, garante que vão aguardar novo pronunciamento das autoridades, mas nesta segunda seguirão abertos.
— Até o momento, os decretos nos garantem esse retorno. O julgamento é às 18h. Nada se sobrepõe aos decretos então vamos esperar. Foi uma montanha-russa no domingo e tínhamos que abrir porque as crianças estavam prontas e os pais também para essa volta — declarou.