Após quase dois anos de entraves, cinco postes de energia que atrapalhavam a continuidade da pavimentação da Estrada dos Romeiros, em Caxias, finalmente foram deslocados. A realocação deveria ter sido realizada em agosto de 2019, mas desentendimentos entre a empresa contratada para o trabalho e o município resultaram no fim da parceria e na contratação emergencial da RGE. Os processos, contudo, demandam prazo para defesa, o que exigiu tempo. Com a situação resolvida, a prefeitura e a Codeca, responsável pela obra, estimam a conclusão para o fim de abril.
Segundo o diretor do Departamento de Construção Civil (DCC) da Codeca, Alcidemar Xavier Macedo, a realocação dos postes ocorreu há cerca de 30 dias. Dois deles estavam no eixo da pista e três nas laterais. No período em que durou o imbróglio, a empresa chegou a pavimentar no entorno dos postes, mantendo uma espécie de canteiro central. Agora, contudo, é preciso aplicar a camada pendente.
O trabalho recomeçou na semana passada e, conforme Macedo, dependia de uma ordem de reinício emitida pela prefeitura, já que a obra era considerada formalmente paralisada. Além da finalização do asfalto, falta concluir a rede de drenagem, a calçada e a sinalização em pontos próximos de onde estavam os postes. Caso o clima permita, a intenção é realizar a pavimentação ainda nesta semana.
— A sarjeta é um pouco mais demorado e o passeio também, porque tem piso tátil e antes tem que fazer a cancha (base) — explica.
As obras na Estrada dos Romeiros começaram em junho de 2018 e tinham entrega prevista para maio do ano seguinte. Ao todo, são 3,8 quilômetros pavimentados no lado caxiense, ao custo de R$ 6,7 milhões, pagos com recursos do empréstimo obtido junto à Corporação Andina de Fomento (CAF).
Asfaltamento não resolve todos os problemas
Quando estiver concluída, a pavimentação será motivo de comemoração para o engenheiro Éverton Reolon, 38 anos, e a mulher Renata Bonotto Reolon, 35, que possuem uma empresa de corte às margens da Estrada do Romeiros. Há cerca de oito anos o casal organizou, junto a um grupo de vizinhos, um abaixo assinado para o asfaltamento da estrada. As 5 mil assinaturas foram coletadas durante uma Romaria de Caravaggio.
Uma infraestrutura adequada é fundamental para a logística das empresas e também para o deslocamento dos moradores, que antes precisavam conviver com a poeira. Mas nem todos os vizinhos e romeiros na época concordavam.
— Alguns moradores queriam estrada de chão para não pagar mais imposto e alguns romeiros não assinavam porque diziam que não ia mais escoar a água no solo. As pessoas acham que só tem romeiro, mas não passam por aqui no resto do ano. Tem empresas e moradores. Muitos clientes ligavam para nós e pediam para ir buscar o material no início da estrada porque não vinham na estrada de chão — lembra Renata.
Nem tudo, porém, é motivo de comemoração. De acordo com Éverton, os cinco postes foram substituídos, mas outros, fora dos padrões atuais e até mesmo de madeira, foram mantidos na estrada. Eles afirma ainda que a rede é antiga e sofre quedas frequentes. No entendimento do casal, uma obra desse porte deveria ter contemplado a modernização da rede, já que demandava realocações.
— No fim do ano ficamos três dias sem luz porque caiu um poste de madeira e pegou fogo. Até o mato em volta incendiou — relatou.
A Codeca disse que solicitou apenas a movimentação dos cinco postes para que pudesse dar andamento à obra. A RGE disse que a obra "foi executada por uma empresa contratada pela prefeitura, mas ficaram vários pontos para serem corrigidos. A prefeitura, então, optou pela execução em caráter excepcional por parte da RGE, devido à situação de risco que havia no local, mas exclusivamente para a remoção dos cinco postes. O trecho restante é de responsabilidade da prefeitura, que provavelmente contratará uma empresa para execução". A reportagem não conseguiu contato com a Secretaria do Planejamento, responsável pelo projeto.
Obras prestes a começar em Farroupilha
O lado farroupilhense da Estrada dos Romeiros, com nome oficial de Estrada Luiz Victorio Galafassi, também será pavimentada. As obras dependem apenas da assinatura da ordem de início, segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, Infraestrutura e Trânsito de Farroupilha, Argídio Schmitz.
O edital para a contratação foi lançado no ano passado e chegou a ser suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que apontou possíveis irregularidades. Após modificações, contudo, o município relançou o certame a empresa vencedora já assinou contrato.
Ao todo serão pavimentados cerca de quatro quilômetros, entre o limite com Caxias do Sul e o chamado morro da Busa, já asfaltado. O custo é de pouco menos de R$ 3 milhões.