O trecho de areia da área central de Arroio do Sal, no Litoral Norte, amanheceu nesta sexta-feira (5) com um avanço de água que colocou em alerta equipes do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar). Isso porque uma ressaca marítima registrada em diversos locais, também se aproximou da área onde foram depositados os ovos da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), em evento inédito para o município e raro para a região Sul do Brasil, no dia 12 de janeiro. Desde então, os ninhos feitos pelo animal foram cercados e vêm sendo monitorados para evitar qualquer tipo de intervenção ou ameaça. Com o aumento do nível do mar naquela área, a água se aproximou do local, representando uma ameaça ao desenvolvimento dos filhotes, segundo a Ceclimar.
— A água avançou até o pé da duna, estamos vendo se vai subir mais, analisando ainda a situação. Mas a água representa uma ameaça, sim, porque se os ovos são molhados pela água, eles não se desenvolvem ou, ainda, com a água, o ninho pode desmoronar. Vamos, talvez, fazer algumas barricadas no entorno da duna, até porque a remoção dos ninhos para outro local é muito difícil de ser feita — afirma Cariane Campos Trigo, bióloga da Ceclimar.
Por terem mexido o mínimo possível nos ninhos desde que a desova foi identificada, no início do ano, o Ceclimar afirma que não é possível saber exatamente quantos ovos foram deixados, porém, pelos estudos acerca da espécie, estima-se que, a cada desova, sejam deixados cerca de 100 ovos e que, destes, aproximadamente 80 estejam fecundados. O desenvolvimento das tartarugas filhotes, segundo o Centro de Estudos, depende das condições climáticas e da segurança a ser mantida no local.
A ressaca desta manhã ocorreu após um ciclone extratropical ter atingido cidades gaúchas. No início da tarde desta sexta-feira, o Ceclimar informou que nenhuma medida foi necessária para proteção dos ovos, uma vez que as dunas onde encontram-se os ninhos não foram atingidas pela água.
— Está tudo certo com o ninho e como, a tendência, a partir de agora, é a ressaca devida ao ciclone recuar, o pior já passou — afirmou a bióloga Cariane.