Uma mulher de 73 anos internada no Hospital São João Batista, de Nova Prata, morreu nesta quinta-feira (25) enquanto aguardava por um leito de UTI Covid pelo SUS. A administração da instituição junto com as secretarias da Saúde de Nova Prata e de São Jorge, cidade onde ela residia, dizem que a idosa esperou por transferência desde o início da semana, mas não houve liberação de vagas no Estado.
De acordo com o administrador do hospital, Marcos Santori, a idosa estava inscrita na central de regulação de vagas desde a segunda-feira (22). Como a instituição não tem terapia intensiva, ela foi intubada, permaneceu em leito de enfermaria e acabou não resistindo no fim da manhã de quinta-feira.
— Quando disponibiliza um leito, eles (central de regulação) nos comunicam via sistema. Então, não tivemos uma negativa de leito. Simplesmente, não liberou nenhum leito para ela — afirma Santori.
Conforme o secretário da Saúde de São Jorge, Danilo Salvalaggio, a idosa buscou atendimento na rede pública da cidade no último dia 9 e precisou ser internada no dia 17. Como o município não tem hospital, ela foi encaminhada para Nova Prata, referência para este tipo de atendimento.
A Secretária da Saúde de Nova Prata, Dieice Oliveira, avalia que a falta de vaga foi resultado da alta taxa de ocupação de UTIs no Estado, que vive o pior momento da pandemia. Ela garante que foram seguidos os procedimentos de praxe para conseguir a vaga em terapia intensiva, com a inscrição da idosa na central de regulação:
— É o medico que (na central de regulação) verifica todas as situações e o médico do hospital que conversa com esse médico da regulação. É só conversa entre profissionais — conta.
A reportagem procurou a Secretaria Estadual de Saúde que disse, em nota genérica (confira abaixo), que “está atenta às necessidades de atendimento da população gaúcha, realizando todos os esforços para efetuar as transferências de todos os pacientes que precisarem de vagas para atendimento intensivo e de urgência”. Questionada sobre o caso específico da vítima moradora de São Jorge, a secretaria informou que não tem condições de apurar a situação em particular devido à alta demanda envolvendo a pandemia.
Nota da Secretaria Estadual da Saúde
Diante do agravamento da pandemia de Covid-19 no RS e da rapidez com que evolui o quadro clínico dos pacientes, gerando maior necessidade de internação clínica e de UTI, a Secretaria da Saúde (SES) informa que, por meio do Departamento de Regulação Estadual (DRE), está atenta às necessidades de atendimento da população gaúcha, realizando todos os esforços para efetuar as transferências de todos os pacientes que precisarem de vagas para atendimento intensivo e de urgência.
As transferências são executadas em conjunto com os municípios, pronto-atendimentos e com hospitais que não dispõem de leitos de UTI. O Sistema de Gerenciamento de Internações (Gerint) processa as solicitações e indica os locais para que sejam feitas as internações em hospitais de referência regionais que tenham estrutura e capacidade instaladas para receber pacientes em estado grave.