As instabilidades causadas pela influência da umidade da Amazônia e a elevação da temperatura são os dois principais fatores que causaram a forte chuva em Bom Princípio e São Vendelino na noite de terça-feira (2). É o que explica a meteorologista Catia Valente, da Somar Meteorologia, sobre o que tem motivado a ocorrência dos fenômenos que provocaram grandes estragos em ambas as cidades. A chuva começou por volta das 19h e seguiu até as 21h30min.
— A Sala de Situação enviou um aviso para a Defesa Civil falando que teriam esses temporais no Estado de forma mais generalizada e poderiam acontecer em qualquer ponto. Em certas épocas do ano, essa umidade (vinda da Amazônia) pode ficar canalizada aqui e é justamente o que vem acontecendo há quase duas semanas. Com a temperatura subindo, a gente tinha os dois principais combustíveis para esses temporais, que são rajadas de vento, às vezes o granizo e principalmente a chuva — esclarece.
Catia faz um paralelo da situação de Bom Princípio e São Vendelino com os ocorridos nos municípios de Santa Maria e Santa Cruz do Sul, que tiveram a mesma origem.
— São volumes grandes de chuva em curto espaço de tempo. Não dá tempo dessa água toda que cai muito rapidamente e em grande volume escoar. Então, acaba causando esse monte de transtornos. Como, na realidade, já vem acontecendo chuvas há duas semanas um pouco mais frequentes em todo o Estado, o solo estava mais úmido e ficando saturado. Quando vem essas chuvas muito volumosas e em períodos, às vezes, de minutos, acaba causando isso — explana Catia.
A meteorologista também alerta para a possível ocorrência de novos fenômenos semelhantes no Rio Grande do Sul, visto que ventos mais fortes vão se somar às instabilidades.
— Ainda pode acontecer até amanhã (quinta-feira, 4) em outros pontos do Estado porque as instabilidades vão seguir sob o Rio Grande do Sul. Estamos com um ciclone extratropical já formado, que vai aumentar agora também a intensidade dos ventos — previne Catia.
Catia projeta que o mês de fevereiro será bem mais seco do que janeiro. Segundo ela, os temporais e enxurradas têm tendência a diminuir a partir da sexta-feira (5), quando a umidade proveniente da Amazônia se concentra na metade norte do país.