Com a entrada da Serra nas regras da bandeira vermelha desde esta terça-feira (1º), o turismo deverá ter impacto nos próximos 14 dias em cidades da região. Entre as medidas em vigor pelo decreto estadual publicado no Diário Oficial está a mudança de horários no comércio e nos restaurantes e vedação à permanência de pessoas em locais públicos sem controle de acesso, como ruas, praias e praças. A tendência é que o anúncio tenha impacto no movimento dos hotéis da Região das Hortênsias e dos Campos de Cima da Serra. Cidades como Gramado, Canela e Cambará do Sul devem sentir os reflexos da troca de bandeira.
- Certamente o impacto é bem ruim porque a notícia de que a região está com uma classificação de maior risco corre os quatro cantos do país. O turista acaba tendo insegurança, cancela reservas e decide não viajar. O anúncio impacta porque gera apreensão - aponta o presidente do sindicato Patronal da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias (SindTur Serra Gaúcha), Mauro Salles.
Ele ressalta que dessa vez o turismo não para já que, apesar das restrições, os hotéis, restaurantes e parques podem continuar funcionando, respeitando normas mais rígidas e limites de horário, bem como de público:
- Quem quiser nos visitar terá a tranquilidade de que estamos cumprindo as medidas sanitárias necessárias. Mesmo assim, sabemos que mesmo que o turismo continue e a cidade esteja com as portas abertas, a notícia impacta diretamente nas reservas e nos passeios.
Pelos próximos 14 dias, festas de fim de ano também devem ser suspensas. A medida abrange comemorações de empresas e amigos secretos, entre outras. Para Salles, isso também pode impactar nas reservas porque familiares e amigos planejam viagens juntos e em grupos maiores.
- Sobre os eventos, não creio em um impacto porque eles já estavam programados para acontecer sem aglomerações. O setor está bem preparado, com todas as normas, mas há um impacto negativo com a bandeira vermelha mesmo que as cidades estejam abertas - lamenta ele.
Se o contágio seguir acelerado, o governador do Estado, Eduardo Leite, cogita a possibilidade de as restrições serem prorrogadas.
Impacto no setor turístico
Em Canela, a decoração continua nas ruas, mas a paradinha de Natal, com os carros decorados que passavam pela cidade foi cancelada e a Casa do Papai Noel está fechada porque os visitantes acabavam se aglomerando na praça. Já a Fábrica de Natal e o espetáculo Vida permanece online.
- Justamente agora que o setor estava começando a se recuperar e enxergar a luz no fim do túnel vem essa situação. Por mais que a gente saiba que eles têm cumprido os protocolos de saúde, todos os parques, restaurantes, hotéis e pousadas estão preocupados com a bandeira vermelha - afirma o secretário de Turismo e Cultura de Canela, Ângelo Sanches Thurler.
Ele ressalta ainda que a possibilidade da medida ser prorrogada provoca apreensão:
- Diminui a vinda de turistas e assusta um pouco também. O setor está preocupado e há um grande impacto no momento em que eles iam se restabelecer financeiramente, quitar as contas e assumir a responsabilidade com os colaboradores.
Thurler frisa também que Canela cumpriu todas as normas desde o começo da pandemia para garantir o funcionamento do setor e preservar a saúde dos moradores e dos visitantes.
- Essa troca atrapalha também os eventos. A cidade segue com decoração, brilho, mas temos que respeitar para preservar a saúde de cada um e torcer para que isso passe de uma vez - diz o secretário.
Em Gramado, os eventos públicos seguem, mas há mudanças. O encerramento da Vila de Natal, por exemplo, será 20h e não mais às 22h. Já o espetáculo Illumination, que iria ocorrer no Lago Joaquina Bier a partir desta quinta-feira (3), era o único evento liberado pelo Estado com todos os protocolos aprovados, mas foi momentaneamente paralisado em função da bandeira vermelha na região. A organização ainda está conversando com o Estado por meio do Gabinete de Crise de Gramado para encontrar alternativas. Os ingressos ainda não haviam sido colocados à venda.
Em Cambará do Sul, os parques nacionais dos Aparados da Serra ainda podem receber 25% da capacidade. Tanto o Fortaleza, quanto o Itaimbezinho, se enquadram na regra que inclui parques temáticos, de diversão, de aventura, aquáticos, jardins botânicos e zoológicos. A secretária de Turismo, Beatriz Trindade, ressalta que os hotéis e similares com o selo de Turismo Responsável do Ministério do Turismo podem operar com 60% da capacidade. Os demais, precisam respeitar os 40% de ocupação.
- Nos parques há o controle de acesso, mas a troca de bandeiras, automaticamente, irá diminuir o fluxo de visitantes - afirma ela.