A população em situação de rua terá outro ponto de acolhimento em Caxias do Sul a partir desta quinta-feira (17). O local de amparo será o Residencial Santa Dulce, resultado de iniciativa da Associação Mão Amiga que, com projeto aprovado, obteve verba do governo estadual para entrar em operação. São 60 vagas no novo espaço, que fica localizado na Avenida Triches, no bairro Cidade Nova. O lançamento oficial ocorrerá no próximo dia 21, no Palácio Piratini, mas os interessados já serão recebidos a partir desta quinta-feira. Além de Caxias, os municípios de Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Pelotas e Rio Grande também receberão auxílio do governo do Estado para que implantem abrigos temporários aos moradores de rua, com um investimento total de R$ 1,7 milhão. A intenção é que os locais funcionem pelos próximos três meses, mas que o prazo possa ser prorrogado até que exista a necessidade.
A secretária estadual de Trabalho e Assistência Social, Regina Becker, explica que o projeto seria colocado em prática ainda no inverno, mas os trâmites burocráticos fizeram com que a ação fosse adiada. A quantia destinada à medida foi possível graças a empresas que aceitaram destinar parte do seu ICMS para o Fundo Estadual de Apoio à Inclusão Produtiva. Nos espaços, será possível se alimentar, tomar banho e ter serviços de lavanderia, além de passar a noite.
— Conseguimos captar esses recursos no final do mês de setembro. Caxias teve grande participação. A empresa não perde nada, coloca 20% do valor que tem para pagar de ICMS no Fundo. Nossa intenção é dar prosseguimento em 2021 após os três meses ou até que tenhamos essa situação calamitosa de covid — diz.
Conforme o fundador do Mão Amiga, Frei Jaime Bettega, o espaço onde funcionará o Residencial Santa Dulce foi cedido pela prefeitura de Caxias. O local estava abandonado e a Associação efetuou as reformas necessárias para abertura de 60 vagas.
— Serão preenchidas conforme a rede necessitar (administrada pela Fundação de Assistência Social do município). O residencial tem um diferencial, não é um formato de casa de passagem, mas funciona também como emergência na situação de covid. Haverá trabalho forte de escuta e restauração de vínculos, além de oficinas profissionalizantes — diz.
Frei Jaime salienta, ainda, que haverá a possibilidade de acolher o morador de rua que for contaminado por coronavírus e precise fazer isolamento domiciliar. No entanto, para cada caso, haverá análise da Secretaria Municipal de Saúde.
Caxias apresenta cerca de 250 pessoas cadastradas como moradores de rua, mas muitos são considerados itinerantes segundo a FAS. Por isso, o número oscila. Os locais tradicionais de atendimento são as casas Carlos Miguel, no bairro Nossa Senhora de Fátima, e São Francisco, no bairro Cinquentenário. Além deles, há os CAPS: Reviver, Novo Amanhã e Cidadania.
Segundo a presidente da FAS, Marlês Sebben, 579 usuários acessaram os serviços no mês de novembro.
— Considerando um ano atípico, percebemos que houve crescimento de novos usuários. Temos 40 vagas em cada um dos abrigos e nesta quinta-feira, por exemplo, temos quatro vagas masculinas, mas ninguém que procurou por atendimento deixou de ser atendido até agora — diz.
Tanto nos abrigos quanto no Residencial Santa Dulce o contato para ingresso de interessados deve ser realizado no Centro POP, localizado na Avenida Circular Pedro Mocelin, 421B, no bairro Cinquentenário. Já contato do plantão dos serviços de abordagem de rua é (54) 9 8403-8864.