A estação mais quente do ano é de muito trabalho para quem lida com produção agrícola em Caxias do Sul. As colheitas de ameixa e pêssego, que ocorrem neste mês, somadas as de uva e maçã, no final de janeiro, movimentam os proprietários de áreas produtivas para que as frutas sejam aproveitadas ao máximo. Por conta disso, a presença de trabalhadores temporários continuará sendo realidade, mesmo que em ano de coronavírus.
Segundo o secretário municipal da Agricultura, Valmir Susin, as propriedades rurais de Caxias do Sul atuam com cerca de 800 trabalhadores fixos durante o ano. Entre dezembro e final de fevereiro, muitas vezes até metade de março, esse número sobe para praticamente o triplo. São aproximadamente 2,5 mil pessoas que operam nas colheitas do interior do município.
Até o momento, não há informação específica sobre proibições ou limitações para a prática em relação aos protocolos de segurança sanitária em áreas de colheita expressiva por parte do governo estadual. De acordo com Susin, a categoria rural entende que não há problemas porque o trabalho é realizado ao ar livre.
— Já tem pessoas de fora atuando, mas muitos (proprietários de áreas rurais) nem conseguem gente disponível. A preocupação é se colocarem limite (de pessoas na colheita) porque não se pode deixar de colher. Há frutos que precisam ser retirados exatamente no ponto para poderem ser conservados em câmaras frias. O consumidor não pode ficar sem produto — diz.
Conforme Susin, a média de pagamento é de R$ 150 ao dia para os trabalhadores temporários. Neste ano, é percebido o interesse de muitos argentinos para atuar no período de safra, segundo o secretário. Além disso, seguirá a procura por pessoas do Nordeste brasileiro, haitianos e senegaleses. O pessoal normalmente fica hospedado na própria propriedade em que vai atuar. Na região, o maior exemplo da medida é a colheita de maçã em Vacaria, onde cerca de 10 mil pessoas são esperadas para atuar intensamente a partir de janeiro. O assunto, neste ano, é discutido entre a Associação Gaúcha de Produtores de Maçã (Agapomi) e a Superintendência Regional do Trabalho, ligada ao Ministério da Economia, por conta da pandemia.
Preocupação nas propriedades
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Caxias, Rudimar Menegotto, existe preocupação no meio rural quanto à pandemia. O foco da presença de pessoas de fora seria no mês de janeiro, quando se inicia a safra de uva para a indústria. A ideia mais debatida entre os produtores é trocar serviços entre uma família e outra que residam próximas, para tentar alavancar o trabalho.
— Muitos estão preocupados com a mão de obra para a safra. Normalmente, recebem parentes que vem de outras localidades, dormem na mesma casa e comem na mesma mesa. Alguns estão tentando se organizar para trocar mão de obra — afirma.