Em entrevista à Rádio Gaúcha, quarta-feira (1 de julho), Sirlei Castagna, coordenadora da Defesa Civil de Vacaria, contabilizava 130 residências destelhadas parcialmente, e casas que vieram abaixo, além do cenário típico de um ciclone, com postes e árvores caídas. Desde a terça-feira (30 de junho) à tarde, um mutirão, contando com a participação de voluntários, Brigada Militar, Guarda Municipal, Bombeiros e diversas equipes da prefeitura têm trabalhado para reconstruir Vacaria.
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A velocidade dos ventos chegou a 100 km/h e deixou um rastro de destruição em vários pontos da cidade. Entre eles, um dos mais atingidos foi o Bairro São Francisco.
— A cidade estava toda em pânico porque os ventos vieram derrubando placas, sinaleiras, postes, enfim, fazendo uma varredura na cidade. Em um primeiro momento, fornecemos lonas e começamos a receber doações de telhas. Estamos encaminhando documentação ao governo do Estado solicitando telhas para recolocar nas casas. Na medida do possível, vamos tentar organizar a cidade — explicou Sirlei Castagna.
Espanto nas ruas
Em um mesmo quarteirão, no bairro São Francisco, a cena que se viu na quarta-feira (1 de julho), menos de 24 horas após o ciclone, ainda era de causar espanto. Uma carroceria de caminhão baú tombou com a força do vento. Logo à frente, um senhor aposentado, que mora sozinho, ainda estava preocupado porque não conseguia mensurar o real estrago em casa.
— De uma hora para outra começou o vento e já foi entrando chuva dentro de casa, com mais força bem onde fica o meu quarto, porque perdi parte do telhado — revela Francisco Paulo de Souza, 54, que mora na residência desde 2010 e jamais havia visto um fenômeno nessa intensidade.
Na esquina a seguir, na Rua Abolição, moram cerca de 14 haitianos recém chegados a Vacaria. A casa construída como se fossem apartamentos, no primeiro andar de uma edificação germinada, está com o telhado parcialmente destruído. Os poucos móveis e roupas foram colocados no primeiro apartamento, divididos em dois cômodos, onde todos estão tentando se acomodar.
O mesmo sentimento de tristeza e frustração dos haitianos é compartilhado por Adriana Aparecida Pinheiro da Cruz, 42, também moradora do bairro São Francisco.
— Eu perdi quase tudo. Quando começou a chuva e o vento forte eu estava deitada em casa, sozinha. Chovia por tudo dentro de casa. O que restou foi a geladeira e a cozinha — diz, olhando para a área onde ficava o quarto, irreconhecível.
— É triste perder o pouco que temos. Não é fácil. Perdi até os meus remédios que tomo por causa da depressão e da crise de ansiedade.
Como salvaguarda, enquanto não consegue dar um jeito de recolocar as telhas arrancadas pela força do vento, Adriana contou com a ajuda da filha e do genro para colocar uma lona provisória, ainda na terça-feira, quando chovia forte. Na tarde de ontem, Adriana, com a ajuda de outros familiares, retirava o pouco que restou para guardar na casa da mãe, onde deve ficar até consertar a moradia.
Confira galeria de imagens com cenas de como está a situação do bairro São Francisco, em Vacaria