Em reação ao pacote de medidas proposto pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, professores da rede estadual iniciam nesta quinta-feira (14) mobilizações que sinalizam o início da greve previsto para segunda-feira (18). Uma assembleia do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato) marcada para esta quinta pretende consolidar a paralisação.
O encontro ocorre um dia após a versão final do pacote, que engloba oito projetos de revisão a cem regras do funcionalismo, ser apresentado aos deputados de base do governo. Depois disso, as propostas serão enviadas à Assembleia Legislativa e a expectativa é que a votação ocorra a partir de 17 de dezembro, sendo concluída no início de 2020.
— Ainda não há definição de quanto tempo a greve irá durar, mas serão alguns dias para que possamos conversar com deputados e também explicar para a comunidade do que se trata — afirma o diretor-geral do 1º Núcleo do Cpers, David Orsi Carnizella.
Segundo ele, não há como projetar quantos professores irão aderir à greve, porém destaca que trata-se de um direito e que a recuperação das aulas perdidas será negociada após a paralisação, a exemplo de outras paralisações.
— Nós professores somos cumpridores da lei, ao contrário do governo, que não paga os salários em dia e ainda não sinalizou de que forma serão recuperadas as aulas perdidas no primeiro semestre de 2019 pela falta de professores no quadro de efetivo — declara.
A mobilização é motivada principalmente pelos pontos do pacote referentes ao magistério, incluindo mudança no plano de carreira, achatamento salarial, congelamento de gratificação, fim do auxílio para professores que lecionam em área de difícil acesso, entre outros.
Além disso, de acordo com Carnizella, em dezembro os professores da rede estadual completarão 48 meses de parcelamentos nos salários, além de estarem há cinco anos sem reajuste, com uma defasagem de aproximadamente 30% no ganho real (baseado apenas na inflação).
A titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) Viviani Vanessa Devalle afirmou que a unidade respeita o movimento realizado pelo Cpers, porém destaca que a paralisação pode prejudicar os estudantes.
— Entendemos que o diálogo é o melhor caminho para a construção de soluções. Nosso objetivo de forma nenhuma é prejudicar o aluno ou comprometer a finalização do ano letivo, portanto solicitamos às escolas e aos colegas docentes que, na medida do possível, permaneçam abertas e atendendo sua clientela. E, especialmente que neste momento se use acima de tudo o respeito de ambas as partes, que as posições sejam para adesão ou não a paralisação sejam respeitadas.
A coordenadora disse, ainda, que o formato de recuperação das aulas perdidas no primeiro semestre por conta da falta de professores em escolas da rede estadual está sendo debatida pelo Departamento de Planejamento (Dplan) e pelo Departamento de Educação da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
— Tão logo se encaminhe uma solução a mesma será comunicada.
ABRAÇO À ESCOLA
Em apoio aos professores, estudantes e funcionários da Escola Estadual de Ensino Médio Cavalheiro Aristides Germani realizarão um abraço no prédio nesta quinta-feira, por volta das 8h30min. A escola atende 630 estudantes, com sede no bairro Rio Branco, em Caxias do Sul. Segundo a diretora, Katiana Terribile Bertin, os professores ainda não definiram se entrarão em greve.
— Pelo que apontaram até o momento, a ideia será realizar manifestações como esta para mostrar a insatisfação sem prejudicar os estudantes com a falta de aulas.
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