Justamente nesta quarta-feira (16), quando o corpo de Victor Garcia Maciel, 15, foi encontrado, sua irmã Camila Castilhos Garcia Vieira, 26, não participava das buscas. Desde que o adolescente sumiu nas águas do Rio das Antas enquanto pescava com a família, próximo à ponte entre Flores da Cunha e Antônio Prado, ela e outros familiares trabalharam incansavelmente junto ao Corpo de Bombeiros Militar para encontrá-lo.
O corpo foi localizado por volta das 17h30min, a poucos metros do local do desaparecimento, que tem profundidade de aproximadamente de 12 metros. Camila diz ainda não acreditar que seu irmão tenha sido encontrado morto.
— Hoje deu o azar de eu não ter ido. Jamais imaginei que ele estivesse morto, na minha cabeça ainda encontraríamos ele perdido nos matos ou em algum outro lugar. A ficha ainda não caiu — relata.
Camila conta que seu irmão costumava pescar e adorava água, apesar de não saber nadar. No dia do afogamento, ele estava com o padrasto e a mãe, Beatriz Garcia, 41, com quem morava, no bairro Santa Fé. Segundo Camila, desde domingo Beatriz está em estado de choque.
Estudante do 9º ano na Escola Dolaimes Stédile Angeli, Maciel não compartilhava com a irmã mais próxima planos para o futuro, mas ajudava Camila em tudo que precisasse.
— Onde eu ia ele estava comigo, ajudando. Era alegre, sorridente e contagiava todo mundo por onde passava.
Como foram as buscas
Ainda na tarde de domingo os bombeiros de Flores da Cunha deram início às buscas. De acordo com o tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro, responsável pelo 5º Batalhão de Bombeiros Militar (5º BPM) a operação teve continuidade ao longo dos dias posteriores, sendo interrompidas somente durante a noite.
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A família chegou a manifestar seu descontentamento em relação ao empenho dos bombeiros, sobretudo por não terem enviado mergulhadores para auxiliarem nas buscas. O tenente-coronel reforçou nesta quarta-feira que o emprego tático de mergulhadores não era recomendável por questões técnicas.
— Qualquer correnteza que extrapole a velocidade de 5km/h pode representar risco para o mergulhador. Além disso, as águas do rio estavam muito turvas e a busca submersa não nos levaria a nada. Sabemos do momento difícil mas nosso serviço foi feito da melhor maneira possível.
Na tarde de ontem, seis militares de Caxias do Sul, Flores da Cunha, Vacaria e São Marcos, divididos em duas embarcações, realizavam as buscas com apoio de um grupo de 40 pessoas formado por amigos e familiares do adolescente.
William Cabral, 29, professor de capoeira de Maciel, diz ter sido o primeiro a ver quando o corpo do adolescente submergiu. Ele participava das buscas desde segunda-feira e diz ter saltado na água no momento em que avistou o corpo.
— Reconheci pelo corte de cabelo. Ele estava uns 30 metros pra dentro do rio, a primeira coisa que me veio à cabeça foi me jogar na água. Consegui chegar a quase 12 metros dele, mas a correnteza estava muito forte. Nisso as pessoas já tinham informado os bombeiros, então eles desceram com o bote e conseguiram resgatar mais adiante — relata o professor.