Desde a saída de cubanos do programa Mais Médicos, em novembro, pelo menos oito vagas deixadas em aberto na Serra ainda não foram preenchidas. Em levantamento feito pela reportagem em 28 municípios, 19 deles tiveram a saída de 38 cubanos no total, dos quais 30 foram repostos com médicos brasileiros desde o mês de dezembro.
Os outros nove municípios ou não tinham médicos cubanos no programa Mais Médicos, ou não participavam do programa. O levantamento foi feito com 18 municípios acima de 10 mil habitantes e outros dez municípios menores, que são os que têm apenas uma equipe de Estratégia da Saúde da Família (ESF) e que era atendida por médico cubano no programa Mais Médicos, conforme lista informada pelo Conselho Nacional das Secretarias Municipais da Saúde.
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As oito vagas que ainda não foram preenchidas pelo programa ficam em Caxias do Sul (1), Farroupilha (1), Protásio Alves (1), São Marcos (1), São Francisco de Paula (1), Vacaria (1) e Veranópolis (2) - no caso de Veranópolis, no entanto, o município decidiu nomear dois médicos aprovados em concurso para ocupar as vagas; um profissional assumiu o cargo em dezembro e outro em janeiro.
Os outros seis municípios seguem no aguardo na nova chamada, voltada a brasileiros formados no exterior. Os profissionais interessados deste grupo terão os dias 7 e 8 de fevereiro para escolher a localidade onde pretendem atuar no site do programa. Posteriormente, se ainda houver vagas em aberto, a possibilidade será aberta a médicos estrangeiros, nos dias 18 e 19.
Dentre os dez municípios com apenas uma equipe de Estratégia de Saúde da Família ocupada por profissional cubano no Mais Médicos, segundo relação do Conselho das Secretarias da Saúde, sete repuseram o profissional e outros dois, ao contrário do informado pelo conselho, tinham médicos brasileiros atuando e não ficaram com a vaga aberta, casos de Guabiju e Pinhal da Serra. As vagas foram repostas em André da Rocha, Cotiporã, Fagundes Varela, Monte Belo do Sul, Nova Araçá, Santa Tereza e São Jorge.
Já Protásio Alves segue com dificuldades de repor a vaga, essencial para o atendimento de pacientes em casa. Conforme a secretária da Saúde do município de cerca de 2 mil habitantes, Maria de Fátima de Faveri Mezzomo, um profissional de enfermagem acaba fazendo as visitas.
— A falta de um médico afeta demais. Desde a saída da médica cubana, em 23 de novembro, nós só conseguimos fazer visitas de urgência, e a enfermagem que fez. A visita nas casas é importante para atender muitos idosos que estão acamados.
A situação não é pior porque a cidade possui, na Unidade Básica de Saúde, três clínicos gerais, pediatra, psiquiatra e ginecologista. Inclusive, segundo a secretária, foi por isso que um médico de Brasília que havia se inscrito no edital desistiu da vaga, já que ele imaginava que teria a oportunidade de atender uma gama maior de pacientes, o que não é o caso na cidade, por conta da presença de especialistas.
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Em Caxias do Sul, uma das sete vagas deixadas em aberto por cubanos ainda não foi preenchida. Três delas foram ocupadas na primeira chamada, em dezembro, nas unidades Tijuca, Fátima Baixo e Campos da Serra. Outras três foram preenchidas em janeiro, nas unidades do Salgado Filho, Desvio Rizzo e Belo Horizonte. A UBS Esplanada ainda aguarda um profissional.
Em Farroupilha, de duas vagas que ficaram em aberto, uma ainda não foi preenchida na Unidade Básica de Saúde América. A outra vaga, na UBS do bairro Cruzeiro, foi preenchida em dezembro por um médico da Paraíba.
Em São Marcos, de três vagas abertas, duas foram preenchidas na metade de dezembro, mas a terceira segue sem médico, no bairro São José. As vagas preenchidas são as do bairro Industrial, na Estratégia de Saúde da Família Luís Nicoletti, por uma médica do Acre formada em Rondônia; e na ESF do bairro Francisco Donatto, por um médico de São Marcos.
Em São Francisco de Paula, a vaga ainda em aberto é da UBS do distrito de Tainhas, cujos moradores precisam buscar atendimento em outras unidades do município. A outra vaga deixada em aberto, na UBS de Lajeado Grande, foi preenchida por um médico que veio do Mato Grosso.
Em Vacaria, cinco das seis vagas foram preenchidas até o momento. Conforma a assessoria de imprensa da prefeitura, esses cinco médicos dividem o trabalho em 13 unidades de Estratégia de Saúde da Família e duas UBSs. Chegando mais um profissional, o trabalho será distribuído entre os seis. Eles atuam como clínicos gerais; além deles, há outros médicos atuando nas unidades, como ginecologistas, por exemplo.
Entre os municípios com mais de 10 mil habitantes que preencheram as vagas deixadas em aberto na Serra, estão Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Flores da Cunha e Serafina Corrêa - onde a vaga foi ocupada somente em janeiro, já que o profissional inscrito em dezembro desistiu da vaga.
Em Garibaldi, uma situação curiosa: um médico egípcio ocupa uma das três vagas do Mais Médicos, no bairro Santa Teresinha, e as outras duas têm brasileiros. Por isso, o município não chegou a ficar sem profissional no programa. Outro caso é o de Gramado, onde a médica que ocupa a vaga do município é formada em Cuba, mas é brasileira e continuou atuando normalmente. Em Nova Petrópolis, o profissional é brasileiro e não houve falta; em Nova Prata, também não havia médico cubano atuando. Canela e Bom Jesus não participavam do programa Mais Médicos.