Tristeza, dor e culpa. Esses sentimentos têm atormentado os pais de Matheus Moises Mattos Closs, seis anos. O menino morreu no dia 15 de julho, no Hospital Geral, mas a família reclama de negligência no atendimento no Pronto-Atendimento 24 horas (Postão 24h). Na última sexta-feira, o pai do menino, Lindomar Gastão Closs, 60 anos, reuniu forças e registrou ocorrência da delegacia.
Lindomar conta que no dia 25 de junho procurou atendimento médico no Postão após o menino reclamar de dores na barriga, na cabeça e ter febre alta. Após a consulta, saiu com o diagnóstico de virose intestinal. Sem apresentar melhora, no dia 30 de junho, por volta das 22h, os pais levaram pela segunda vez o menino para o Postão. Desta vez, ele permaneceu em observação até o dia 1º de julho. O diagnóstico foi o mesmo: virose intestinal. A terceira passagem de Matheus pelo Postão ocorreu por volta das 23h ainda do dia 1º. Lindomar conta que o filho tinha falta de ar e recebeu oxigênio.
Com o agravamento do estado de saúde, o menino foi encaminhado para o Hospital Geral na madrugada do dia 2 de julho. No mesmo dia à tarde, os médicos realizaram cirurgia de apendicite. Matheus ficou hospitalizado por 14 dias, mas não resistiu. Segundo a certidão de óbito, a causa da morte foi insuficiência renal aguda, infecção generalizada e apendicite aguda.
A secretaria da Saúde, Deysi Piovesan, diz que ficou sabendo do caso pela imprensa e que irá reunir todas as informações na segunda-feira antes de prestar os esclarecimentos sobre o assunto.
A Polícia Civil vai investigar o caso.
"Foi um pesadelo, igual a um filme de terror"
Ainda muito abalados com a morte de Matheus, os pais receberam na tarde de sábado a reportagem do Pioneiro e contaram orgulhosos de como o aluno do 1º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Machado de Assis, no bairro Reolon, era carinhoso, educado e estudioso.
Os dois estão convencidos de que houve negligência no atendimento do filho no Postão 24h. Lindomar diz que o exame de sangue realizado no menino no Postão deu resultado alterado e o médico não solicitou outros testes.
– Vou acionar a Justiça. Por que não fizeram outros exames para ver o que o guri tinha? As três semanas que ele esteve doente e as duas no hospital foram um pesadelo igual a um filme de terror. Não quero que ninguém passe por isso – diz Lindomar, que trabalha como reciclador, na Associação de Recicladores Reolon.
A mãe, Angela Maria de Mattos, 41, também reclama:
– Deixaram o guri oito dias com a apendicite estourada. Os médicos do Hospital Geral disseram que foi descuido deles (no Postão). Não quero que aconteça com outras crianças o que aconteceu com o meu filho. Ninguém sabe a dor que estou sentindo. O guri pedia ajuda.
Lindomar lembra com carinho do filho e diz que o que ele mais gostava era brincar com o irmão de cinco anos. Ele lamenta não ter procura ajuda em um hospital da cidade para o atendimento do filho.
– Meu sentimento é de culpa. De não ter pensado em levar ele para outro hospital. De repente tinha salvado meu filho. A gente só lembrou do Postão.
Angela completa:
– Eu daria tudo para ver o guri aqui dizendo: mãe, eu te amo.
O casal tem mais duas filhas: uma de 15 e outra de 21 anos.
Saúde
Pais reclamam de erro de diagnóstico em menino de seis anos no Postão 24h, em Caxias do Sul
Matheus Moises Mattos Closs morreu de infecção generalizada depois de cirurgia de apendicite. Em uma semana, ele foi atendido três vezes no Pronto-Atendimento
André Tajes
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