Embora a Aeronáutica ainda prefira não relacionar a sobrevivência de três ocupantes que estavam num helicóptero que caiu em Canela a uma questão de sorte ou a uma habilidade do piloto, é fato que as consequências poderiam ter sido graves não apenas para a tripulação como para os vizinhos do local onde ocorreu o acidente, por volta das 12h30min de ontem.
A aeronave pilotada por Leandro Gaudino Leal, 40 anos, despencou sobre um terreno vazio rodeado de moradias, no bairro São José. Na carona, estavam o mecânico de veículos Carlos Alberto Rockenbach Dias, 45, e o outro passageiro Lucas Campos Pinheiro, 25. O helicóptero ficou destruído, mas dois deles sofreram ferimentos leves. Dias, por sua vez, teve lesões no rosto e seria transferido para um hospital de Porto Alegre ainda na noite desta quinta-feira. Pinheiro e Leal receberam alta.
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Piloto experiente, Leal percebeu a pane quando estava a cerca de 300 metros do aeroporto de Canela, onde pretendia pousar. Numa manobra de emergência, conseguiu desviar de casas e prédios para prevenir maiores estragos e salvar vidas. O helicóptero virou de lado sobre um terreno descampado ao lado da pista do aeroporto. Em seguida, as pás da hélice tocaram o chão. Com o impacto, a aeronave rodopiou e tombou sobre um banhado, o que pode ter amortecido a queda.
Os três homens saíram sozinhos da cabine retorcida. Em pouco tempo, foram cercados por dezenas de curiosos. Dali, dois seguiram para o hospital da cidade em ambulâncias. Um deles não recebeu atendimento na hora, mas procurou por conta própria para o médico.
A aeronave é de propriedade da Frisonfly, empresa de Porto Alegre que havia sido contratada para transportar Dias e Pinheiro. O trio saiu de Eldorado do Sul com destino a Canela. Pinheiro e Dias pretendiam desembarcar no aeroporto da cidade serrana, de onde seguiriam para o Hotel Pampas, onde ocorre o 1º Encontro Sul Americano Amigos Land Rover, a poucos metros do ponto do acidente.
A capitã do Serviço Regional de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) do V Comando Aéreo Regional (Comar), Camila Bolzan, esteve em Canela para apurar as causas da queda. A oficial diz que Os destroços serão removidos nos próximos dias para uma base, onde serão analisados.
– Acidentes de helicóptero são sempre muito complexos. Não dá para saber o que ocorreu. Também é difícil medir o que poderia ter ocorrido se tivesse caído em outro local. Leva tempo para a conclusão da investigação – pondera.
O dono da Frisonfly, Alcindo Frison, garante que a manutenção do helicóptero estava em dia. A aeronave é um modelo Robison R-44, fabricado em 2000.
– O ano é esse, mas os equipamentos são trocados sempre, o que faz dela uma aeronave renovada – explica o empresário.
O aparelho não tinha seguro e o prejuízo estimado é de mais de R$ 1 milhão.
_ Vou conseguir aproveitar algumas peças. Felizmente, o piloto e passageiros estão bem _ diz Frison.
A investigação da Aeronáutica deve levar 180 dias.
A reportagem não conseguiu conversar com os ocupantes do helicóptero, que estavam em atendimento médico.