Um vídeo divulgado pelo Ministério Público (MP) mostra com mais detalhes a confusão que envolveu o advogado Mauro Rogério Silva dos Santos, 51 anos, e três policiais militares na noite de quarta-feira, dia 31 de agosto, durante um protesto no centro de Caxias do Sul. As imagens revelam que o advogado desferiu uma cabeçada no sargento Paulo Roberto da Silva Wentz, 45 anos, antes de ser agredido com golpes de cassetete – versão sustentada desde o incidente pela Brigada Militar.
Nas imagens, registradas por uma câmera de vigilância a partir das 22h42min, dois jovens aparecem caminhando por uma rua do centro de Caxias quando são abordados por dois PMs, que os revistam. A suspeita é de que a dupla estivesse pichando prédios com frases contra o presidente Michel Temer. Nove minutos depois, o advogado está na cena, conversando com um policial. Não há qualquer ato de violência. Outros três PMs se acercam e um deles pega no braço de Santos, que o empurra.
Leia mais:
Jovem é preso por tentativa de homicídio após chutar PM em protesto
BM abre inquérito para apurar ação de PMs durante protesto em Caxias
"Ação foi proporcional à agressão que os presos ofereciam", afirma capitão
Após breve discussão, o sargento Wentz se aproxima. Santos, então, desfere a cabeçada contra ele e passa a ser agredido com diversos golpes de cassetetes. Na semana passada, a página do Mídia Ninja no Facebook publicou um vídeo (neste link) cujo início se dava no momento em que os PMs atacaram o advogado. Em entrevista ao Pioneiro na manhã desta quarta-feira, Santos alega que foi agredido antes de dar a cabeçada:
– Se você verificar o vídeo com atenção, verá que eu já estava num ambiente de agressão. Eles já haviam batido em mim antes. Aguarde, deve ter outras câmeras. Eu tentei dialogar. Pedi os nomes das pessoas abordadas e os motivos, não interferi na abordagem. Não respeitaram as minhas prerrogativas de advogado.
"A verdade iria aparecer", fala BM
No tumulto, o soldado Cristian Luiz Preto, 32 anos, acabou atingido na cabeça por um chute, dado por Vinicius Zabot dos Santos, 21 anos, filho do advogado. O jovem foi preso e indiciado por tentativa de homicídio. A BM abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a conduta dos oficiais envolvidos na briga.
– Sempre afirmamos que, com o tempo, a verdade iria aparecer. Aquele vídeo era uma parte dos fatos. Apenas uma versão que não mostrava o início da abordagem (aos suspeitos de pichação) e a primeira agressão sofrida pelos policiais (a cabeçada contra o sargento Wentz). Só aguardamos prudentemente o desenrolar dos fatos. Ressalto que a investigação ainda não está finalizada e confiamos nos órgãos competentes – afirma o tenente-coronel Ronaldo Buss, comandante do policiamento em Caxias do Sul.
Wentz teve três dentes quebrados e fará um tratamento para restauração. O soldado Cristian Luiz Preto ainda está em observação, pois houve suspeita de lesão cerebral. Já o Ministério Público de Caxias solicitou à Justiça "a proibição de acesso ou frequência dele (Zabot, filho do advogado) em manifestações públicas de natureza política ou quaisquer outras que sejam, de regra, acompanhadas pela BM, devendo permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações, e a determinação de remoção de redes sociais às quais pertença de toda e qualquer manifestação de instigação de confronto e violência, assim como de se abster de fazer inserir publicações da mesma natureza, sob pena de as medidas cautelares serem convertidas em prisão preventiva".