Previsivelmente, a mudança da Feira do Livro segue rendendo. Desta vez, quem se manifesta é ninguém menos que a presidente do Conselho Municipal de Cultura, Ana Maria Bastian Alberti. Eis.
"Respondo ao Sr. Marcus Vinicius Gravina que, em seu artigo publicado neste jornal dia 20 de outubro de 2015 'Ex-feira do livro na praça', questiona o parecer do Conselho sobre a retirada da Feira do Livro da Praça Dante: não foi elaborado parecer, pois não houve consulta alguma por parte da Secretaria Municipal da Cultura.
Cidadã nascida em Caxias do Sul, me manifestei incansavelmente de que não concordo com a decisão de retirar a Feira do Livro da Praça.
Já fiz o luto da perda do Carnaval, dos desfiles de 7 e de 20 de setembro.
Ainda inconformada e, por ora, me refazendo, em função da mudança do desfile da Festa da Uva, eu e a cidade recebemos mais uma "decisão de governo": a de que a Feira do Livro irá para o espaço da Secretaria Municipal de Cultura.
Diante deste fato restou-nos abraçar a Feira no domingo passado junto a dezenas de pessoas, não somente como um protesto, mas como um abraço triste que se dá na despedida quando se perde um ente muito querido.
É triste constatar que a alma do Centro está morrendo.
Apoio e elogio as ações de decentralização que acontecem nos espaços culturais da cidade, nos bairros e distritos, previstas no Plano Municipal de Cultura. Basta verificar a rica Agenda Cultural da secretaria.
Mas não apoio retirar o livro, um dos poucos bens que ainda pode mudar algo nesse país, de onde passam as pessoas. Se é para levar a pessoa até o livro, já o fazemos para levá-la até a livraria. Cadê o objetivo primeiro de uma Feira do Livro? Não é fomentar a leitura? Não é incentivar e construir um Brasil de leitores? Não é levar o livro até as pessoas? Sim. E não tirar o livro do alcance delas.
Proponho que se reinicie um debate pacífico entre os livreiros e as autoridades com a inclusão da comunidade para debater democraticamente estas questões. E sugiro que se houver necessidade de parecer técnico, que seja contratada consultoria externa neutra.
Vamos escrever um novo começo? Vamos dar o microfone para os que querem falar e não abafar suas vozes com o volume alto de outros ruídos. Assim se faz democracia, assim se constrói políticas públicas.
Concordo com Gilberto Blume quanto ao fechamento da Júlio na Feira, e respondo sua pergunta afirmando que a Feira do Livro não precisa crescer. Se é que é preciso diminuir custos e adaptar-se ao momento econômico, pedimos sugestões à comunidade e, principalmente, aos livreiros.
Aqui vão as minhas: que voltem a integrar a Casa de Cultura à Feira, afinal a biblioteca mãe está ali. Que o Teatro Pedro Parenti acolha shows e palestras com conforto e sistema de som próprio, sem custo de locação. Que logo seja feito o café da Casa da Cultura com propostas de apresentações artísticas, pois está aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura desde o ano passado. Por que não integrar o Recreio da Juventude que está com uma proposta cultural elogiável, assim como o Clube Juvenil, sempre parceiro? Com um projeto bem planejado e participativo, com a opinião do setor de literatura, dos membros da Academia Caxiense de Letras, da Associação dos Livreiros e voluntários, a Feira do Livro ganha, e a população ganha mais ainda.
Com algumas poucas ações, o sentimento de pertença do caxiense, recentemente abalado, será revigorado e a alma do Centro ressuscitada. Como a prefeitura diz: Curta Caxias! Digo: Curta o Centro de Caxias!"
Opinião
Gilberto Blume: presidente do Conselho Municipal de Cultura se manifesta sobre a mudança da Feira do Livro
Ana Maria Bastian Alberti afirma: é triste constatar que a alma do Centro está morrendo.
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: