Após cerca de cinco horas de depoimento de Roseli de Fátima Pedroso à Polícia Civil, na tarde desta terça-feira, seu advogado protocolou à noite na Justiça o pedido de relaxamento de prisão. Ela está presa temporariamente, desde a noite de segunda-feira, suspeita de envolvimento na morte do marido Ivanildo José Araldi, que estava desaparecido desde 11 de dezembro e o corpo foi encontrado sábado, em Flores da Cunha.
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Segundo o delegado Mário Mombach, os depoimentos dos suspeitos trouxeram novos elementos à investigação. Por causa disso, respeitando a legislação em vigor, o andamento da investigação será mantido em sigilo.
O advogado Ivandro Bitencourt Feijó, representante de Roseli, pretende questionar a veracidade de diversos pontos relatados pelo suspeito de coautoria. Cleverson Alves de Moura, 24 anos, também foi preso na segunda-feira e teria apontado o envolvimento de Roseli no crime.
- É um depoimento complexo, muito detalhado, mas penso que contém muitas questões inverídicas. Entre elas está o valor que teria sido acertado entre as partes, muito pífio - afirma Feijó.
De acordo com ele, Moura afirmou em depoimento que Roseli teria lhe oferecido R$ 7,5 mil para cometer o crime. O valor corresponderia à metade do prêmio do seguro do veículo da vítima, informação contestada por Feijó com base nos bens à disposição de Roseli.
Entenda o caso
Descrito como honesto e de caráter íntegro por amigos e familiares, Ivanildo José Araldi trabalhava havia anos em uma fábrica de persianas em Caxias do Sul.
Cerca de 30 dias antes do sumiço, ele, a mulher e uma filha de sete anos se mudaram da área central para um sobrado no loteamento Paiquerê. O imóvel anterior, mais amplo, havia sido vendido.
Nas últimas semanas, Araldi se mostrava triste e desanimado por problemas pessoais, conforme relatos de colegas. No dia 11 de dezembro, recebeu um telefonema que o deixou ainda mais transtornado. Mencionou a colegas que precisava vender o carro e arrumar dinheiro. Ele não revelou os motivos.
No final da tarde do mesmo dia, três homens foram vistos em um Palio branco numa rua paralela à moradia de Araldi, no Paiquerê. Enquanto um ficou no volante do carro, outros dois desembarcaram assim que o trabalhador passou de carro por eles.
Os dois bandidos caminharam alguns metros para chegar na casa de Araldi. Ambos usavam toucas e um deles estava armado. Araldi foi rendido ao estacionar na frente do sobrado. Dois dias depois, a polícia encontrou o veículo depenado na Estrada Presidente Lucena, no bairro Scharlau, em São Leopoldo.
Na manhã de sábado, o corpo de Araldi foi encontrado por um agricultor em um barranco na Estrada Velha, próximo a sede do Sindicato dos Comerciários, em Flores da Cunha.
Nesta segunda, Cleverson Alves de Moura foi preso pela Brigada Militar no bairro Parque Oásis após denúncia anônima. À noite do mesmo dia, Roseli de Fátima Pedroso foi presa temporariamente por agentes da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) para investigação da suposta participação dela no crime.