Passava pouco das 10h deste domingo quando a dona de casa Iara Silvana Fabro Alves, 51 anos, chegou ao Pronto-Atendimento 24 Horas (o Postão), em Caxias. Uma alergia forte na barriga causava dor e desconforto. Mais de cinco horas depois, ela continuava sentada num dos bancos da abafada e lotada sala de espera. Por volta das 15h, uma funcionária do P.A. afixou um cartaz na parede ao lado da paciente com o seguinte comunicado: "Hoje teremos apenas um médico no plantão. Prioridade para urgências e emergências". Pelo recado no cartaz, a espera de Iara e dos demais pacientes não cessaria tão breve.
- A enfermeira veio aqui há pouco e disse que para quem não está correndo risco de morte não tem médico. Me orientaram para ir atrás de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) amanhã. Mas eu estou doente hoje - criticou Iara.
Havia muita indignação entre os pacientes que aguardavam por atendimento.
- Eu estou péssima, é uma falta de respeito com a gente esta situação. Ninguém está aqui porque quer - reclamou a representante comercial Ana Paula Wolff, 31, que relatava fortes dores no abdome.
- É um total descaso e desleixo com a saúde - criticou Francine Wolff, 33, que veio acompanhando a irmã Ana Paula, por volta do meio-dia. A espera delas já durava mais de três horas.
A secretária municipal da Saúde, Dilma Tessari, disse estar ciente do problema enfrentado no P.A. Conforme ela, o quadro de médicos plantonistas está incompleto.
- Temos chamado pessoalmente alguns colegas para participarem de plantões, também temos contratos emergenciais abertos para contratação de médicos, mas temos tido grande dificuldade de conseguir profissionais nessa área. Estou muitíssimo preocupada, é uma realidade bastante dura - disse a secretária.
Dilma também explicou que os últimos médicos contratados fazem plantões de 12 horas, diferente dos servidores mais antigos, com carga horária de 20 horas. Conforme a secretária, durante a próxima semana estão previstas reuniões para discutir o assunto, porém, não há uma previsão de quando o problema será resolvido.
- Estamos buscando uma solução a curto prazo, de forma funcional, para tornar o plantão mais resolutivo. O Pronto-Atendimento é o lugar que mais nos preocupa, é o mais frágil - aponta Dilma.
A orientação da Secretaria da Saúde é para que pacientes que não estejam com uma situação de saúde muito grave procurem as Unidades Básicas de Saúde, onde o quadro de médicos está completo.
Saúde
Pacientes reclamam da falta de médico no Pronto-Atendimento de Caxias
Durante a tarde deste domingo, apenas um profissional atendia somente casos de emergência
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