O vendedor Ramison dos Santos, 28 anos, estava convencido de que precisava retribuir de alguma forma a vida tranquila e confortável que levava. Soube que uma organização não-governamental procurava pessoas dispostas a apadrinhar afetivamente crianças abandonadas ou retiradas dos pais biológicos. Levado para a casa Sol Nascente, em 2007, topou com Alex Patrick, um garotinho tímido que havia perdido a mãe. A amizade foi imediata.
Saiba mais sobre a história de Alex:
Hoje, o adolescente de 13 anos ostenta com orgulho a certidão onde consta o nome de Ramison como pai. A confirmação da guarda definitiva saiu há seis meses e selou uma aproximação que já durava sete anos.
Antes de conhecer Ramison, o adolescente viveu dois anos e sete meses no abrigo - a mãe biológica morreu por conta de uma doença. Naquela época, era uma funcionária da instituição que o buscava na escola, retirava os boletins e ajudava nos temas. À noite, no quarto coletivo, ele e outras crianças trocavam impressões de como a vida poderia ser diferente. No Natal, a falta de um lar era ainda mais dolorida. Alex e a turma participavam da ceia, abriam os presentes doados e iam dormir. A tão desejada família era sonho distante.
É possível entender então porque o vendedor teve impacto na vida do garoto.
Aos finais de semana, já apadrinhado, Alex frequentava a casa da família de Ramison, participava dos almoços de domingo e eventualmente era companheiro para viagens. A relação evoluiu e o menino começava a enxergar o rapaz como pai.
Ramison não pretendia adotar, mas as particularidades moldaram o futuro da dupla.
Quando padrinho e afilhado se separavam às segundas-feiras, Ramison pensava no futuro do garoto e vice-versa. De tanta saudade, Alex cobrava para ir morar com ele. Um ano depois, a Justiça concedeu a guarda provisória e a criança se fixou na casa do vendedor e da avó Zeneide.
O processo de adoção no Juizado da Infância e da Juventude foi rápido, na opinião do vendedor. Afinal, poucas pessoas se interessam por formar famílias com crianças de idade avançada, caso de Alex. Há dois anos, o rapaz comprou um apartamento e levou o garoto.
A rotina da dupla é típica. Pai e filho são fãs de videogame e colecionam jogos variados. Ramison cursa Biomedicina e Alex planeja ser veterinário. A experiência com Alex tem sido tão gratificante a ponto de o vendedor ter apadrinhado outro garoto no mesmo abrigo.
- O que se pode dizer? Não era minha ideia adotar, ser pai tão cedo. Mas aconteceu e estou muito feliz com meu filho.
O adolescente, por sua vez, gosta de frisar que ele e o pai formam uma família gigante. Neste Natal, deseja a mesma sorte aos outros meninos que ainda estão abrigados.
- Espero que todos estejam bem, que não percam a esperança e rezem bastante para conseguir o que vocês querem.
Deus te ouça, Alex.
Adoção
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Adriano Duarte
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