Quando veste a roupa verde para acessar o bloco cirúrgico, o mastologista e cirurgião Flávio Elias Ribas, 34 anos, reserva um minutinho para uma conversa especial. É nas mãos de Deus que o jovem médico, integrante do corpo clínico do Hospital Pompéia, entrega o paciente que vai operar logo em seguida.
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para os 100 anos do Hospital Pompéia
Em audioslide, confira parte da história do mastologista Flávio Ribas:
- Faço uma oração e digo: "ó, ajuda esse paciente a se curar, a ficar bom". Isso me traz alívio porque sei que não estou lutando sozinho por aquela pessoa. Sei que tem alguém por mim. Eu sinto muita paz em poder entregar para Deus a vida do paciente. Eu fico tranquilo, ele vai estar usando as minhas mãos, vai estar fazendo o trabalho junto comigo - revela Ribas.
A relação de cuidado, compaixão e respeito para com os pacientes, mais do que uma marca pessoal do cirurgião, também é fruto de um longo aprendizado dentro do próprio hospital.
- Eu sempre digo que sou filho do Pompéia. Eu nasci lá em outubro de 1978. Desde criança sempre dizia que queria ser médico. Já no meu primeiro ano de faculdade, em 1997, minha primeira vivência como estudante foi um estágio no Centro Obstétrico do Pompéia. Acompanhei o médico plantonista por algumas vezes, ajudei a fazer partos, acompanhei cesáreas. Foi uma experiência bem intensa e acabei me apaixonando ainda mais pela medicina - revela.
Enquanto o médico não concluía a faculdade, o hospital seguiu uma fonte de aprendizado. No terceiro ano de curso, Ribas voltou ao Pompéia para um estágio voluntário de férias, onde mergulhou na área de cirurgia geral.
- Foi aí que me descobri como cirurgião, realmente descobri que gostava muito dessa área e foquei meus estágios. O contato com os residentes foi especial, eles me acolheram e me ensinaram muito - conta.
Alguém duvida onde o jovem médico fez sua residência? No Pompéia, é claro. Logo após a formatura, em 2002, Ribas passou na prova de residência médica na área de cirurgia. Além disso, fez o estágio final de doutorando também no hospital.
- No primeiro ano de residência, eu entrei em 800 cirurgias. Quando terminei a residência, saí preparado para atuar em qualquer lugar, com a formação que tive aqui - conta Ribas, que também passou pelo pronto-socorro, onde atendeu a acidentados, baleados e feridos de todos os tipos.
- Foi bem gratificante pra mim porque pude ajudar muita gente - completa.
Mas não só gratificação pessoal que o médico ganhou quando atuava no PS.
- Eu atendi um acidentado no meu primeiro ano de residência. Ele teve um rompimento de fígado e precisamos operar. Depois, ele fez mais oito cirurgias. Ficou 30 dias na UTI e 60 no hospital. Quando saiu, me convidou para ser padrinho da filha deles, a Vitória. O paciente foi embora, mas ganhei uma afilhada. Até hoje eu os vejo de vez em quando. Eles moram em outra cidade, mas vêm sempre me visitar - diz, orgulhoso.
Para o mastologista, o Pompéia proporciona um conhecimento diferenciado ao médico em função de seu nível de complexidade.
- Na área de cirurgia geral, por exemplo, é o lugar onde se faz o que há de mais complexo. Além do conhecimento técnico, pelo fato de o hospital trabalhar com o SUS, a gente acumula também um aprendizado humano grande. Quando tu estás com um paciente, tu tem de estar disposto a estar por inteiro com ele, cuidar dele por inteiro. É inevitável que se crie um grau de envolvimento em relação a cuidado, a compaixão, a respeito, isso é inevitável - descreve.
Acolhimento
Dentro do Pompéia, Flávio Ribas também se orgulha de ter ajudado a criar o Instituto do Câncer (Incan), unidade que conta com equipe multiprofissional para atender a todas as necessidades do paciente com câncer.
- O Incan surgiu para atender bem também os pacientes do SUS. O Pompéia tem muito disso, historicamente é um lugar de acolhimento, de proteção, sempre tem lugar para mais um. Quando o paciente consegue ver que realmente tem alguém cuidando bem ele, aí fica mais fácil, ele se entrega mais, fica mais tranquilo, relaxado, porque consegue confiar tanto no profissional quanto na instituição em que ele está sendo atendido - acredita Ribas.
E o futuro do hospital? O cirurgião acredita que o Pompéia vá crescer ainda mais, se especializar em algumas áreas, como a do câncer, por exemplo.
- Acredito que o diagnóstico e tratamento do câncer devem crescer bastante aqui _ palpita.
Além da vida profissional, o hospital também faz parte da história pessoal do médico. A mulher dele, a enfermeira obstetra Virginia Leonardi Ribas, 33, foi funcionária do Centro Obstétrico do Pompéia por alguns anos e compartilhou com ele a correria diária no setor. Há um ano e meio, Virginia e Ribas também escolheram o hospital para ter o primeiro filho, Pietro. No último dia 26 de abril, o casal festejou a chegada de Lívia, que, como o papai e a mamãe, também veio ao mundo no Pompéia.
Experiência profissional
100 anos do Hospital Pompéia: trajetória do cirurgião e mastologia Flávio Ribas foi da residência à criação do Incan
Instituição também foi onde o médico, a mulher e os dois filhos nasceram
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