O Brasil será a sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2027. A decisão veio na madrugada da última sexta-feira em um congresso da Fifa em Bangkok, Tailândia. O País do Futebol superou a candidatura conjunta de Alemanha, Bélgica e Holanda, vencendo por 119 votos a 78.
Os gaúchos vão viver o espírito da Copa do Mundo, pois Porto Alegre será sede com o Estádio Beira-Rio. Esta será a 10ª edição do Mundial Feminino e pela primeira vez será na América Latina e a segunda com 32 seleções participantes. Como anfitriã, a Seleção Brasileira já tem sua vaga garantida e buscará conquistar seu primeiro título na categoria.
O futebol feminino evoluiu muito no Brasil nos últimos anos. Os campeonatos estão cada vez mais profissionalizados, e mais jogadoras surgindo. É um trabalho de formiguinha. Muito se tem para crescer ainda, principalmente na questão salarial, investimento e estrutura. Mas os avanços são vistos. E a Copa do Mundo é uma oportunidade única, como relata a coordenadora do departamento feminino do Juventude, Renata Armiliato.
— É maravilhoso. No meio de tantas notícias ruins que a gente nos últimos dias, uma notícia assim, até deixa um pouquinho o coração mais quentinho. Quem vive futebol feminino, quem trabalha com futebol feminino, eu acredito que essa escolha do Brasil como sede é a cereja do bolo. O futebol feminino estava precisando pra alavancar de vez a o esporte. Depois da notícia, eu não consegui dormir. Fico feliz como ex-atleta — comentou Renata em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
Serão três anos de muito trabalho dentro de campo para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a comissão técnica sob o comando de Arthur Elias. Na questão estrutural pouco se tem a fazer, pois os estádios usados serão os mesmos da Copa de 2014. Mas dentro de campo, muitas jovens vão treinar com o sonho de fazer parte da seleção feminina que pode conquistar seu primeiro título. Engajadas neste sonho, estarão as esmeraldas.
— É uma realidade, eu acredito que não só no Juventude, mas todos os clubes. Temos no Rio Grande do Sul muitas equipes já trabalhando com futebol feminino e a forma como o futebol feminino tá crescendo de um ano pro outro é uma realidade muito próxima. Tivemos uma visita do preparador de goleiros da seleção brasileira, ele fez uma visita há uns quinze dias atrás pra conhecer toda a estrutura — afirmou a dirigente, que completou:
— O Juventude já entrou dentro do radar da seleção brasileira. Nós estamos numa ascendência no campeonato muito boa, a gente até então em 2022 quando nós iniciamos, nós não tínhamos série no futebol feminino, só jogávamos o campeonato gaúcho. Conseguimos uma participação na A3, conseguimos o acesso ano passado, agora estamos disputando uma A2.
A CULTURA MUDOU
Três anos no futebol é um curto espaço. A seleção passou por um processo de renovação que ainda perdura para buscar novas pedras preciosas dentro de campo. Atualmente, mais meninas estão jogando futebol. Renata destaca que chega a receber vídeos de professoras mostrando turmas só com meninas, algo raro em um passado recente.
— Eu jamais podia imaginar seis anos atrás que o Brasil ia ser sede de uma Copa do Mundo, que a gente ia ter um campeonato brasileiro com dezesseis equipes e com três séries ainda feminino. Então, essas pequenas conquistas acabam motivando mais. Eu tenho um sobrinho que ele tem quatro anos, volta e meia as professoras mandam os vídeos da educação física deles e aí ela me mandou um vídeo, ela disse, olha que legal. No meu tempo a gente tinha sempre que tá brigando com os meninos pra poder brincar também. Ela me mandou esse vídeo e tinha uma turma inteira de 15 meninas jogando futebol — destacou.
A oportunidade é real. Então, agora cabe aos clubes, cabe a CBF a ajeitar isso, conseguir encaixar pra que a gente tenha um legado a longo prazo
RENATA ARMILIATO
Coordenadora das esmeraldas
Renata Armiliato jogou futebol desde os seus 12 anos. Foram mais de 25 anos como goleira. No seu tempo era bem diferente de hoje. Ela foi a primeira mulher a aparecer no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF pelo Grêmio.
— O futebol feminino ele já vem há uns cinco, sete anos já mais estruturado no Brasil, então as pessoas já estão mais acostumadas a ver. Nós temos três anos pra ter uma preparação melhor dentro das estruturas dos campeonatos, seja o sub-20, feminina, seja a adulta, seja o sub-15, porque a gente tá falando de três anos. A oportunidade é real. Então, agora cabe aos clubes, cabe a CBF a ajeitar isso, conseguir encaixar pra que a gente tenha um legado a longo prazo — finalizou a profissional.