Sem jogos oficiais desde o dia 28 de abril, um dos desafios do técnico Argel Fuchs é manter a chama da motivação acesa no grupo de jogadores do Caxias. Não é fácil manter uma rotina de treinos, sem partidas oficiais ou até mesmos amistosos. Uma vez que depois de atuar diante do Botafogo, na Paraíba, pela segunda rodada da Série C 2024, o time grená só entrou em campo por 30 minutos no jogo-treino diante do Brasil-Far que teve que ser cancelado pelo mau tempo. Mas para o centroavante Álvaro, o treinador tem conseguido manter os atletas focados nestas três semanas sem futebol.
— O Argel tem lidado super bem, até porque a qualquer momento podemos ter jogos novamente. Então, ele vem trabalhando no intuito de melhorarmos. Temos que melhorar, independente se estivermos jogando ou não, pra podermos começar os jogos estando 100%. Ele vem sempre nos motivando a trabalhar pra podermos chegar no dia do jogo preparados — avaliou o artilheiro.
O Caxias, juntamente com São José e Ypiranga, tentou sensibilizar a CBF a paralisar a Série C por duas rodadas. Mas como não há a maioria de apoio dos demais 17 clubes que disputam a competição, o campeonato seguirá em disputa neste fim de semana em sua quinta rodada.
— Pra jogar é um pouco difícil com toda essa situação. Eu até achei que a Série C iria parar, porque a Série A vai ser paralisada. É difícil você estar próximo do que está acontecendo e jogar. Imagina você jogar, sabendo que tem familiares sofrendo. Eu não tenho familiares aqui no Sul, mas conheço colegas que tem. E você vai jogar, mas a qualquer momento pode receber uma notícia que aconteceu um deslizamento ou alagamento. É difícil de você até se concentrar no jogo. Mas aí, como não vai ter essa paralisação, seguimos trabalhando — revelou o centroavante, que ainda comentou sobre um caso que o emocionou:
— Não é fácil trabalhar sabendo que há muitas famílias que perderam suas casas. Gente que passou a vida toda pra construir sua casa, vem a chuva e leva. É difícil. Até comentei essa semana que tem um casal de senhores no mesmo prédio que o meu, que perderam a casa. Eles vinham de Canoas. Aí alugaram um apartamento lá no prédio. Falaram que perderam tudo. Infelizmente, a água veio e levou tudo. Isso aí eu acho que nós, quando voltar o futebol, temos que ver esse lado pessoal pra ser uma coisa que possa nos motivar mais.
Com muitas dificuldades após as enchentes, Porto Alegre é uma das cidades mais afetadas pela tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul. A cidade foi a casa de Álvaro quando era atleta do Inter, entre 2017 e 2019.
— Eu morei lá dois anos. Não imaginaria a situação que está hoje. Conheço algumas pessoas, mas as que eu conheço não tiveram alagamentos onde moram. Mas mesmo sem você conhecer, só em você abrir a rede social, ligar a TV, você vê situações que você realmente não imaginaria. Mas eu creio que, se Deus quiser, logo a gente vai reconstruir tudo novamente.