
O futebol é muito dinâmico mesmo. A prova concreta dessa antiga frase é o próprio técnico Roger Machado. No começo do mês de março, o Juventude foi derrotado pelo Inter, no Estádio Alfredo Jaconi, pelo placar de 2 a 1. Após o jogo válido pela primeira fase, a pressão sobre o técnico aumentou e parte da torcida pedia a sua saída do comando do time.
O mês passou e o próprio treinador se reinventou. Ele conseguiu fazer o time se reencaixar e está na final do Gauchão. Tudo isso em menos de 30 dias. Após garantir presença na grande decisão, ao derrotar o Inter nos pênaltis, o técnico falou sobre o momento vivido.
— Os altos e baixos são normais do campeonato. Não se pode, nos altos e baixos, o ambiente externo querer eliminar os altos e baixos tirando o treinador. Como há 15 dias atrás, internamente eu estava muito fortalecido, mas eu sei que estavam pedindo para que eu saísse. Então, é uma construção, não se consegue em dois meses. É um trabalho que no futebol brasileiro se pede urgência sempre, mas não se consegue sem tempo para trabalhar. A sensação é de, até esse momento, o dever cumprido. Mas nós queremos mais - declarou Roger Machado
Após comandar o Grêmio em 2022, quando foi campeão gaúcho, o treinador não trabalhou na temporada de 2023. No seu retorno ao futebol, o treinador novamente está em uma decisão de campeonato. Roger disse que aproveitou o tempo para se reciclar e estudar.
— Fiquei um ano parado, dei aula na CBF, reciclei, estudei, me considero um profissional competente. Estou à frente de um grupo de jogadores que tem muita fome. Isso foi mostrado desde o primeiro jogo. Embora a oscilação tenha gerado um pouco de instabilidade no trabalho, mas os resultados voltaram a aparecer. E isso valoriza a todos —afirmou o técnico, que também citou a participação de um personagem importante na comissão, o preparador físico Paulo Paixão:
— Com relação ao Paulo, ele sempre é importante dentro do trabalho. Ele é o meu preparador físico, é aquele que me ajuda também a gerir o grupo. É um cara de seis Copas do Mundo, de inúmeros títulos coletivos e individuais, e que sabe se mover dentro do vestiário com a maestria que poucos têm. Então, ele é fundamental dentro do meu trabalho.
FOME DE EVOLUÇÃO
O Juventude realizou em pouco mais de dois meses 16 jogos. Além das finais do Gauchão e a terceira fase da Copa do Brasil, o time terá mais 38 rodadas da Série A do Brasileiro. O próprio Roger Machado sabe que o desafio do ano está só começando. Ele precisará ter um elenco mais robusto para a disputa da elite nacional, mas valoriza o fato de ter um grupo com fome de evolução.
— Eu acredito muito que o treinamento evolui o jogador. Durante muito tempo, acreditei que eu deveria trabalhar pro futebol brasileiro, mas o futebol brasileiro não quer mudar na velocidade que eu desejo. Se trabalhar pelo atleta pra ele evoluir, eu vou estar trabalhando igual na cadeia do futebol, vou estar ajudando o clube e, por consequência, o futebol brasileiro. Então o que dá a satisfação é justamente perceber que os atletas ficam ansiosos pra chegar no dia a dia do clube, para saber qual atividade que a gente vai proporcionar — refletiu Roger, que completou:
— Eles sabem que esse alimento vai fazê-lo estar bem nutrido no que diz respeito a tática, técnica, física, emocional. E isso vai refletir no campeonato, que é um campeonato muito longo, é duro. Tudo isso pra que a gente faça um Campeonato Brasileiro forte, com o objetivo de manter o clube na primeira divisão.