O torcedor do Caxias conta as horas para a grande final do Gauchão no próximo sábado (8), às 16h30min, na Arena, contra o Grêmio. Já que não é possível acelerar o tempo, retornamos ao passado e relembramos a épica conquista de 2000, quando o time comandado pelo técnico Tite soltou o grito de campeão em pleno Estádio Olímpico. O grená de Gilmar, Paulo Turra, Gil Baiano, Jajá e Adão segurou o tricolor de Ronaldinho, Astrada, Paulo Nunes e Zinho.
Após vencer a partida de ida por 3 a 0 em Caxias do Sul, o time suportou a pressão da torcida tricolor na capital. O empate em 0 a 0 garantiu o título ao grená. O centroavante Adão estava em campo e relembra o diferencial daquela equipe.
— A gente tinha a união do grupo, que era muito forte. Além disso, a gente gostava de estar junto. Isso fez a diferença. Era um campeonato mais longo, e a gente conseguiu fazer essa diferença ao longo da competição, porque dava a oportunidade de se reabilitar. No início, a gente não tinha engrenado. Classificavam oito e nós ficamos em oitavo na primeira fase. Depois, conseguimos engrenar — relembra o ex-centroavante.
Novamente, o Caxias decidirá um título em Porto Alegre. Em 2020, a equipe esteve muito perto de ser bicampeã. Faltou um gol para o Caxias alcançar o objetivo na Arena. No sábado, mais um estádio lotado espera o elenco grená. O ex-jogador diz o que foi determinante para superar um ambiente totalmente adverso.
— A gente tinha um time maduro e conseguimos segurar a pressão inicial. Nós sabíamos que se a gente segurasse no início, iria virar contra eles. Então, nós conseguimos. No segundo tempo, a torcida cobrou muito do time deles. Isso foi positivo e o Caxias soube tirar proveito — afirmou Adão, que vê o atual Caxias com um modelo diferente do time de 2000:
— São modelos diferentes. O time do Thiago Carvalho segura um pouco mais e nós tínhamos uma equipe que ia mais para frente. Nós tínhamos jogadores que definiam o jogo, como o Jajá, o Gil Baiano. Então, tínhamos mais jogadores que definiam os confrontos.
Apesar das diferenças, algumas semelhanças são encontradas. Na época, o jovem técnico Tite ganhou destaque com o título estadual. Hoje, Thiago Carvalho busca a mesma vitrine.
— O Tite era um treinador muito motivador e dava muita moral. Não importava quem era, ele dizia que era o melhor e o jogador acreditava. A gente observa que o Thiago tem o grupo na mão. Os jogadores atuam com garra e determinação, como a torcida gosta. A gente vê que eles entendem rápido aquilo que o Thiago pede — analisou Adão.
"EU ESTAVA LÁ"
O torcedor grená Guilherme Mariani, 42 anos, estava na fria noite de 21 de junho, no Olímpico. Com a camisa do time de 2000 nas mãos, o torcedor recorda de cada momento vivido no primeiro título Gaúcho.
— Aquele momento foi especial. Uma pena não termos os celulares e poucos registros fotográficos. Quem estava lá, fica o registro na memória. Era uma noite fria de inverno. Fomos com um resultado muito bom. 3 a 0 em casa dificilmente se perde um título. O time se comportou bem em Porto Alegre. A memória que fica é também do pênalti batido pelo Ronaldinho e o Gilmar fez uma defesa espetacular. Foi o êxtase da torcida. O silêncio do Olímpico contrastado com o barulho da torcida grená não sai da cabeça.
O silêncio do Olímpico contrastado com o barulho da torcida grená não sai da cabeça
GUILHERME MARIANI
Torcedor do Caxias vibrou no Olímpico em 2000
Há 23 anos, o Caxias teve de parar Ronaldinho Gaúcho para ser campeão. Inclusive, o goleiro Gilmar defendeu um pênalti do craque gremista quando o jogo se encaminhava para os minutos finais. Agora, o time de Thiago Carvalho terá a missão segurar Luis Suárez. Nos primeiros 90 minutos, o ídolo da torcida do Uruguai não conseguiu balançar as redes de Bruno Ferreira.
— São dois ícones do futebol. Coube ao Caxias parar Ronaldinho Gaúcho e agora cabe a nós parar de novo um ídolo como o Suárez, o quinto maior artilheiro do mundo. O Caxias soube segurar ele no primeiro jogo e o Caxias tem uma zaga experiente. Não acredito que ele tenha vida fácil. Só no nome ele não jogará contra nós — afirmou o torcedor grená.
Mariani vê o time do Caxias experiente, como em 2000. Das arquibancadas do Estádio Centenário, também observa um elenco forte mentalmente para a decisão. Ele não acredita que o grená irá se abalar por não ter conseguido fazer uma vantagem como na final do Gauchão passado. Inclusive, já tem sua aposta sobre quem irá decidir na capital.
— É aquela coisa mais passional de torcedor. Eu gosto muito do Eron. Eu acho um jogador sanguíneo e que vestiu a camisa, apesar de não ter característica de centroavante, mas ele entrega. O que o treinador pede, ele entrega — afirmou Marini, que estará na Arena no sábado:
— Presença confirmada, ansioso. Já organizamos a excursão da nossa turma. Sábado de manhã saímos daqui para voltarmos de noite com a taça. Vou com a camisa de 2000. Eu uso geralmente um outra que dá sorte. Vou usar as duas então para trazer mais sorte ainda (risos). A torcida do Caxias merece. É uma torcida resiliente, que nunca abandou o clube. Eu vejo no rosto do torcedor a esperança. O título é muito importante para torcida que sofre todos esses anos.