2022 definitivamente não foi um bom ano para o Juventude. O Verdão quase foi rebaixado no Campeonato Gaúcho. No Brasileirão, não teve quase. Caiu por conta do investimento inferior aos demais adversários e também pelos inúmeros erros cometidos na atual temporada. Para 2023, uma reformulação na direção e no futebol buscarão corrigir a rota para fazer uma boa campanha na Série B e nas demais competições.
Com cinco rodadas de antecedência, o Juventude foi rebaixado para a Segunda Divisão nacional. Ao contrário do ano passado, quando chegou até a última rodada na luta contra o descenso, neste ano, o time não mostrou força para lutar até o fim. O rebaixamento matemático aconteceu nesta 34ª rodada, mas o time já estava virtualmente na Série B há algum tempo.
Na atual temporada, o Juventude teve uma troca recorde de treinadores na comparação com os últimos anos. Além disso, insistiu em jogadores que não deram resposta, errou nas reposições de atletas, treinador e diretor-executivo. Esses foram alguns dos pontos selecionados pelo Pioneiro para tentar entender os motivos que levarem a queda para a Segunda Divisão nacional.
ERROS DO JUVENTUDE EM 2022
1 - Troca frequente de treinadores
Nas três temporadas em que o departamento de futebol do Juventude esteve no comando do ex-vice-presidente Osvaldo Pioner, nunca o Verdão teve tantas trocas de treinadores. Neste ano, o Ju teve cinco técnicos. 2022 começou com Jair Ventura, que foi demitido após o começo ruim no Gauchão. Eduardo Barros assumiu interinamente no Estadual.
Para o último jogo do Gauchão e visando o Brasileirão, foi contratado Eduardo Baptista. O comandante teve bons desempenhos nas rodadas iniciais da Série A, mas os resultados pesaram para a troca. Com isso, chegou Umberto Louzer, que pouco conseguiu fazer para o time reagir. Por fim, Lucas Zanella, auxiliar-técnico da comissão permanente, assumiu após a queda de Louzer.
2 - Erro na montagem do elenco
A montagem do elenco para 2023 começou com alguns equívocos. Após a permanência na elite nacional, a direção acertou as renovações de jogadores que foram irregulares na temporada passada. Contestado pelo torcedor, o zagueiro Rafael Forster continuou. Chico, autor do gol da vitória contra o Corinthians, se mostrou um jogador limitado no ano passado, mas mesmo assim permaneceu e em muitas oportunidades virou a solução do meio-campo. Outra insistência foi com o meia-atacante Bruninho, que pouco contribuiu em 2022, renovou para 2023 e durante a temporada foi renegociado. Já William Matheus e Ricardo Bueno, que até mereciam uma sequência, jogaram bem menos do que no ano anterior.
3 - Insistência
Além de errar na manutenção e na contratação de alguns jogadores, o Juventude insistiu demais durante a temporada em jogadores que pouco contribuíram e outros que até comprometeram em determinados jogos. Os zagueiros Rafael Forster e Paulo Miranda, o lateral-esquerdo William Matheus, o meia Marlon e o atacante Guilherme Parede são alguns dos exemplos.
4- Poucas contratações
Após a péssima campanha no Campeonato Gaúcho, com o quase rebaixamento, o Juventude promoveu poucas mudanças no elenco. Durante a intertemporada para o Brasileirão, a direção contratou nove nomes: os zagueiros Thalisson e Vitor Mendes, o lateral-esquerdo Busanello, os volantes Yuri e Jean Irmer, o meia Marlon, e os atacantes Edinho, Paulinho Moccelin e Óscar Ruiz. Desses, Busanello e Moccelin deixaram o clube durante a competição, Yuri foi "arquivado" em determinado momento da Série A, e Marlon e Edinho pouco jogaram por conta das lesões e do baixo desempenho.
5 - Nova janela insuficiente
A segunda janela nacional de transferências, entre os dias 18 de julho e 15 de agosto, teve sete contratações do Juventude. Poucas deram resultado. Chegaram para o elenco: o goleiro Pegorari, os zagueiros Nogueira e Renato Chaves, o volante Anderson Leite, o meia Bruno Nazário, e os atacantes Vitor Leque e Felipe Pires. Somente Pegorari foi titular em boa parte do returno. Entre os demais, Bruno Nazário foi quem mais e melhor atuou.
6 - Michel Alves
Com a saída de Eduardo Baptista na 13ª rodada, o Juventude definiu também uma mudança no gestão do departamento de futebol. Marcelo Barbarotti foi demitido e Michel Alves foi contratado para ser o diretor-executivo. Em nada acrescentou. O profissional se limitou a entrevistas ruins, com respostas evasivas e sem conteúdo, quando questionado sobre contratações e responsabilidade no rebaixamento.
7 - Umberto Louzer
O treinador foi contratado com a missão de melhorar o Juventude, após a saída de Eduardo Baptista. No primeiro jogo, o 0 a 0 diante do São Paulo, no Morumbi, deixou uma boa impressão. No entanto, com o passar dos jogos, a equipe regrediu no desempenho e fez partidas apáticas e descomprometidas. O treinador não repetia a formação, trocava peças e esquemas e não conseguiu dar um padrão ao time. No comando do Juventude em 16 partidas, Louzer teve apenas uma vitória, seis empates e nove derrotas, com aproveitamento pífio de 18,75%.
8 - Fator Jaconi
O grande diferencial do Juventude para a permanência na Série A em 2021 foi o fator Alfredo Jaconi. Em 19 jogos em casa, foram 33 pontos, dos 46 somados no Brasileirão. No total foram nove vitórias. Um aproveitamento de 57,9%. Nesta temporada, até o momento, são 17 jogos em casa, com somente duas vitórias.
9 - Justificativas furadas
O desempenho ruim do Juventude dentro de campo, especialmente no segundo turno, não se refletia nas entrevistas do técnico Umberto Louzer e do diretor-executivo Michel Alves. Em suas justificativas, o treinamento durante a semana era muito bom. O dia a dia era ótimo. No entanto, os resultados não condiziam com o trabalho tão valorizado.
10 - Falta de uma liderança técnica
O Juventude demonstrou muitas fraquezas técnicas durante o Brasileirão. Exemplo disso foi a alta rotatividade da braçadeira de capitão. O Ju dificilmente teve um capitão fixo, pela falta de uma liderança técnica e até liderança de personalidade no elenco alviverde.
11 - Carência de um camisa 10
O Juventude não teve um jogador protagonista no meio-campo para atuar como um camisa 10. A esperança ficou em Bruno Nazário, contratado na segunda janela de transferências. No entanto, a resposta não foi satisfatória. Em diferentes formações, Chico, Marlon ou atacantes que atuaram recuados não agregaram qualidade ao setor.
12 - Apostas erradas
Em um clube com recursos menores do que os demais, é preciso apostar. Fazer empréstimos e contratar jogadores que estão em ascensão ou que são pouco utilizados em algum clube maior. Na atual temporada, foram raros os acertos alviverdes. Darlan e Paulo Miranda vieram do Grêmio para serem referências, assim como Guilherme Parede, que estava no futebol argentino, e Busanello. Todos fracassaram, ainda no Gauchão. Depois, chegaram como status de brigar pela titularidade Vitor Leque, Edinho, Marlon, Anderson e Felipe Pires, entre outros, que não acrescentaram qualidade ao grupo.