O segundo rebaixamento efetivo do Juventude no Campeonato Brasileiro, confirmado após a derrota para o Atlético-MG, na quinta-feira (27), tem características bem diferentes da primeira vez em que o Juventude caiu para a Série B, em 2007. Em 1999, o Papo seria rebaixado pela média de pontos entre aquele ano e a temporada anterior, dentro dos esdrúxulos regulamentos que já passaram pelo Brasileirão — o Ju só não jogou a Série B em 2000 por conta da criação da Copa João Havelange, sendo convidado para o Módulo Azul, a Primeira Divisão daquele ano.
Em 2007, o Campeonato Brasileiro já contava com 20 times. Em 38 partidas, o Juventude conquistou 41 pontos, com 11 vitórias, oito empates e 19 derrotas. O ataque alviverde marcou 43 gols, enquanto a defesa foi vazada em 65 oportunidades.
Na atual temporada, mesmo ainda faltando quatro jogos para a conclusão da competição, o time alviverde não alcançará o número de pontos e, a não ser que aplique quatro goleadas, o de gols marcados. A marca de gols sofridos, no entanto, deve ser ultrapassada antes mesmo da partida final da temporada, contra o Ceará, no dia 13 de novembro. São apenas 21 pontos em 34 jogos, com três vitórias, 12 empates e 19 derrotas. O ataque alviverde marcou apenas 26 gols e sofreu 61.
Outra marca negativa superada em 2022 é a antecedência do rebaixamento matemático. Na primeira vez em que caiu, a queda oficial só veio na penúltima rodada, após a derrota por 3 a 2 para o Fluminense, no Maracanã. No final, o time acabou em 18°, com 41 pontos. O time atual é rebaixado na 34ª rodada e dificilmente deixará a lanterna do Brasileirão.
Um dos pontos que foi considerado decisivo para o Juventude despencar da Série A para a D em curto espaço de tempo a partir de 2007 foi o grupo inchado e tentativas desesperadas de contratações à época. Naquele ano, foram 53 jogadores utilizados, com quatro treinadores — Ivo Wortmann, Flávio Campos, Beto Almeida e Cláudio Duarte. Além disso, uma série de equívocos, expectativas frustradas quanto a possíveis investidores estrangeiros, e situações extracampo, que incluíram antidopping, presença de um guru no dia a dia do clube e conflitos entre técnicos e atletas foram determinantes para o rendimento da equipe.
No atual Brasileirão, foram 40 jogadores até o momento e três treinadores - Eduardo Baptista, Umberto Louzer e Lucas Zanella. Desse número, três são goleiros, enquanto em 2007 Michel Alves atuou em todos os jogos.
O ponto principal para o Juventude está na forma como conduzirá as próximas temporadas. Em 2008, com um discurso de retorno imediato à elite, o Papo chegou a namorar com o acesso em parte da competição, terminando o campeonato na 8ª colocação, com 56 pontos, sete a menos que o Grêmio Barueri, que subiu em quarto lugar. Porém, no ano seguinte, erros de planejamento e a montagem de um grupo heterogêneo custaram o rebaixamento para a Série C e um buraco que parecia não ter fim no Estádio Alfredo Jaconi.
Após a reconstrução do clube e a volta ao convívio dos grandes por duas temporadas, será preciso equilíbrio para não correr o risco de colocar novamente a instituição em uma das divisões inferiores do futebol brasileiro.