O Juventude está na reta final do Gauchão Feminino. Depois de uma campanha quase irretocável nas duas fases anteriores, as Esmeraldas têm o adversário mais difícil pela frente: o Inter. Atuais vice-campeãs brasileiras e tricampeãs estaduais, as Gurias Coloradas têm a vantagem por terem vencido a partida de ida, por 2 a 0, em Caxias do Sul. Portanto, para seguir em busca do título, o time da Serra precisa ao menos devolver o placar para forçar a decisão nos pênaltis neste sábado (29), às 15h, no Sesc Protásio Alves, em Porto Alegre.
Para isso, também precisam fazer história. Afinal, o Inter não perde um jogo no Gauchão desde 3 de dezembro de 2017, quando foram derrotadas pelo Grêmio na primeira partida que decidiu o Estadual — depois, acabaram revertendo o resultado e sendo campeãs. Na temporada, o time de Maurício Salgado também tem ótimos números como mandante. Em 15 jogos, são oito vitórias, seis empates e apenas uma derrota (em fevereiro, para o Real Brasília).
O Juventude sabe bem o adversário que terá pela frente, mas também tem conhecimento de tudo que já fez neste Estadual. Em 2022, as Esmeraldas atingiram a maior sequência invicta de um time do Interior na competição: foram 10 partidas sem perder no Gauchão, com oito vitórias e dois empates. Além disso, também foram as primeiras a tirar pontos da dupla Gre-Nal durante o campeonato, no empate em 1 a 1 com o Inter.
— A gente nem imaginava no começo (fazer tudo isso). O nosso objetivo com certeza era outro. Estamos treinando muito em cima dos nossos adversários. Todo jogo, disputamos como se fosse uma final. Acho que esse é o diferencial (para os resultados positivos) — entende a meia Bia Leal.
No Ju desde o início da temporada, Bia também disputou o Brasileirão nas categorias sub-20 e A-3. Participou de todo processo evolutivo junto com o time — já são 13 partidas e um gol. Agora, consegue colher os frutos de uma carreira que se iniciou lá em 2017.
— Ninguém da minha família joga. A minha mãe, inclusive, nem entende de futebol (risos). Em 2017, teve a primeira peneira do Inter, aquela que reuniu mais de 700 gurias, foi em março, perto do meu aniversário, e falei que queria participar de presente. Passei e foi um período de muito aprendizado. Minha mãe sempre me apoiou muito — lembra a jogadora em entrevista à GZH.
Foi no rival deste sábado que Bia iniciou no futebol. Integrou a categoria sub-15 até que decidiu parar de jogar, em 2019. Mas isso durou pouco. No ano seguinte, veio o desejo de retornar, fez um novo teste no Inter, chegou a treinar com as gurias que depois foram campeãs brasileiras pela base e com grandes estrelas como Fabi Simões. Até que, nesta temporada, chegou ao Juventude.
— O meu empresário conversou com o Luciano (Brandalise, técnico), falou de mim para ele. Depois, conversei com ele, me chamou para passar por uma semana de testes em Caxias. E deu tudo certo — conta Bia.
Estamos com a cabeça no lugar e faremos um bom jogo
BIA LEAL
meia do Juventude
Agora, a meia enfrentará o ex-time pela segunda vez — no empate da segunda fase, estava lesionada e, portanto, jogou apenas alguns minutos do duelo de ida das semifinais. As gurias sabem bem a missão difícil que terão pela frente, mas também conhecem a força do grupo.
— Vamos com os pés no chão e a cabeça no lugar para fazermos um jogo competitivo. Sabemos que o Inter está anos luz na nossa frente e, inclusive, nos espelhamos muito nelas. Mas estamos com a cabeça no lugar e faremos um bom jogo — almeja a meia.
Independente do resultado deste sábado, as Esmeraldas terão uma decisão pela frente. Se vencerem, disputarão o título. Em caso de eliminação, buscarão a taça do Interior. Mas isso ainda não entrou em debate no vestiário alviverde.
— Estamos com a cabeça totalmente no Inter, para fazer um bom jogo, entregar uma boa partida para a torcida. Depois, pensamos nisso — explica.
A verdade é que a temporada está no fim para as gurias do Ju. Elas sabem que, no curto período desde a reabertura de departamento, já fizeram história. Alcançaram marcas que ficarão registradas no futebol feminino gaúcho e servirão de incentivo para alçar voos ainda mais altos.