No dia 19 de abril, durante encontro com a imprensa, o presidente Paulo Cesar Santos, do Caxias, confirmou a contratação do atacante Cristian Dal Bello, 22 anos. O atleta estava no Zorya, da Ucrânia, e por conta da guerra no país do leste europeu, retornou ao Brasil. No entanto, desde a chegada do atleta, o clube sempre encontrou dificuldades para realizar o registro dele. Dois meses depois, sem solução e sem estrear com a camisa grená, Cristian deve retornar ao clube que ele tem contrato.
— O Cristian, infelizmente, o Zorya mandou uma carta. Sexta-feira, o grupo de empresários me ligou e disse que o Zorya quer que ele se apresente na Polônia no final do mês. O atleta não pensa em voltar, mas ele tem um contrato. Tentamos de todos os jeitos, tudo que era para ser feito, advogados do clube e auxilio de fora, porque era uma exceção do Cristian. O maior prejudicado foi ele, que agora precisa voltar literalmente para a guerra — disse Filipi Cruz, gerente de futebol do Caxias.
A Fifa confirmou, em março, uma janela de transferências especial para jogadores estrangeiros que atuavam na Ucrânia e na Rússia. No entanto, essa janela fechou no dia 7 de abril. Cristian chegou ao Caxias no dia 19. A direção do Caxias buscou uma exceção para que o atacante fosse inscrito para atuar na Série D. Não conseguiu. Além disso, encontrou muitas dificuldades de contato com o Zorya, clube ucraniano.
— Se é para achar um culpado, sou eu. Contratação é comigo. Se é para ter culpado, não tem problema. A responsabilidade é minha. A gente tinha alguns embasamentos, desde o princípio. Ele viria por empréstimo, depois trocou toda a diretoria do Zorya e não conseguimos mais contato. Depois seria uma rescisão de contrato, depois iriam emprestar de novo. Nosso último contato foi com uma advogada e simplesmente disse que esperaria até o dia 30 e não falaria mais. Ela levava sete dias para responder o e-mail. O Leandro (funcionário) e a doutora Juliana incansáveis procurando solução. Se precisa de um culpado, pode colocar na conta do Filipi. Minha maior preocupação é o menino que vai voltar para a guerra — admitiu Filipi Cruz.
Formado no Brasil-Pel, Cristian voltou para o Rio Grande do Sul depois de muitas dificuldades. Ele teve que sair na madrugada, atravessar a Ucrânia de trem, caminhar mais de 70km até a fronteira com a Polônia e só conseguiu deixar o país em conflito após a intervenção de uma ONG. Agora, terá que voltar ao seu clube. Com isso, o Caxias estuda a possibilidade de contratar outro atacante.
— O grupo é muito qualificado. Repor a saída do Cristian, vamos conversar com o Tiago Carvalho sobre essa questão. O Cristian não teve nenhum custo ao clube. O Caxias fez um documento que ele só teria custo ao clube a partir do momento que o contrato fosse efetivado. Se ele não atuar com a camisa do Caxias, a gente, pelo menos, trouxe alegria para um atleta que caminhou 17 horas com uma mochila nas costas e ficou 10 dias numa guerra — finalizou Filipi Cruz.