A chegada do atacante Cristian ao Caxias é cercada de uma história de superação. Aos 22 anos, o jogador estava no Zorya, da Ucrânia, e precisou deixar o local às pressas após o início dos conflitos entre o país e a Rússia, no final de fevereiro.
Formado no Brasil-Pel, Cristian precisou abandonar momentaneamente o sonho de jogar na Europa e voltou para o Rio Grande do Sul depois de uma verdadeira epopeia. Após sair na madrugada, atravessar a Ucrânia de trem, caminhar mais de 70km até a fronteira com a Polônia e só conseguir deixar o país em conflito após a intervenção de uma ONG, o jogador espera pelo momento de voltar para o futebol.
- A gente não sabia do que iria acontecer lá. O pessoal do clube nos passava que estava tudo tranquilo, tudo bem. Para eu superar esse momento, só quando cheguei no Brasil, onde tinha meus pais, minha família, meus amigos. Foram essas pessoas que fizeram eu esquecer realmente os problemas que passei lá. E agora estou bem, tranquilo, a cabeça está boa e pronto para novos desafios - disse Cristian, que vê na possibilidade de jogar uma forma para deixar para trás o sentimento do que viveu de ruim na Ucrânia:
- Para mim, o futebol sempre foi uma questão de esquecer os problemas, de aliviar a mente. Acredito que eu voltando a jogar, a estar em atividade, vou esquecer esses problemas e vou superar bem. Na verdade, já estou pronto para jogar, para ajudar meus companheiros e a equipe.
Os quase dois meses desde que deixou a Ucrânia, quando estava próximo do reinício dos campeonatos locais, não foram de descanso para Cristian. Do contrário. O atacante não quis esperar muito para seguir as atividades e logo retomou os treinamentos:
- Quando cheguei no Brasil, tenho um amigo em uma academia e faz (treinamento) funcional. Cheguei, dei uns três dias para dar uma respirada e comecei a treinar. Fiquei esses quase dois meses treinando na academia. A questão agora é mais a questão de treino com bola, campo aberto para eu voltar na forma que preciso.
No Caxias, Cristian sabe da pressão que viverá pelo acesso. Após três temporadas como profissional no Xavante, o jogador imagina que terá situações similares no Estádio Centenário.
- A torcida do Brasil é bem fanática mesmo, mas acredito que a do Caxias não é diferente. Joguei algumas vezes contra e sei que são bem fanáticos. Acho que são detalhes que faltam para o Caxias subir, são pontos negativos e que podem ser acertados. Acredito que com o trabalho do professor (Luan Carlos) e os companheiros, conseguiremos o acesso.