Por volta de 14h deste sábado (26), o jogador de futebol Cristian Daniel Dal Bello Fagundes, de 22 anos, iniciou uma jornada para sair da Ucrânia junto com outros atletas brasileiros. O país chegou ao terceiro dia sob intenso ataque do exército da Rússia, sobretudo na capital Kiev.
Natural de Passo Fundo, no norte do RS, o gaúcho conta que partiu de trem da cidade de Zaporizhzhya, onde vivia. Ao chegar a Lviv, entretanto, o grupo, composto por cinco pessoas, incluindo uma mulher e uma criança de três anos de idade, deparou-se com um congestionamento no trânsito e optou por atravessar a cidade a pé.
O destino dos cinco é a Polônia. Cristian relata que o grupo quase perdeu o trem para sair de Zaporizhzhya, que fica a cerca de 500 quilômetros de Kiev. O brasileiro chegou à Ucrânia há cerca de quatro meses para jogar no Zorya, de Luhansk.
— Enquanto estávamos lá, a cidade ainda não tinha sido atacada, mas teve uma evacuação de emergência e colocaram um trem à disposição. Quando soubemos, faltavam 10 minutos para esse trem sair, mas nós morávamos a 20 minutos da estação. Conseguimos um motorista para chegar até a estação e, por sorte, o trem atrasou — lembra o jogador.
Ao chegar na cidade de Lviv, onde ainda não ocorreram ataques, o grupo conseguiu outro motorista para conduzi-los. No entanto, um congestionamento impediu o prosseguimento da rota de fuga para o país vizinho de carro.
No caminho, o grupo enfrentou as baixas temperaturas do inverno ucraniano, que podem chegar a -5°C. Segundo o jogador, todos os hotéis estavam lotados e as lojas de conveniências não permitem que as pessoas permaneçam em seu interior, por isso a caminhada não pôde parar.
— Estamos desde as duas horas da tarde caminhando e agora já é 1h da manhã. Paramos em um posto para tomar uma água e descansar um pouco. Está todo mundo muito cansado mesmo. Mas a gente vai chegar, se Deus quiser — comenta.
O atleta ressalta que mantém contato direto com a família no Brasil para atualizá-los da situação. Sobre o destino do grupo, há mais dúvidas que respostas. Cristian explica que eles seguem caminhando em direção à Polônia, mas pontua que ainda não sabem onde ficarão.
— A gente não sabe o que fazer depois de atravessarmos a fronteira ainda. Nossos empresários estão tentando motoristas para nos levar para algum lugar, tentando hotéis mais próximos, mas está muito difícil porque tem muita gente — comenta.