O Ginásio da UCS contou com uma grande energia na partida entre Brasil e Turquia no handebol feminino. O jogo realizado na tarde desta quarta-feira (4) teve a presença de mais de 400 alunos de cinco escolas de Caxias do Sul.
Dentro de quadra, o Brasil perdeu por 35 a 18 para as turcas, mas não faltou inclusão e animação dos pequenos torcedores. Somente a Escola Municipal Ester Justina Troian Benvenutti levou mais de 200 alunos da terceira, quarta e quinta séries. O colégio conta com um professor que é técnico da Seleção Brasileira de Basquete, Flávio Manara. Ele levou dois atletas para conversar com os alunos no turno da manhã. A diretora Aracele Kleemann, 42 anos, revela que os professores fizeram um trabalho especial com os jovens antes dos Jogos.
— É bacana, pois os professores já trabalham com eles na escola, tivemos a visita do mascote e eles estão bem animados. Tem sido uma experiência bacana. Nós temos dois alunos surdos, mas não puderam vir hoje. Eles não tinham muita noção sobre Olimpíadas, só sobre Copa do Mundo. O bacana foi quando veio o Nino, o mascote. Daí eles se empolgaram bastante e tiveram contato com alguns sinais — contou Aracele.
A Escola Giuseppe Garibaldi também esteve presente na partida da seleção feminina. A vice-diretora, Juliana Stedille, 34, conta que antes dos alunos irem para o ginásio eles participaram de um projeto para conhecer os países, as bandeiras e alguns sinais.
A Coordenadora Pedagógica da EMEF Alberto Pasqualini, Caroline Argolo, 34, também é intérprete de libras. A escola esteve presente com alunos do terceiro ao sétimo ano. Duas alunas cadeirantes foram ao ginásio fazer parte da festa, pois inclusão é uma missão da escola.
— A gente tenta da melhor forma incluir os alunos. Trouxemos duas alunas cadeirantes. A gente sempre trabalha com a inclusão. Temos que prestigiar a minoria. Se não tem acessibilidade, a gente dá um jeito — declarou Caroline, que ainda pediu mais visibilidade à Língua de Sinais:
— Faltam politicas públicas, no Brasil faltam para todos, quem dirá para o surdo. Essa é a luta do surdo, que todos saibam a Língua de Sinais. Eles se tornam estrangeiros dentro do próprio país. É ensinado o inglês nas escolas, e não é ensinada a Língua de Sinais? — refletiu Caroline.
Vice-diretor da escola Desvio Rizzo, Ricardo Rech, 43, destacou o aprendizado além da sala de aula. Segundo ele, é gratificante fazer parte de uma competição de nível internacional dentro da própria cidade.
— Tem coisas que a gente aprende mais fora da sala. Se não aproveitar as coisas que acontecem no nosso quintal, nunca vamos aproveitar. Para alguns, talvez seja a única oportunidade de assistir um jogo internacional — frisou.
"Queria muito aprender"
Aluna da Escola Municipal Alberto Pasqualini, Erika da Rosa Marques, 13, não sabia que Caxias do Sul seria sede das Surdolimpíadas. O evento tem 98 anos e trouxe mais de 4 mil participantes à Serra. Conforme a estudante, foi graças aos professores da escola que tomou conhecimento dos Jogos.
— A gente descobriu pela escola, com os professores. Eu tinha ouvido falar sobre, mas não tinha certeza de como era e como são os jogos. É novo para mim — contou a estudante da sétima série.
A alegria de acompanhar uma partida internacional de um evento importante estava estampado no sorriso da jovem. Erika contou ser uma oportunidade para adquirir novos conhecimentos.
— É uma sensação incrível, a gente fica agitado aqui com o pessoal. É diferente do que estamos acostumado. A comunicação é diferente pelas pessoas serem surdas. É algo novo de se olhar e aprender. Estamos felizes aqui. Há pouco, fomos no banheiro e passou a seleção feminina da Itália do nosso lado. É surreal, algo totalmente diferente do que estamos acostumado. É um privilégio.
A aluna destacou a inclusão que a escola realiza nas atividades diárias. Com as Surdolimpíadas, Erika também ficou com desejo de aprender mais sobre a Língua de Sinais.
— A gente sabe aqueles sinais básicos, queria muito aprender. Gostaria que fosse ensinado na escola para saber outra língua e ajudar as pessoas também. Por exemplo, de estar em um lugar e ajudar alguma pessoa surda — pontuou a estudante da escola Alberto Pasqualini.
Cerca de 17 alunos da Escola Estadual Especial de Ensino Médio Helen Keller também acompanharam atentamente cada movimento em quadra das jogadores da seleção. Apesar do resultado negativo em quadra, sobrou animação e apoio da garotada.