Montada no Centro de Eventos dos Pavilhões da Festa da Uva, a Praça Surdolímpica se tornou uma cidade à parte em Caxias do Sul, onde delegações de 77 países se encontram e interagem. No quinto dia de competições, a chegada de atletas de fora do país ainda é constante, e de acordo com a Brocker Turismo, empresa responsável pelo receptivo, a Serra Gaúcha, através da Surdolimpíadas, irá receber estrangeiros até 10 de maio, quando restarem apenas cinco dias para o fim dos Jogos.
Com praça de alimentação, loja de souvenirs, farmácia, lavanderia e restaurante próprio, o ponto de encontro das Surdolimpíadas conta inclusive com um terminal rodoviário, que faz o trajeto entre a rede hoteleira, os pavilhões da Festa da Uva e os locais de competição. Instalada na Praça Surdolímpica ainda na sua montagem, a coordenadora de Relações Internacionais do Comitê Organizador, Jussânia Dinani chega diariamente às 8h, e não tem hora pra sair. Porém, a experiência em ter contato com tantas nacionalidades, segundo ela, vale o preço de praticamente morar no espaço conhecido como "centro nervoso dos Jogos".
— Montamos uma estrutura diferenciada para atender a todos, e hoje estamos muito felizes que está saindo o sol, estamos esperando que as pessoas conheçam o sol de Caxias do Sul, porque teve muita chuva, tivemos de adaptar os locais de competições e agora acredito que irá normalizar a situação — conta Jussânia.
Se a chegada de novos integrantes ao universo surdolímpico é intensa, as despedidas por outro lado já começaram. Com o fim das competições em algumas modalidades, como o caratê, os primeiros adeus já foram dados, mas não traduzem menor movimento.
No Restaurante Tulipa, que tem sua operação dedicada exclusivamente ao atendimento dos Jogos, as primeiras refeições são servidos por volta das 10h30min e seguem sem intervalo até às 22h para atender de quatro a cinco mil pessoas diariamente. De acordo com o maître, Luis Diones Silveira, 70 funcionários por turno, entre cozinha e salão, garantem o atendimento da operação que começa ser preparada logo nas primeiras horas da manhã. A recompensa, segundo ele, é o aprendizado:
— Não esperava aprender tanto durante esses dias, é muita gente de muito lugar diferente. Para se comunicar é na base do gestual, e de alguma forma sempre nos viramos.
Alimentados e integrados ao espírito surdolímpico, é hora de embarcar nos ônibus que realizam itinerários por toda Caxias e região. Sempre em grupos e identificados com as cores do seu país, os atletas procuram por transporte e aguardam os veículos que chegam e partem do estacionamento coberto dos Pavilhões. Identificados por setores que levam aos locais de competições ou à rede hoteleira, o que se vê por ali é um terminal rodoviário com trânsito constante de culturas e diferenças.
— São mais de 100 veículos diariamente, entre ônibus, micros e vans. Está sendo incrível, cada dia aprendemos um pouco mais desse mundo dos surdos e da inclusão esportiva — comentou Amanda Ramirez, gerente da Brocker Turismo
A Praça Surdolímpica, assim como em todos os eventos esportivos das Surdolimpíadas, é aberta ao público que pode conferir a circulação inédita de tantas nacionalidades por Caxias do Sul. Imersa na organização das competições, Jussânia acha um tempo para convidar a população a conferir o que vem acontecendo durante todo o dia no Centro de Eventos.
— É aberto ao público, temos uma praça interativa, e um local especial para tirar fotos com os símbolos dos jogos. Convido ainda os pais levarem as crianças aos jogos, que não são tão comuns, como as lutas e o badminton.