Tão logo terminou seu primeiro treinamento com o grupo de jogadores do Caxias, o técnico Luan Carlos foi para sua apresentação como comandante grená para a Série D do Campeonato Brasileiro. Ao lado do presidente Paulo Cesar Santos, o novo treinador falou da motivação em sua chegada ao Estádio Centenário.
— Estou muito feliz, muito motivado e para mim é um orgulho imenso vestir essa camisa. Um dos critérios que usei para fazer essa escolha é o tamanho desse clube e a tradição do Caxias. E eu sei que um trabalho bem feito aqui pode me impulsionar para coisas muito grandes dentro da minha carreira. Estou iniciando meu trabalho no futebol, há sete anos como treinador e sei que o Caxias pode me consolidar no mercado — disse o técnico, mostrando seus princípios na função:
— Minha missão como treinador é, primeiro, valorizar os jogadores. Segundo, valorizar a equipe e terceiro, valorizar o clube. Se eu conseguir dentro desses três pilares, tenho certeza que meu trabalho também vai ser potencializado.
Aos 29 anos, o desafio do novo comandante grená vai além de superar a pouca idade para a função, mas também em uma nova forma de administrar um grupo de atletas tão rotineira no futebol brasileiro.
— Gestão de equipe não é ser aquele treinador paizão, como se é acostumado aqui no Brasil. Vai muito além disso, vai além de falar bem ou bonito. Precisa saber lidar com uma coisa muito importante na vida, e não só no futebol, que é o relacionamento humano — afirmou Luan Carlos.
A pressão no Estádio Centenário para o tão almejado acesso para a Série C não chega a assustar o técnico. Na visão dele, conseguir os bons resultados vão partir, sim, de um bom desempenho em campo:
— Sem um belo trabalho, é impossível alcançar qualquer resultado. Claro que isso não te garante a vitória, não garante o acesso, mas aproxima dele. O que posso prometer para o torcedor é muito esforço, muita entrega, muito empenho, desenvolver um trabalho de excelência, que o que vamos tentar fazer. Cabe a nós, comissão técnica, diretoria, jogadores, fazermos o nosso melhor, nos entregarmos e desenvolver o máximo possível do que podemos.
O perfil estudioso do treinador também deverá ser visto em seu modelo de jogo. Para Luan Carlos, o treinamento será um ambiente onde os jogadores vão poder errar, até com intuito de facilitar o acerto durante as partidas.
— Ninguém é bom naquilo que não faz. É muito importante que o treino seja um ambiente de aprendizado e, como qualquer ambiente de aprendizado, vai ter erro. Mas, apesar do erro, tem que fazer, tem que repetir, tem que tentar mais uma vez. Essa vai ser nossa filosofia, porque assim vamos conseguir evoluir os jogadores.
PROTAGONISMO DOS ATLETAS
Diferente de alguns técnicos que chamam para si a responsabilidade, Luan Carlos falou bastante sobre a importância maior dos jogadores no processo de construção da equipe. Nisso, nem mesmo a forma tática que o time irá atuar passa por uma imposição do treinador.
— Temos que esquecer esse negócio de que o treinador é protagonista no processo. Temos que entender que o jogador é o protagonista, a essência é o jogador. O modelo de jogo não é o do Luan, é da equipe. E esse modelo é o que tem que prevalecer. Não vou chegar e encher os jogadores de ideias e de imposições. Pelo contrário. Vou tentar dar princípios e tenho certeza que através disso, vamos ter uma forma de jogar bem interessante — disse o treinador, que quer dar o destaque principal para quem resolve dentro de campo com uma ruptura de um pensamento tradicional:
— Quando eu falo que o protagonista é o atleta, não estou transferindo responsabilidade para ele, estou compartilhando. Falta isso. Perdeu dois ou três jogos, o treinador é o culpado. E isso acomoda o jogador no subconsciente. Será que essa é uma cultura que temos que continuar alimentando?
É uma nova forma de trabalhar no Centenário, mas que precisará de tempo para poder se saber se dará certo ou não. É o que Luan Carlos precisará nesse novo desafio em sua carreira.