A fotografia do departamento de futebol do Caxias para 2022 mudou completamente. Uma das caras novas é o gerente de futebol Renan Mobarack. Juntamente com Ernani Heberle e o técnico Rogério Zimmermann estão montando o elenco para a próxima temporada. O objetivo é fazer um bom Gauchão, chegar à terceira fase da Copa do Brasil e o sonhado acesso à Série C.
Em entrevista ao Show dos Esportes na Rádio Gaúcha Serra, Mobarack comentou sobre a carreira, o desafio no Caxias, os motivos de trocar um clube de Série C, o Ypiranga, por outro de Série D, o trabalho com o técnico Rogério Zimmermann e o orçamento para a próxima temporada.
Renan Mobarack tentou ser jogador de futebol na adolescência. Era meia esquerda, mas segundo o próprio era "preguiçoso" e gostava da noite, mesmo que nunca tenha ingerido álcool e usado drogas. Sem êxito na carreira de atleta, foi morar em Fortaleza entre 1992 e 2008. Sempre sonhou voltar ao futebol. Através do exército, desempenhou funções que deixaram ele perto do futebol.
No exército, escolheu estudar comunicação social, mesmo com a dificuldade na fala, por ser gago, concluiu o curso e chegou a trabalhar em jogos pelo Sportv e TV e Rádio Verdes Mares, como repórter. Depois fez curso de arbitragem e tornou-se árbitro em participou de jogos de todas as Séries do Brasileirão e Copa do Brasil. Em 2008, voltou para o Rio Grande do Sul e foi matriculado num curso de gestão. Assim, ingressou na carreira atual e recentemente ficou três anos no Ypiranga.
Confira a entrevista completa
Foco no momento
— Nosso foco é a formação do elenco. Quem tinha que renovar, já renovou. Estamos no processo mais difícil de toda temporada. É o nosso momento de alicerçar a campanha de 2022 acertando na escolha dos atletas. Não tem sido fácil. Estamos sendo bem seletivos. Os nossos objetivos estão muito bem definidos que são audaciosos. Queremos fazer uma boa campanha no Gauchão, avançar até a terceira fase da Copa do Brasil e isso dá um financiamento para a temporada, e depois o objetivo do acesso à Série C. É um desejo da direção, conselheiros, torcida.
Momento diferente na carreira
Meu momento pessoal é muito feliz. Cheguei num grande clube e estou muito próximo da minha casa. Realizei bons trabalhos nos últimos anos e a pressão é inerente ao cargo. Para quem não me conhece, fui árbitro. Já apitei jogos com mais de 40 mil pagantes. Isso sim era uma pressão. A pressão que terei é normal, de quem quer chegar num patamar maior, tem que passar pelo crivo da torcida do Caxias. Sabemos que é um momento de muita expectativa, porque está há muito tempo disputando a Série D. Essa cobrança existe e aceitamos o desafio, porque nos sentimos muito preparados.
Da Série C no Ypiranga à Série D no Caxias
— Aceitei trocar pelo desafio. Dei minha parcela de contribuição no São Paulo, de Rio Grande, durante três anos. Classificamos na quinta colocação do Gauchão, classificação para a Série D por dois anos seguidos, depois 34 anos. No Ypiranga, começamos o trabalho do zero. Quando assumimos lá em 2017, o clube vinha de um rebaixamento e não tinha um atleta no elenco. Em quatro anos, colocamos o Ypiranga na primeira divisão estadual no segundo ano e depois conseguimos o acesso à Série C. Achei o momento oportuno para assumir esse desafio para começar de novo recomeçar, isso me cativa bastante. Troquei a segurança e comodidade, por isso.
O mais fácil e mais difícil de trabalhar com o Rogério
O mais fácil é que nós pensamos muito parecidos. Nós vimos futebol muito parecido, tanto clube quanto time. Tem sido muito gratificante. Estamos trabalhando direto com o Rogério, João, Papa e toda direção. Os meus objetivos se cruzam com o Rogério. Está sendo muito prazeroso, porque ele é muito criterioso e estrategista ao extremo. Nós observamos atletas em exaustão. Não tive dificuldade nenhuma.
Orçamento para 2022
Eu recebi, do Seu André Randon, o orçamento tem duas situações. Contando com a Copa do Brasil e outra sem a Copa do Brasil. Eu acredito que a vaga virá para o Centenário, porque poderá ter até nove clubes na zona de classificação da Libertadores e o Inter deve ter a vaga e com isso devemos ter a vaga na Copa do Brasil. Em termos de orçamento, estamos muito seguros, porque temos a garantia e o aporte necessário para fazer a montagem, mesmo que a Copa do Brasil não venha. Caso venha, uma parte já foi adiantada, se não me falhe a memória, por isso temos que chegar até a terceira fase para ter uma tranquilidade financeira muita grande. Se chegar na terceira fase, quase equipara com uma cota de Série B.
O orçamento aqui é um pouco maior do que tinha no Ypiranga, mas não muito. O facilitador é que o atleta quer jogar no Caxias. A receptividade do nome do Caxias é muito forte.
Base do Caxias
Nesse momento, estamos focando na espinha dorsal. Já fechamos as primeiras semanas de treinos e estão previstas atividades contra o sub-20 ou com o sub-20. Neste primeiros momentos, vamos usar atletas do sub-20 para estar com a gente no dia a dia. O João Correia é muito importante, porque é o elo de ligação direto entre profissional e base. Ele conhece todos os atletas. Alguns farão parte do nosso elenco, mas com muita calma, porque não devemos queimar etapas. Jogará quem tiver as melhores condições, não importa idade, salário ou religiosidade. Importa o futebol.
Adversários para 2022
Eu observo todos. Estão jogando Inter, Grêmio, Juventude e Brasil-Pel. Aimoré, Novo Hamburgo e São José-PoA também estão jogando e Copinha. Tenho acompanhado todos. Quem mais tem se movimentado é o São Luiz, que tem anunciado atletas toda semana. Estou muito tranquilo quanto a isso, porque não é a pressa que faz termos um time competitivos. Temos que ser assertivos nas contratações.
Erros do passado
Nós fizemos o raio-x, do que no nosso entendimento, temos que corrigir. Se não houvesse correção, eu não estaria aqui. O Rogério também. Em algum momento, houve uma correção de rumo para que nós viéssemos. Temos essa responsabilidade de acertar. Não temos margem para erro. Por isso, estamos nos dedicando bastante. Não temos direito de errar e fomos contratados para acertar. Estou observando e ouvindo muito e depois colocar meu ritmo de trabalho. Tenho certeza que faremos um grande ano. Estou do diálogo, eu gosto de conhecer a história.
Ex-árbitro e jornalista
Como todo amante de futebol, tentei ser jogador. Na minha juventude, tentei, mas vi que não tinha futuro. Eu sou ambicioso e realista. Eu era meia esquerda e preguiçoso. Saia a noite, nunca ingeri álcool, fumei ou usei drogas. Eu gostava de sair à noite e isso não dá certo. Tentei ser atleta e não consegui. Em Fortaleza, quando fui morar, exerci funções no Exército perto do futebol. Quando fui para o exército, fiz Engenharia Mecânica e, pela legislação, podia escolher o curso e estudar no contra turno. Na ocasião, comunicação social, mas eu sou gago. Concluí o curso e em 1997 para 1998 fiz o curso de árbitro para acumular experiência. Deu certo eu ser árbitro, por ser atleta, militar, fui bem. Cheguei à CBF com dois anos. Apitei Série B, C, D, Copa do Brasil, Copa do Nordeste.