O Caxias começa no próximo domingo (6), mais uma caminhada na luta para deixar a Série D do Campeonato Brasileiro. Desde 2016, quando disputou pela primeira vez a competição, a equipe grená já bateu na trave em algumas temporadas, saiu na segunda fase em outras, mas jamais conquistou o acesso.
Em 2021, a missão de comandar o time nesta luta será de Rafael Jaques. O treinador, que já alcançou o sonho grená com o São José-PoA, agora tentará quebrar o tabu histórico do Caxias em não conseguir acessos em competições nacionais. Na única partida de preparação para o campeonato, porém, a equipe perdeu por 1 a 0 para o Esportivo.
Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, o treinador falou de como tem sido o trabalho nas três semanas desde que chegou ao clube, das expectativas para a Série D e os conceitos que pretende colocar no seu time para a temporada.
Chegada ao clube
Fui muito bem recebido, encontrei um ótimo ambiente por parte da diretoria, comissão técnica do clube e, principalmente, do grupo de jogadores. Nós temos menos de 20 dias no clube, mas me sinto muito à vontade, como se estivesse há mais de seis meses pela forma com que todos nos receberam. O trabalho tem sido feito diariamente. Nas duas últimas semanas chegaram mais jogadores, que nos dão opção melhores de trabalharmos dentro daqui que a gente acredita. O trabalho é passo a passo, mas a gente acredita que os jogadores, pelo trabalho que vêm realizando no dia a dia, vão corresponder e logo ali na frente as respostas vão ser dadas positivamente para nosso torcedor.
Tempo durante as semanas
A Série C e a D possibilitam jogos somente no final de semana. Consequentemente, as comissões técnicas e os clubes têm tempo para trabalhar durante a semana para ajustar e melhorar o que precisa. Para quem gosta de trabalhar no dia a dia, esse formato é muito bom e nos dá condição de, passo a passo e num menor número de rodadas, poder entrosar melhor os jogadores.
Característica do time
Tenho elaborado comigo uma série de pontos importantes que quero ver nas minhas equipes. Uma das que priorizo bastante é a nossa organização ofensiva. Hoje, principalmente nos jogos em casa, todos os clubes passam por dificuldade porque as linhas estão, ou marcando forte adiantado com pressão ao portador da bola, ou quando vem para trás do meio-campo, da linha da bola, as equipes ficam muito compactadas. Por vezes é difícil furar esse bloqueio.
Grená ofensivo
São situações que cada trabalha dentro daquilo que acredita e eu gosto muito de ver minha equipe ofensivamente, com boas movimentações, com boa posse de bola. Mas isso também requer tempo, até para eu mesmo reconhecer de fato os jogadores no dia a dia e nos jogos. A gente costuma dizer que treino é uma coisa, mas jogo é outra. E quando vale três pontos, começamos a traçar e entender melhor o perfil de cada jogador de acordo com as dificuldades que vamos encontrando no decorrer das partidas.
Derrota para o Esportivo
O resultado não foi bom. A gente sempre gosta de trabalhar com vitórias. Foi combinado 45 minutos no primeiro time, considerado titular, e só 35 para o segundo. Na primeira parte foi 0 a 0 e um jogo muito parelho, onde tivemos mais posse de bola, por vezes o Esportivo contra-atacou, chegou no nosso gol. Procuramos propor mais o jogo, mas eles se fecharam bastante. Foi uma partida de poucas oportunidades para cada equipe, muito mais travada na marcação do que no jogo ofensivo. No segundo, tínhamos amplo domínio e o Esportivo foi lá em um contra-ataque com erro de comunicação nosso, e fez o gol. Mas isso faz parte, até para conhecermos melhor cada jogador que temos em mãos.
Diferença para os rivais
O Caxias acabou mudando a comissão técnica. Marcílio Dias, Cascavel, Juventus e a grande maioria mantiveram seus técnicos. E isso dá uma vantagem de trabalho de alguns meses, mesmo mudando jogadores. Quando troca três ou quatro peças, mas com o mesmo trabalho, os próprios jogadores chegam e conseguem adequar melhor, se adaptar mais rápido. No nosso caso, além da mudança de alguns jogadores, mudou a comissão. Muda um pouco o sistema e o modelo de jogo.
Observação do Juventus-SC
Baseada nos últimos três jogos do Catarinense. O Pingo já tinha trabalhado aqui no Caxias no 4-4-2 losango, no Brusque também, quando enfrentei em 2018, pelo São José-PoA. Na fase final do Catarinense, ele mudou para o 4-1-4-1. Os amistosos que eles têm feito são fechados, não tem passado informação nenhuma, então não sabemos qual modelo virá. Mas estamos preparados para do jeito que for, defendermos da melhor maneira possível e atacar também.
Exigência pelo acesso
A pressão sempre existe e o Caxias tem uma camisa muito forte, um clube de muita tradição. Temos que saber que vamos ter cobrança sempre. Se subirmos esse ano, vamos ter cobrança para subir no ano que vem e assim por diante. O jogador tem que entender. Para vestir essa camisa, tem que ter muita atitude, sangue no olho, brio, coragem e muita raça. Acredito que esse acesso é conquistado no dia a dia, jogo após jogo. Temos conversado com os jogadores que não conseguimos sair de hoje até outubro e já com o acesso, tem que trabalhar todo dia.