Dentro do processo de reformulação do grupo de atletas para a disputa do Campeonato Brasileiro Série D, o Caxias resolveu fazer diferente e apostar na transição para o futebol profissional de uma revelação do futsal caxiense. Desta forma, o jovem Ramon Lima assinou contrato de três meses com o Grená e está treinando no Estádio Centenário desde o início da semana.
Aos 20 anos (completa 21 em novembro), Ramon é considerado um dos melhores jogadores das categorias de base do futebol caxiense, atuando como pivô do Bella Futsal — projeto com mais de duas décadas e gerido por Adilson Moskal. Foi eleito o melhor da posição na categoria sub-17, em 2017, e seguiu como referência no time sub-20, em 2018 e 2019. No último ano atuou pelo Pato Futsal, de Pato Branco-PR, uma das principais equipes do país. No entanto, o calendário apertado pela pandemia acabou atrapalhando seu desenvolvimento.
— Ele chegou como beque, mas chamou a atenção que ele era um menino que fazia outras funções, então fomos lapidando para ele virar pivô. Mas o que mais chamava a atenção era a facilidade dele entender o jogo como um todo. A questão tática, a função específica, como ele se comportava para o ataque acontecer, e também na função defensiva. Então, ele tem realmente um domínio, um olhar sobre o jogo diferente — comenta José Neto, treinador de Ramon na equipe de rendimento do Bella Futsal.
Entrando no primeiro ano da categoria adulta do futsal, Ramon e seu empresário tomaram a decisão de encarar o desafio no futebol profissional. Embora já tenha atuado no futebol amador caxiense pelo Torino (sua rescisão no BID saiu segunda-feira), estar no Caxias será uma experiência completamente diferente. Por outro lado, o clube colheu boas referências e resolveu apostar.
— Como precisamos de jogadores para compor o grupo nos treinos, fizemos essa aposta. Não significa que vá jogar imediatamente. Ele assinou o contrato com o prazo mínimo e será observado durante esse processo de transição. Se for aprovado, o vínculo pode ser estendido — comenta Ademir Bertoglio, gerente de futebol do Caxias.
Por ser um esporte que permite maior contato com a bola aos praticantes em um espaço reduzido e ter ações em curtos períodos de tempo, o futsal proporciona o desenvolvimento de habilidades técnicas e de tomadas de decisão em velocidade. Sendo assim uma porta de entrada para o futebol.
Entretanto, o processo de transição das quadras para os gramados costuma acontecer entre os 12 e 13 anos. Há exemplos de jogadores que tentaram mudar de cenário mais velhos, como Ortiz, Falcão e Mithyuê. Aos 20 e buscando atuar na função de meia-armador, Ramon será mais tardio no processo, o que exige paciência.
— Eu vejo que a transição pode ser positiva. Ele é um atleta que tende a desenvolver, mas tem que ter um pouco de paciência, no primeiro momento, com um encaixe de questão tática. Mas nada que seja tão diferente, pois vejo que esportes não tão desconexos — avalia Neto, destacando que outros clubes de futebol também apostam no futsal:
— Já se tem uma boa resposta em alguns clubes do Brasil e também para fora. Acontece no Sub-20 do São Paulo, com o Alex de técnico e com o PC Oliveira (ex-técnico de futsal) como auxiliar. Se houver paciência, ele vai dar uma boa resposta para o clube. Vamos estar na torcida aqui para que dê tudo certo. É um menino que realmente merece e tem potencial.