Nem Madri, nem Barcelona, nem mesmo na cidade do Porto onde mora. Alex Telles realmente se sente em casa em Caxias do Sul. Aos 26 anos, o lateral-esquerdo, criado no Juventude e hoje no Porto-POR, é cogitado em muitos times do primeiro escalão europeu. A tranquilidade na fala, no entanto, demonstra que o caxiense quer mesmo é aproveitar o descanso até o fim do mês e só então decidir seu futuro. Afinal, tem contrato com o time português e, mais do que adaptado, vive o seu melhor momento na carreira.
— Meu futuro, neste momento, é pegar meu carro, ir para casa, dormir, acordar amanhã, aproveitar a família e os amigos. Sempre carrego comigo os clubes que passei, ainda mais os que me formaram. E o Juventude, com certeza, é o principal. Eu brinco que fiz a faculdade toda no Ju — destacou o jogador.
Na última quinta-feira (13), Alex Telles foi atração no programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra 102.7FM. Num bate-papo descontraído, elencou Daniel Alves como referência no futebol, Drogba como o melhor jogador com quem já atuou e relembrou dos principais momentos da carreira, que o levaram à Seleção Brasileira do técnico, também caxiense, Tite.
Leia mais
Consolidado no Porto, Alex Telles conta o que quase o fez largar o futebol na base do Ju
Alex revela que quase perdeu jogo de Libertadores por conta de seu animal de estimação
Alex Telles recebe Prêmio Caxias do Sul por trabalho social realizado na cidade
Em entrevista ao Show dos Esportes, Alex Telles fala sobre a polêmica envolvendo Neymar
Jornal português noticia a venda de ex-lateral do Juventude para o Atlético de Madrid
Momento em Portugal
— Cada país tem sua peculiaridade. Em cada lugar me senti muito bem. Aprendi muitas coisas em todos os países que fui. Mas não posso deixar de dizer que em Portugal é um lugar que eu me sinto muito bem, porque a adaptação é muito próxima do Brasil. Um clube fantástico, magnífico. Tive meus melhores números como profissional, meu rendimento foi muito alto.
É um clube que tenho muito carinho e um dos lugares que me sinto muito bem. A gente sempre procura uma sequência, ter um rendimento alto. Esta época (temporada) foi muito boa porque fiz 53 jogos e praticamente em todos os 90 minutos. É algo que a gente fica orgulhoso.
Carinho pelo Ju
— Todo mundo sabe do carinho que tenho pelo Juventude, por todos os anos que fiquei ali. Foram 12 anos. Desde a escolinha até o profissional. Fui formado não só como atleta, mas como cidadão dentro da casa. Para mim é muito satisfatório sair de um clube formador, que aposta nos jovens, e poder chegar no mais alto nível, que é uma Seleção Brasileira. Sempre carrego comigo os clubes que passei, ainda mais os que me formaram. E o Juventude, com certeza, é o principal. Eu brinco que fiz a faculdade toda no Ju. Todos os processos da base até o profissional. E foi onde me firmei e me projetou para o futebol. Então, o carinho é muito grande que tenho pelo clube, por ser da minha cidade também.
Inspiração para jogar
— Meu pai sempre teve esse sonho, que eu virasse um jogador de futebol profissional. Ele, na época dele, tentou jogar, chegou aos juniores. E transmitiu esse sonho para mim. Com cinco ou seis anos que comecei a chutar a primeira bola. Jogava mais por diversão. Comecei a levar mais a sério quando cheguei no Juventude, com meus 12 ou 13 anos, e comecei a perceber que era isso que eu queria. Foi uma transição muito natural, não teve nada de pressão. Foi realmente porque eu gostava muito de jogar futebol.
Chegada ao profissional
— Foi um período muito importante. Lembro que o Juventude tinha caído para a Série D e se não voltássemos, teríamos que conquistar a vaga de novo pela Copinha do segundo semestre. Para nós jovens, que tínhamos acabado de subir para o profissional, era muito difícil, era uma pressão muito grande. Nós tínhamos um grupo fantástico. Lembro do Zulu, Rafael Pereira, Jardel, Bressan, Ramiro, Fabrício, Bruno Salvador, Jonatas. Tinham muitos jogadores que abraçaram a causa. A gente precisava que o clube tivesse algum êxito. Não subimos porque perdemos para o Cianorte e tivemos que buscar a vaga contra o Brasil-Pel, lá em Pelotas, que é muito difícil. Foi meu último jogo no Juventude. E a partir daí o clube só subiu. Foi um momento que declaro dos mais importantes. No momento mais baixo que tu vê quem realmente está contigo, quem está do teu lado para te apoiar. É muito fácil jogar uma Série A e uma Champions League. Digo fácil de motivação. E ali, sem série, ter que buscar uma motivação é difícil. Acho que foi isso que o grupo conseguiu naquela época.
Melhor temporada?
— Só seria perfeito se viesse o título de campeão nacional, que foi o que faltou esse ano. Fizemos uma temporada muito acima da média. Em todas as competições chegamos na frente. No campeonato disputamos até a última rodada, na Taça de Portugal chegamos até a final, na Taça da Liga também, na Champions League nas quartas. Quando chega nessa fase, realmente ali é que são os bichos grandes. E conquistamos a Super Taça no início da temporada. Foi uma muito positiva na média, mas seria mais perfeita se tivesse fechado com os títulos.
Número 13
— Começou quando cheguei no Grêmio e era a único número disponível. Para minha família esse número já é algo especial. Meus pais têm muitas datas no dia 13. Assinei meu primeiro contrato profissional no Juventude no dia 13. No Porto, cheguei dia 12, aconteceu um imprevisto e assinei no 13. Nada foi programado. Sou muito devoto de Nossa Senhora de Fátima, que é no dia 13 de maio. Para mim, é positivo. Talvez, para muitas pessoas, não seja. Mas para mim e para a família é um número que nos traz boas lembranças.
Seleção Brasileira
— Sou um cara muito tranquilo em relação a isso. Desde o início tenho o pensamento de respeitar quem está ali, quem já tem anos de casa. Sou muito realista. A Seleção está muito bem servida na minha posição.
O Alex Sandro, o Filipe Luís, o Marcelo, o Wendel, que já foi chamado. São jogadores de muita qualidade. O Brasil é muito grande, têm muitos atletas que podem estar ali. A gente trabalha sempre para estar na lista e se firmar. Esse é meu próximo objetivo. Na próxima temporada continuar com meu desempenho e me firmar na Seleção, ser chamado novamente. Sei que se não estou ali é por algum motivo e quem está ali é por méritos.