O Caxias do Sul Basquete/Banrisul segue fazendo história. E nesta temporada conquista também maior repercussão pela ótima campanha que faz no NBB 10. A chegada às quartas de final surpreende muita gente, mas é reconhecida por quem vive o basquete.
O Pioneiro conversou com alguns dos principais comentaristas da TV brasileira sobre o feito, cada dia maior, da equipe caxiense.
Com uma longa história na modalidade, o comentarista Ricardo Bulgarelli, da ESPN e das transmissões da LNB no Facebook e Twitter, acredita que o grupo do Caxias Basquete está com um trabalho coletivo forte, o que faz aparecer também as individualidades:
— A grande sacada do time é que cada jogador sabe onde pode contribuir. Tem um quinteto titular muito forte. Se for destacar em setores, o time está bem servido em todos. Na armação principalmente, com três caras importantes — diz Bulgarelli, ao se referir aos Cauês (Verzola e Borges) e Caferatta.
Ex-jogador e comentarista nas transmissões da Band, Danilo Castro já jogou contra o Caxias, quando atuava pela Ulbra. Para ele, não há como creditar destaques individuais em um momento onde toda a equipe se mostra forte.
— É difícil falar de individualidades quando se tem uma campanha tão boa. Deixou para trás equipes tradicionalíssimas, como o atual campeão Bauru. Mas o trabalho de Caxias é um conjunto, e dentro dele se destaca o individual. Vejo um grupo que se gosta. E aí, com minha experiência de atleta profissional, não tenho medo de errar: é um grupo solidário e que sabe seus pontos fortes — explica Castro, que complementa falando sobre o conjunto eficiente:
— Lógico que há de se destacar o Cauê Borges, o Verzola e muito o Caferatta, que sai do banco com uma qualidade impressionante. É um armador que erra pouco o conceito de jogo. Não é o arremesso, porque tem dia que a bola realmente não cai. O Borges é o destaque individual, mas essa equipe respeita muito o conjunto. Se você me perguntar a grande força desse Caxias, é o grupo unido.
Na mesma linha dos dois, Hortência, a rainha do basquete e atualmente comentarista da Globo e do Sportv, vê na formação do grupo do Caxias o principal destaque:
— Para montar uma equipe forte não precisa necessariamente ter jogadores famosos ou de seleção brasileira. Para montar uma equipe forte tem que ter um treinador eficiente, como é o caso, e jogadores comprometidos com o clube e com o objetivo. Isso é muito visível no Caxias. Jogam redondinho. Todos fazem seu papel. No decorrer da competição, melhorou a performance e mostrou seu potencial.
Força no Vascão e chances jogando fora de casa
Nesta série de cinco jogos, o maior número de mandos de quadra será do Mogi — se necessário, serão três partidas em São Paulo e duas no Vascão. A ligação entre time e torcida será uma das fortalezas do grupo no playoff.
— É óbvio que faz diferença jogar a favor de uma torcida que está ali te prestigiando. Mas o Caxias também ganhou fora. É um time que está preparado psicologicamente. É bom jogar dentro de casa com ginásio lotado, mas é um time bem estruturado emocionalmente para também buscar os resultados fora — pondera Hortência.
Para Danilo, a interação com a torcida pode conduzir o time para lugares mais altos na competição:
— Não seria nenhum absurdo a equipe do Caxias passar para a semifinal. A cidade já vivencia o basquete há muito tempo, só que agora de uma forma mais intensa e vencedora, como todo mundo quer ser. Atuei em alguns times com torcida apaixonada como essa de Caxias. Já senti na pele essa pressão aí quando jogava na Ulbra. Muitas vitórias, como contra o próprio Mogi e o Paulistano, por exemplo, tem muito a ver com o que vem da arquibancada, a energia que passam para os jogadores dentro de quadra.
Apesar de acreditar em certa vantagem mogiana sobre a equipe caxiense, Bulgarelli vê possibilidades de uma nova surpresa da equipe de Rodrigo Barbosa pela característica do playoff:
— A série longa favorece o time do Caxias. Mogi é um time mais velho. Acredito que a intensidade do Caxias pode incomodar o Mogi. Acho que os paulistas ainda são favoritos por ter o mando de quadra. É muito difícil jogar no Hugão (Ginásio Hugo Ramos), mas o Vitória mostrou ano passado que não é impossível (os baianos eliminaram os mogianos no NBB 9, nas quartas de final, por 3 a 2).