O rafting é um esporte que leva muita adrenalina consigo. Afinal, estamos falando de descer corredeiras de um rio. E, para isso, é preciso correnteza forte, botes, remos, equipamentos de segurança, além de pedras e árvores para completar o cenário da aventura.
Desta vez, fomos a Três Coroas, distante cerca de 100 quilômetros de Caxias. Descemos o Rio Paranhana, um dos principais do Estado para a prática do rafting. O nosso guia foi Leonardo Selbach, da Raft Adventure Park. O passeio custa R$ 60 por pessoa, são 7km de descida em 2h30min de atividades.
Ainda no parque recebemos as primeiras instruções de como agir no bote e as ordens que seriam passadas. Eu e o repórter fotográfico Felipe Nyland realizamos a descida com cerca de 40 alunos do Colégio Cristo Redentor, de Canoas. Todos foram divididos em nove barcos. Dadas as primeiras informações, pegamos o ônibus rumo à divisa entre Três Coroas e Canela, com duração de cerca de 20 minutos.
Ao chegar ao ponto de partida do rafting, demos de cara com o paredão da barragem da Usina Hidrelétrica de Canela, formando uma grande cachoeira artificial. No bote em que ficamos, também estavam o guia Leonardo Selbach e os alunos Yan Meireles, Vitor Gomes, Jairo Júnior, Ivo Grandini e Luíza Rosseto.
As primeiras remadas foram em um lago, em frente ao paredão, apenas para se habituar com a água e às ordens do guia. Feita a primeira interação, começamos a descida. No ímpeto da gurizada e remando com toda a força, embalamos. Logo nos primeiros metros, Leonardo resolveu nos apresentar ao “amigo Pedrão”, apelido da primeira grande rocha que encontraríamos pelo caminho.
Embalados, batemos com a parte frontal do barco na pedra. E o choque ocasionou a primeira queda: Luíza teve um segundo de desatenção e caiu no rio, o que deixou todos em alerta na descida. A cada passada perto das pedras, notava-se um receio maior da gurizada.
Percorridos os primeiros três quilômetros de descida, fizemos a primeira atividade recreativa. Sem os botes e apenas com o auxílio dos coletes salva-vidas, descemos duas corredeiras. Uma atividade bem tranquila. Após 15 minutos, voltamos para a descida. As quedas aumentaram e a adrenalina tomou conta do passeio. Passamos próximos das pedras e várias vezes tendo que ir ao piso do bote.
Cerca de meia-hora após a primeira parada, fizemos a segunda – a atividade era atirar-se de uma pedra em um dos poços que se formam ao longo do rio. Após 15 minutos, voltamos ao rafting, em outro trecho de bastante adrenalina. Descíamos em meio a várias pedras e uma correnteza moderada. Tudo sob controle. No entanto, a correnteza ficou mais forte e o bote começou a ficar de lado mais vezes. De repente, nos chocamos com uma pedra maior e outro desavisado foi para água. A situação foi tão rápida que só foi possível ver as pernas de Jairo para cima, entre duas rochas, situação que gerou inúmeras piadas.
Descidos mais alguns quilômetros, chegamos à terceira parada. Hora do banho de rio, em uma das tantas piscinas que se formam ao longo do leito. Voltamos ao barco e seguimos o passeio. Chegamos à altura do Parque das Laranjeiras, que possui uma pista para canoagem slalom. Ali, foi feito o surf do rafting. Descemos a corredeira, paramos numa margem e regressamos contra a correnteza, até o local onde o volume de água era maior. Lá sentamos no funco do bote e ficamos até ele encher – praticamente uma banheira de hidromassagem.
Saímos do surf e, em um local bem mais tranquilo do rio, chegou ao fim o nosso passeio. Feitos os sete quilômetros, os rostos eram de puro cansaço de tanto remar. Mas o sentimento era de que valeu o esforço pela aventura.
As competições encerraram, mas as remadas prosseguem
A busca por um trabalho que também seja diversão é a procura de quase todas as pessoas. Leonardo Selbach encontrou-a. Desde pequeno, ele sempre esteve em contato com natureza, seja acampando com o pai ou no movimento escoteiro. A vida sempre esteve ligada à natureza de Três Coroas. Em 1984, essa ligação se estendeu diretamente com o Rio Paranhana.
O caiaque virou diversão para remar no rio e a diversão virou profissão. Selbach se tornou atleta. Foi algumas vezes campeão brasileiro e disputou a Olimpíada de 1992, em Barcelona, na categoria slalom. Além disso, foi vice-campeão sul-americano e pan-americano. Uma carreira longa dentro da água.
– Quando eu estava na transição da aposentadoria das competições, procurei algo para seguir me divertindo e trabalhando. Abri uma empresa, em sociedade com um amigo, de rafting. Nós já conhecíamos o rio, mas eu não tinha a noção de como era guiar um bote. Aí, em 1997, ele foi me dando umas dicas – conta Leonardo.
Desde 2009, Selbach junto com a mulher Teriana, comandam o próprio empreendimento, o Raft Adventure Park. A experiência nas provas é o que ele tenta passar no bote todas as vezes em que desce o Paranhana. Mas nem tudo ocorre como na época de atleta. As estratégias, às vezes, não funcionam, mas trazem lições.
– Um dia estava guiando o barco e a descida não estava legal. Eu vinha girando para todos os lados e batendo nas pedras. Até caiu uma mulher do barco. Chegou no final do passeio, o pessoal me disse que nunca tinha feito um passeio tão divertido. Aquela vez eu vi que o pessoal quer se divertir. Se colocar em linha reta, não vai ser legal o passeio. Atleta tem essas de andar no lugar certo. Às vezes, o legal para nós não é o que o turista espera – afirma ele.
No fim, só a diversão importa.
ONDE PRATICAR
> Brasil Raft Park (Três Coroas): R$ 80 Contato: (51) 3546.1066
> Eco Aventura (Três Coroas): R$ 52 Contato: (51) 3546.4466
> Cia. Aventura (Nova Roma do Sul): R$ 80 Contato: (54) 3822.2994
> Radical Sul (Bento Gonçalves): R$ 90 Contato: (54) 99939.1010