Para ver como se locomove a Olimpíada, ZH embarcou na quinta-feira em ônibus articulados de BRT, veículos novinhos em folha e com design arrojado do VLT e ainda andou sob a Pedra da Gávea e a Rocinha na nova Linha 4 do metrô carioca.
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O BRT e o metrô podem se considerar aprovados com restrições. No caso do ônibus, falta uma ligação mais direta do coração da Olimpíada com o Aeroporto do Galeão. Já o metrô passou no teste no que diz respeito à qualidade das estações e das composições. O problema é o preço: R$ 25 o passe diário, valor estipulado para o período dos Jogos.
Quanto ao VLT, o veículo leve sobre trilhos, ainda é preciso fazer ajustes para que funcione a pleno. O modal traz, além de um conceito ecológico, um novo formato de cobrança, em que o próprio passageiro faz o pagamento em leitores óticos. Confira agora como foi o passeio de ZH pelos novos meios de transporte, presente olímpico para os cariocas.
BRT
O sistema que Porto Alegre quer ter, com corredores para os ônibus articulados e paradas em estações modernas e bem sinalizadas, é excelente alternativa nos Jogos, especialmente para fazer o trajeto entre os dois parques olímpicos, um na Barra da Tijuca e o outro em Deodoro. Para ir ao aeroporto do Galeão, porém, o BRT demora um bocado.
Ao preço de R$ 3,80 por viagem, o passageiro acessa os veículos novos e confortáveis. A linha Transolímpica, recém inaugurada, está aberta apenas para credenciados - será liberada também para portadores de ingressos desde sexta-feira. A linha só será liberada para a população no fim da Paraolimpíada, em setembro. Foi justamente na Transolímpica que ZH circulou no primeiro trajeto do teste.
A intenção era verificar a eficiência do BRT para ligar duas áreas importantes da Olimpíada: Barra e Deodoro. O embarque foi na estação Morro do Outeiro, a mais próxima do Parque Olímpico da Barra. A viagem até a estação Vila Militar, que fica em frente ao Parque Olímpico de Deodoro, durou 22 minutos. O percurso tem 16,8km.
A ligação entre a Barra e o aeroporto já não é tão ágil. Questionado sobre como ir ao Galeão, um funcionário do consórcio BRT fez cara feia. Disse não aconselhar fazer o caminho dessa forma.
Ainda assim, orientou: é preciso pegar dois ônibus, sendo que há um trajeto a pé de cerca de dois minutos para chegar ao terminal que dá acesso ao segundo veículo.
O veículo que vai ao Galeão é da linha Transcarioca, essa sim aberta ao público. Não estava cheio, mas havia poucos lugares para sentar.
A viagem, mesmo que confortável, foi longa. Do momento do embarque no primeiro ônibus, na Barra da Tijuca, até a chegada ao Terminal 2 do aeroporto, passaram-se 1h50min para um percurso de 31,6km.
"Gringo" bem orientado
Uma vez no aeroporto, a reportagem de ZH guardou a credencial na mochila e se fez passar por um turista estrangeiro buscando orientações para chegar ao Parque Olímpico.
No balcão de informações, um voluntário com inglês afiado forneceu indicações detalhadas sobre as alternativas de transporte e, diante da opção pelo BRT manifestada pela reportagem, explicou um trajeto diferente do percorrido para a ida ao Galeão. Ainda assim, a economia de tempo não era tão grande: segundo o voluntário, a viagem demoraria 1h30min
Confira em imagens 360º:
LINHA 4 DA BARRA
A Barra da Tijuca é apontado como um bairro, digamos, nobre do Rio, com seus condomínios sem fim e os emergentes dentro deles. O problema sempre foi sair da Barra para chegar à Zona Sul, o portal do coração do Rio. Agora, esse problema parece ganhar soluçãor. A Linha 4 do Metrô ligará de forma mais rápida o bairro e a Zona Oeste à Ipanema e o restante da cidade. São 15 minutos entre a estação Jardim Oceânico, na Barra, e Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. A viagem, além de rápida, é em vagões modernos, com painel eletrônico. Inicialmente, estarão em operçaão seis trens com capacidade para 1,8 mil pessoas cada. À medida em que o movimento aumentar, os outros nove comprados serão colocados nos trihos.
Na quinta-feira, ZH levou 12 minutos para vencer o trajeto de cinco estações – a sexta, da Gávea, só será entregue em janeiro de 2018. Até quinta-feira, a Linha 4 estava restrita apenas aos portadores de credenciais. Depois disso, estará aberta para quem tiver ingresso do dia da competição. O preço para usar a Linha 4 na Olimpíada será salgado. O passe para um dia custa R$ 25. Para três, R$ 70, e para sete dias, R$ 160. O intervalo entre cada trem é de oito minutos.
Só depois da Olimpíada é que é que será democratizada para o restante da população – e custará o preço normal das outras linhas, R$ 4,10. A Linha 4 alarga um gargalo dos cariocas, criado pelo rochedo e o mar. Para sair da Barra e chegar a Ipanema, era preciso cruzar por São Conrado, onde uma pista simples torturava os motoristas. A paisagem era fantástico, mas até ela ficava cinza com o engarrafamento.
Para construir a linha do metrô, foi preciso fazer implosões subterrâneas na Pedra da Gávea para construção de túnel. Na Rocinha, o metro passa 13 metros abaixo da casas. Uma ponte estaiada sobre o Canal de Marapendi na entrada da Barra foi erquida de forma que ficasse fixada no solo e não afetasse o ecossistema.
VLT
Poderia ser bem mais rápido e confortável o trajeto no VLT (veículo leve sobre trilhos) entre o Aeroporto Santos Dumont e a Estação Rodoviária do Rio. São apenas 18 quilômetros e 14 estações. Mas que consumiram 47 minutos e muita paciência dos cariocas na tarde de quinta-feira. A passagem custa R$ 3,80 e há integração com o BRt – em até duas horas e meia, é possível fazer duas viagens no sistema de ônibus com a mesma passagem. O novo modal está interligado com todos os outros meios de transporte da cidade. Até mesmo com a barca.
O VLT, em si, é uma excelente ideia. Elétrico, silencioso e ecológico, ele cruza o Centro Histórico da Cidade. Passa por pontos conhecidos da Cidade, como a Cinelândia, e a Cidade do Samba e serve, principalmente, quem quer chegar ao Porto Maravilha, novo nome da região portuária, revitalizada e agraciada com os Museus do Mar e do Amanhã, entre outras atrações culturais.
O problema é que o sistema do VLT ainda carece de ajustes. Na quinta-feira, feriado no Rio, causou transtornos aos usuários. Foi possível ver os cariocas, sempre afáveis, irritados. Primeiro, havia movimento acima do normal e, para canalizar o acesso ao porto, era preciso fazer baldeação na estação da Parada dos Navios – na região dos museus. Depois, as máquinas para pagamento não aceitam cartão de débito nem dão troco. As informações dos funcionários ainda são confusas.
O VLT adota um sistema diferente, em que o próprio passageiro valida seu bilhete em leitores eletrônicos. Aposta-se na honestidade dos usuários. Há um fiscal nos veículos que transita e pede, por amostragem, para validar o cartão do passageiro. Caso ele não tenha pago, a multa é de R$ 170.
Mesmo que ande em trilhos independentes, o VLT é afetado pelo trânsito. Por vezes, cruzamentos interrompidos retardam a viagem, O motorneiro, cuja cabina mais parece um videogame com botões e telas, pode levar o veículo a até 70 Km/h. Mas a média de velocidade dificilmente passa de 30Km/h.