Caxias do Sul praticamente repetiu o desempenho do RS na venda de automóveis novos em 2024, em comparação com o ano anterior. No maior município da Serra, o incremento verificado é de 17,6%, enquanto que o Estado teve uma alta de 18,7%. Conforme o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincodiv-RS), foram vendidos 9.803 veículos no ano passado no município, contra 8.332 em 2023.
Já no RS, foram 196.804 unidades comercializadas em 2024 contra 165.761 em 2023. O levantamento inclui automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários (reboques, semirreboques, carrocerias, caçambas).
Quando trata-se apenas de automóveis e comerciais leves novos, o crescimento também é verificado. Em Caxias, foram 6.894 carros vendidos em 2024 contra 5.802 em 2023. O crescimento é de 18,8%.
Seminovos em alta
Quando se trata de seminovos, o mercado é ainda maior. De acordo com a Associação dos Revendedores do RS, a Agenciauto, apenas na categoria dos carros foram mais de 100 mil comercializados em toda a Serra. Em Caxias do Sul, foram 58.485 unidades vendidas em 2024. Em relação a 2023 é um crescimento de 6,8% – o que segue de perto o da região, que foi de 6,9%.
O presidente da Agenciauto, Rodrigo Dotto, acredita que alguns fatores levaram ao crescimento de vendas, como as enchentes. Dotto avalia que muitas famílias perderam os veículos, da mesma forma que empresas perderam frotas. E precisaram ser repostas.
— Foi um ano difícil, nós tivemos a enchente. O fato da enchente, de se ter perdido muitos carros da frota, o pessoal teve que adquirir carro de novo. O carro zero está meio caro. Então, assim, tem gente que tinha carro bem novo ou quase zero, e aí perdeu outras coisas também, casa, tudo. Daqui a pouco até poderia comprar um zero porque o seguro pagou. Mas optou por comprar um usado, financiar, e ter dinheiro para botar no negócio ou em casa — analisa.
Um temor do segmento era de que as vendas tivessem redução, pelo medo do consumidor com os chamados carros das enchentes. Dotto relata que a maior parte dos veículos recuperados da crise climática do ano passado foi vendida a outros Estados, já acostumados a trabalhar com carros nestas condições.
— O importante é que as lojas que trabalham direitinho, que são associadas à Agenciauto, as revendas de seminovos, todas têm uma análise bem criteriosa, uma avaliação para pegar o carro. E as lojas também garantem. Depois, se por um acaso o carro era de enchente, (a loja) garante, troca tudo. Então, isso deu confiança para o consumidor e o consumidor está tranquilo e segue comprando o seminovo, sem nenhum tipo de medo em relação a isso — afirma Dotto.
"Foi um ano bom"
Na loja da Betiolo em Caxias do Sul, especializada em seminovos, o gerente de vendas, Eduardo Lazzaretti, 42 anos, conta que houve uma "concentração de venda" após a crise climática. Naquele período, como relembra o profissional, chegou a faltar carro no mercado. No resumo de 2024, o gerente destaca que "foi um ano bom".
— Se tu for pegar no cenário de 12 meses, na loja aqui de Caxias é o melhor ano dos últimos cinco. Claro, se pegar maio, junho e julho foram poucas vendas. Mas em agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro as vendas vieram subindo. A venda naqueles meses (de chuva) ficou reprimida e no montante, no final dos 12 meses, foi bem legal — analisa o gerente de vendas.
Lazzaretti sente que o mesmo movimento aconteceu na venda de carros novos. Entre os modelos mais vendidos, o gerente comenta que a procura é diversificada, uma vez que a loja tem carros que partem de R$ 15 mil e vão até R$ 400 mil. O tíquete médio fica entre R$ 60 mil e R$ 80 mil.
Alguns dos mais procurados são os utilitários, na linha de picapes, em que o comprador geralmente procura para uso misto entre vida profissional e familiar, e também os carros para aplicativo. Entre eles, destacam-se Mobi, Uno, Onix, Gol e Fox.
— O utilitário é um veículo que sempre vende bem. Então, na linha de picapes, como Saveiro, Montana, Strada, é um carro que tem uma demanda muito grande, que é o cara que compra para uso pessoal, é o cara que compra para a empresa dele, é o cara que quer fazer o uso misto também. Então, o utilitário sempre vendeu bem. Hoje, nós também vendemos bastante carro para aplicativo. Então, os carros populares que chamam, que é na linha Mobi, Uno, Onix, Gol e Fox. Tem essa linha hoje também, aumenta muito para a linha de aplicativo pessoal. É um comprador fiel. E a linha Premium também. Você tem um volume menor, mas você tem o comprador também. A linha premium é a cereja do bolo — explica Lazaretti.
Em 2024, a média de vendas foi de 75 veículos por mês na loja. Desses, entre 50% e 60% são comprados com financiamentos, que o gerente vê que atualmente os bancos estão mais competitivos. Da mesma forma, Lazaretti percebeu que há uma volta do uso de consórcios — cerca de 10% das vendas tiveram essa modalidade.