Com o início do ano letivo em algumas escolas, livrarias e papelarias de Caxias do Sul sentem, nestes últimos dias, o aumento no movimento de clientes em busca de materiais escolares. Proprietários de estabelecimentos relatam um crescimento significativo nas vendas já nas primeiras semanas de janeiro e projetam um aumento ainda maior daqui pra frente.
O livreiro Humberto Gallina, com comércio no Centro, projeta um aumento entre 10% e 15% nas vendas em relação ao mesmo período de 2024. Ele também chama atenção de que há uma grande variedade de itens escolares e dá a dica para que os clientes cuidem a qualidade dos produtos.
— Acreditamos que o movimento maior seja na primeira semana de fevereiro. Alguns pais já chegam com o produto que querem comprar em mente, mas quando as crianças estão junto, na maioria das vezes são elas que escolhem — descreve Gallina.
A comodidade aos clientes é outro atrativo que algumas lojas buscam para fidelizar os clientes. É como relata Marcos Victorazzi, diretor administrativo de outra livraria no Centro de Caxias. Segundo ele, é importante facilitar para que os clientes encontrem todos os materiais da lista das crianças no mesmo lugar.
— A venda de materiais escolares é o carro-chefe da empresa, assim, trabalhamos o ano todo para que, nesta época, possamos ter um aumento no volume de vendas e, consequentemente, acréscimo de faturamento. E essa demanda já é percebida nesse início de janeiro — diz Victorazzi, que projeta um crescimento entre 5% e 6% nas vendas em comparação ao ano passado.
Em relação ao perfil dos consumidores, Luciano Michelon, sócio de uma rede de papelarias com três lojas em Caxias e uma em Bento Gonçalves, relata que muitos deles começaram a adquirir os materiais escolares ainda em dezembro do ano passado, buscando assim evitar o movimento que tende a se intensificar a partir de agora.
— Nós nos preparamos o ano todo para essa época específica, por isso, procuramos ter preços iniciais muito competitivos, que possam abranger todos os públicos. A expectativa de crescimento é sempre a melhor possível, mas buscamos entre 8% e 12% — projeto Michelon.
Variações de preços
Um mesmo produto pode ter diferentes versões e marcas disponíveis nas livrarias de Caxias do Sul, e com uma grande variação de preços entre eles. Um apontador de lápis, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 0,50 ou a R$ 49 (uma versão elétrica), conforme a pesquisa. É uma variação que pode chegar a 9.700%.
O coordenador do Procon Caxias, Jair Zauza, aconselha que, antes de ir às compras, os pais revisem quais são as condições dos materiais escolares do ano anterior para saberem o que pode ser reaproveitado. Além disso, destaca a importância da pesquisa de preços:
— É importante pesquisar em vários estabelecimentos, visto que a diferença de preços costuma ser grande. E o consumidor pode utilizar o aplicativo Menor Preço, da nota fiscal gaúcha, para analisar, conferir e comparar.
Preços mínimo e máximo dos produtos pesquisados:
- Caderno capa dura 160/200 folhas: R$ 14,99 — R$ 79
- Caderno capa dura 96/80 folhas: R$ 8,99 — R$ 54
- Monobloco pautado 96 folhas: R$ 9,90 — R$ 19,90
- 100 folhas A4: R$ 7,90 — R$ 9,99
- 500 folhas A4: R$ 27,90 — R$ 36,99
- Lápis preto: R$ 0,50 — R$ 24,99
- Borracha: R$ 0,50 — R$ 30
- Apontador: R$ 0,50 — R$ 49
- Tesoura: R$ 3,00 — R$ 29,99
- Estojo: R$ 4,50 — R$ 399
- Régua 30cm: R$ 1,50 — R$ 29,99
- Cola líquida pequena: R$ 1,19 — R$ 7
- Cola líquida grande: R$ 3,50 — R$ 12,90
- Cola bastão pequena: R$ 1,90 — R$ 16,90
- Cola bastão grande: R$ 3,00 — R$ 29,90
De olho na lista
Os olhos da pequena Rafaela Zignani, oito anos, brilhavam diante de tantas opções de cadernos e canetas em uma livraria no Centro. A mãe, a dentista Patrícia Zardo, 43, além de estar de olho nos preços, também procurava prezar pela qualidade dos materiais escolares.
— Tem que ter um meio termo na hora da escolha. Eu procuro pegar os itens que ela (a filha) mais gosta, mas não com o preço muito alto. Alguns produtos a gente cede, mas outros com o valor muito elevado ela entende que não dá para levar — conta Patrícia.
Já em outra livraria do Centro, o auxiliar aeroportuário Edpo Camapum dos Santos, 29, e a esposa, a dona de casa Kellyane Lopes dos Santos, 29, resolveram fazer as compras dos materiais dos filhos, Aquiles, seis, e Apolo, quatro, sem a companhia das crianças.
— Às vezes eles podem querer um caderno que não se enquadra bem no orçamento que a gente tem planejado, por exemplo, então optamos por sair sozinhos para fazer as compras. Mas eles vão gostar dos materiais que escolhemos — diz o pai.
Santos conta ainda que, antes de escolher a loja onde comprariam os materiais, ele e a esposa pesquisaram os valores dos itens em outros estabelecimentos.
— Alguns produtos permanecem com os preços iguais aos do ano passado, mas encontramos outros até mais baratos. A variação foi bem pequena — analisa.
O que não pode ser cobrado
Não existe uma lista com materiais proibidos para serem pedidos por escolas. Porém, a Lei Federal 12.886/2013 diz que é ilegal escolas solicitarem itens de uso coletivo ou para o funcionamento da instituição.
Esses seriam os casos de papel higiênico, giz para a lousa, pincel atômico do professor. O Código de Defesa do Consumidor também proíbe a exigência de compra de produtos de marcas ou lojas específicas, o que configuraria venda casada.
Em caso da desconfiança de algum tipo de abuso na lista de material escolar, pais, mães e responsáveis podem procurar o Procon. Em Caxias do Sul, dúvidas podem ser tiradas pelo telefone 151 e o WhatsApp (54) 99929-8190 (somente por mensagens). O atendimento presencial é feito na Avenida Itália, 109, de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h.