Lançado em setembro de 2023, o Credi Turismo já foi utilizado por 21 empresas do setor, com um montante de R$ 2,6 milhões. A iniciativa se trata de uma linha de crédito voltada para micro e pequenos empreendedores, e é uma parceria entre prefeitura, Sebrae, Badesul, Sicredi Pioneira e Cresol, com aval da RS Garanti, associação garantidora de crédito, que é considerada uma organização civil de interesse público. Para isso, foi criado um site para que os interessados possam encontrar oportunidades.
O diretor-executivo da RS Garanti, Marcelo de Lima, explica que, das 21 empresas que buscaram financiamentos junto ao Credi Turismo, 20 foram por meio do Badesul, optando, por exemplo, pelo Fundo Geral de Turismo (Fungetur), e outra com a cooperativa Sicredi Pioneira.
Lima destaca que o Credi Turismo chegou em boa hora à cidade. Isso porque o setor de serviços, em que muitas empresas voltadas ao turismo estão inseridas, foi um dos que mais sofreram com a pandemia da covid-19. Em 2024, também teve o agravamento da crise climática, com a chuva de maio que afetou os empreendimentos, fato que foi sentido pelas micro e pequenas empresas.
— Conseguimos dar uma celeridade muito grande neste processo (de liberação de crédito). Um exemplo prático, uma linha do Fungetur, se o empresário for buscar diretamente no mercado, vai demorar no mínimo 60 dias solicitando garantias reais, tem toda a esteira de crédito que entra normal. Através desse convênio, em 10 dias o recurso está liberado — descreve o diretor-executivo da RS Garanti.
Os créditos para os empreendedores são de valores que chegam a até R$ 200 mil. O Sebrae oferece capacitações para os empresários, voltados aos temas de finanças, mercado e vendas, planejamento, gestão no turismo, infográficos, leis, manual de autoatendimento e marketing digital.
A primeira empresa caxiense a buscar o financiamento foi a Vinícola Waldemar Milani, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, na Estrada do Imigrante. A empresa foi fundada em 2004 e fabrica sucos, vinhos e espumantes. Atualmente, a produção é de cerca de 80 mil litros por ano. Em 2018, foi aberto um varejo para a venda dos produtos.
Com uma média mensal que varia de 500 a mil visitantes, o diretor Fernando Milani viu a necessidade de expandir. Em outubro de 2022 começaram as obras para a construção de uma cantina, inaugurada em março de 2024. No final das trabalhos, foi necessário buscar mais valores, dessa forma conseguiu um financiamento de R$ 50 mil da Sicredi via Credi Turismo. O espaço construído fica em um local estratégico:
— Tu consegues aproveitar, estando no ambiente, a vista externa (dos parreirais) e a interna da vinícola. Eu sempre brinco que nós temos uma "pequena colônia no meio da cidade", porque é área urbana, estamos rodeados de loteamentos, mas quisemos preservar isso, para dizer que no meio da cidade tem um lugar que as pessoas podem sentar-se e voltar às origens — descreve Fernando Milani.
A nova área tem 430m² e comporta até 250 pessoas. De terça a quinta-feira, o horário de atendimento no espaço gastronômico é das 17h às 22h; na sexta, das 17h à meia-noite; no sábado, das 15h à meia-noite; e no domingo, das 15h às 21h. Eventos externos também podem ser feitos no local. Após a inauguração, o movimento de público melhorou no empreendimento familiar.
— Está crescendo (o movimento). Muitas vezes, (as pessoas) vieram para conhecer o espaço novo e acabaram virando clientes de vir buscar produtos para levar para casa. E pessoas que já eram clientes estão vindo, é uma crescente, tudo é um começo — comemora Milani.
Para reconstrução
A Vinícola Casa Onzi, no bairro Forqueta, aderiu ao Fungetur em virtude da tragédia climática de maio. A estrutura, que ficava na localidade de Capela Menino Deus, foi atingida por deslizamentos de terra no início de maio. O valor do financiamento foi de R$ 200 mil para a reconstrução do empreendimento, que agora fica na Estrada Municipal Catharina Regalin, na divisa entre Caxias e Farroupilha.
De acordo com Renita Regalin Onzi, sócia-proprietária do empreendimento, o processo foi rápido e sem muita burocracia. Ela destaca que o valor já foi repassado e que está sendo utilizado na construção do novo espaço para melhor atender os clientes e turistas, além de seguir produzindo vinhos, espumantes e sucos de uva.
— Devido a toda a situação vivenciada no mês de maio, e que impacta diretamente toda a cadeia produtiva do vinho, estamos trabalhando intensamente e somando esforços para reorganizar a indústria e varejo, e o financiamento foi importante para que pudéssemos dar os primeiros passos após a situação — descreve Renita.