A Lecar, do empresário Flávio Figueiredo Assis - que se autointitula Elon Musk brasileiro, decidiu mudar o direcionamento do projeto de um carro elétrico brasileiro que seria produzido em Caxias do Sul. A montadora desistiu do carro elétrico. Em nota enviada para imprensa, a Lecar informou que o projeto foi modificado para dar origem a um veículo híbrido.
Quando foi anunciado, em dezembro de 2023, pelo menos sete empresas caxienses foram reveladas como parceiras da montagem do protótipo. Conforme apuração da reportagem, a situação nesta quinta (4) indica que o protótipo vá ser finalizado em São Paulo.
O plano divulgado pela Lecar no ano passado era de ter a fabricação na Serra. Com a mudança de direção, a montadora não anuncia se tem um local definido para a fábrica e se Caxias segue como opção. Neste ano, a empresa tentou adquirir o antigo complexo industrial da Ford em Camaçari (BA). A estrutura, porém, foi vendida para chinesa BYD.
Anteriormente, o projeto da Lecar Model 459 previa um carro 100% elétrico com 400 quilômetros de autonomia por carga, transporte para cinco passageiros e valor de R$ 279 mil. O cronograma previa terminar o protótipo até fevereiro deste ano em Caxias e, depois, enviar para testes e homologação em Londres. A produção estava prevista para iniciar em dezembro de 2024, com demanda de 300 veículos por mês.
Agora, a única informação disponibilizada pela empresa é que o protótipo do carro, um híbrido, segue em desenvolvimento. Ainda segundo o comunicado, em abril a empresa recebeu a placa verde do Detran de São Paulo. Isso permite o início dos testes do protótipo.
A ideia é que o veículo híbrido funcione a base de etanol e energia elétrica. A montadora não anuncia um novo prazo para lançamento e nem detalhes de como será a montagem.
Justificativa para mudança
Em nota, o empresário capixaba Flávio Figueiredo Assis diz que a mudança se dá a partir de estudos. O comunicado menciona também que a infraestrutura do elétrico seria mais cara, com preços do carregador rápido a R$ 1 milhão, e que a rede para recarga não estaria desenvolvida no país.
"Ao longo do período de desenvolvimento do carro, dos testes feitos e estudos internacionais já publicados, chegamos à conclusão de que o carro híbrido é mais vantajoso para a sociedade do que o elétrico em diversos quesitos, o que nos fez redirecionar nosso posicionamento e os planos para o mercado. A ideia, agora, é que nossa tecnologia híbrida flex a etanol com tração 100% de motor elétrico, proporcione mil quilômetros com 30 litros de etanol. Temos o primeiro carro elétrico sem tomada do mundo", declara Assis na nota.
Na avaliação da montadora, os veículos elétricos seriam mais propícios para ambientes urbanos e fariam mais sentido apenas para grupos específicos, como motoristas de táxi e aplicativo, ônibus e caminhões. Por conta desses pontos afirmados e avaliados pela própria empresa é que houve a mudança de direção, diz a nota:
"Temos ótimas alternativas de híbridos atualmente no mercado, mas por preços não tão acessíveis. Por isso, nossa nova missão, a partir de agora, será reverter essa realidade, trazendo modelos híbridos muito mais aderentes à realidade brasileira e que caibam no bolso da população, contribuindo para uma verdadeira revolução inovadora na mobilidade nacional."