É quem permite viajar sem sair do lugar. Que aguça a imaginação. Proporciona conhecer novas palavras, lugares e histórias. Há até quem adote a figura do personagem central. O juntar as sílabas que formam a palavra balbuciada por uma criança aprendendo a ler. Ilustrado ou apenas em texto corrido. Que fica na cabeceira da cama ou na estante. Em cada página de um livro está um novo universo a ser desbravado. Há histórias que chegam a dar borboletas no estômago. Outras de suspense que causam um frio na espinha. Um poema para ser companhia numa tarde chuvosa. A (auto)biografia de alguém admirável.
Este ambiente infindável do mundo dos livros está acessível à população por meio de bibliotecas, escolas ou negócios comerciais, as tradicionais livrarias, entre outros locais. Um comércio físico que parecia estar perdendo espaço pela concorrência online. Em Caxias do Sul, Farroupilha, Antônio Prado, São Marcos e Flores da Cunha, segundo a Receita Federal, 74 CNPJs de estabelecimentos registrados como livrarias foram fechados desde 2014 até o momento, sendo 62 dessas livrarias em Caxias.
Mas, na contramão dos fechamentos, quem permaneceu ativo tem registrado crescimento nas vendas. Em dois estabelecimentos na região central do maior município da Serra, os proprietários estão satisfeitos com os resultados, com boa circulação de clientes e comercialização dos livros. Atualmente, 68 CNPJs estão ativos como livrarias nas cidades da Serra citadas anteriormente, também fiscalizadas pela Receita Federal de Caxias do Sul, esta que concentra o maior número: 56.
A quantidade de lojas, referente a setembro deste ano, está dentro de um universo de 293 livrarias no Rio Grande do Sul, segundo o 5º Anuário da Associação Nacional de Livrarias (ANL), divulgado no último dia 18 de setembro. Os dados do anuário são do segundo semestre de 2022 e do primeiro de 2023. O último balanço divulgado pela ANL, em 2013, em comparação com o publicado neste ano, aponta uma redução de 1,8% no número de livrarias no Brasil: caiu de 3.025 para 2.972. A associação considera esse percentual mínimo.
As livrarias que permaneceram ativas também se reinventaram. Oferecem atrativos como vendas online e eventos entre os livros. Especialistas também dizem que houve um aumento na leitura desde a pandemia da covid-19, quando as pessoas precisaram ficar em casa e optaram por ampliar os conhecimentos.
— As pessoas leram mais na pandemia. São pesquisas que apontam e o indicativo é a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que superou todas as bienais de venda. Foram 5,5 milhões de livros vendidos, superando a de 2022, que chegou a 4 milhões. Isso significa que as pessoas querem ler livros. Mas, para que elas possam consumir livros, ele precisa estar na presença delas — defende o presidente do Instituto de Leitura Quindim, Volnei Canonica.
Um hábito que é celebrado em milhares de cidades pelo Brasil anualmente e que até 15 de outubro ganha uma programação especial com a 39ª edição da Feira do Livro de Caxias do Sul, realizada na Praça Dante. São 17 dias de programação, com o tema Na leitura nos encontramos, a feira tem Francisco Michielin como patrono e Aline Luz como amiga do livro.
Confira a seguir os nichos explorados por quem mantém vivo este negócio que dissemina conhecimento a quem está aberto a este mundo inesgotável de informações.
"Minha maior fonte de informação são os clientes"
Aberta desde 1990, a livraria Colecionador começou como sebo, mas, mais de três décadas depois, o principal produto comercializado atualmente são os livros novos, que se destacam no primeiro andar do estabelecimento situado na Rua Pinheiro Machado, no centro de Caxias. O proprietário, Fernando Berti Rodrigues, acredita piamente na importância do segmento de negócio para a sociedade.
— A gente tem uma paixão muito grande pelo que a gente faz. Faz com muito carinho, muita dedicação e muita pertinência. Tem que estar atento ao que está acontecendo, para acertar nas compras, no produto. Eu aprendo muito, talvez a minha maior fonte de informações seja a clientela — complementa Rodrigues.
No caminho inverso de quem fechou os negócios, a Colecionador vem registrando um crescimento nas vendas nos últimos anos. O proprietário aponta um aumento médio de 20% ao ano. Além do sentimento envolvido para tocar o negócio, outra questão apontada pelo livreiro é a aposta nos produtos nerd, muito requisitados pelo público mais jovem.
— Trabalhamos com card games (espécie de jogos em cartas), com board games (jogos de tabuleiros), com HQs (histórias em quadrinhos). Talvez a gente seja uma das maiores mangaterias do Estado. Conseguimos surfar na onda e hoje a gente tem uma fidelização muito grande de clientes. Isso faz com que a gente já tenha uma clientela formada — comemora Rodrigues.
Eu vejo que alguns clientes entram na livraria e fazem selfie. Mostrando que estão em uma livraria
FERNANDO BERTI RODRIGUES
Proprietário Livraria Colecionador
São muitas histórias curiosas vivenciadas pelo proprietário da loja com a visita dos jovens:
— Eu vejo que alguns clientes entram na livraria e fazem selfie. Mostrando que estão em uma livraria. Coisa que há 10, 15 anos atrás era trivial. Para muitos jovens, é a primeira vez que eles estão entrando em uma livraria, por incrível que pareça. A experiência de tu estar dentro de uma livraria é insubstituível. Tu conversa com as pessoas, tem a orientação de um livreiro, isso faz muita diferença.
Outra avaliação de Rodrigues é de que o cliente está se dando conta de que o preço não é tudo. No mercado dos livros, o imediatismo de sair de uma livraria com a obra desejada - ou para presente - tem pesado na hora da compra. Para concorrer com grandes empresas que fazem venda online de livros, Rodrigues implementou a entrega imediata e com frete grátis para compras acima de R$ 100, na loja virtual.
"A gente quer aproximar as pessoas dos livros"
Na música Nem Um Dia, Djavan canta "um dia frio, um bom lugar pra ler um livro" e poderia estar falando da livraria Do Arco da Velha. Quem vê a casa, com apenas uma porta e uma janela, na Rua Dr. Montaury, no Centro, se surpreende ao entrar e encontrar os vários universos organizados pelas prateleiras.
— Não é só um comércio. É um comércio fundamental para a sociedade, para a educação, para uma melhoria de vida em diversos aspectos — define o proprietário, Guilherme Martinato.
Para fazer esse negócio funcionar, a livraria também implementou uma cafeteria. Nos 18 anos de história, já foram realizados mais de 900 eventos, entre sessões de autógrafos, oficinas, palestras, debates e feirinhas.
— A gente quer aproximar as pessoas dos livros, por isso existem livros perto de onde as pessoas vão sentar. Por esse motivo a gente trabalha com muitos eventos. A gente abriu as portas para isso, sempre estimulou isso, sempre quis movimentar a cena — afirma Martinato.
O modo de gerir a livraria fez com que o espaço sempre conquistasse novos clientes, assim como tem fortalecido os mais fiéis frequentadores.
Estamos em uma fase bem bacana de trabalhar, crescente, claro, muito pé no chão, trabalhar com livro é muito difícil
GUILHERME MARTINATO
Proprietário Do Arco da Velha
— Óbvio, devagarinho, porque são momentos, estamos em uma fase bem bacana de trabalhar, crescente, claro, mas muito pé no chão, pois trabalhar com livro é muito difícil. O passinho que se dá tem que ser muito bem medido, não pode pisar errado, se não tu volta muito para trás. Um passinho por vez, felizmente com pessoas muito boas, é (um mercado) ligado ao prazer, autoconhecimento, lazer — acrescenta o livreiro.
A preocupação de Martinato fica para um futuro muito distante. De que, em uma realidade, as pessoas fiquem desacostumadas a frequentar livrarias, de que haja dificuldade para encontrar colaboradores para o setor. Mas garante: não será nessa geração.
— A gente recebe muita gente de fora, muita gente de outras cidades vêm aqui. Acho que os hotéis indicam. Muita gente também viaja até aqui para conhecer a livraria, então tem essa relação bacana. Tem pessoas novas, também tem pessoas que frequentam todos os dias. Hoje a gente atende desde as crianças pequeninhas até os mais velhinhos — conta o livreiro.
Aliás, é para a produção do infanto-juvenil que Martinato destina muitos os elogios. Ele acredita que a experiência dos livros, principalmente para os pequenos, com mais interação, é diferenciada, ajudando mais na "humanidade, em questões psicológicas, sociológicas, de educação, de melhoria de vida, de melhoria de nação". Um mercado de livros infantis e juvenis que resiste à avalanche das telas.
Um bom 2023 nas vendas
A atual gestão da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Livraria - a qual atua desde 2019 - tem registrado bons números desde o fim das restrições da pandemia. Para a coordenadora, Marília Costa, o fato do local ter cafeteria e papelaria, além dos livros, contribui para a movimentação. As terças, quartas e quintas-feiras são os dias de maior fluxo, de acordo com a coordenadora, com venda diária de mais de 20 exemplares.
Agora vejo, este ano, que está tendo mais movimentação, tem dias que vende muito bem livros
MARÍLIA COSTA
Coordenadora da UCS Livraria
— As pessoas entram aqui, muitas vezes, para tomar um café, para pegar alguma coisa na papelaria e aí se deparam com livros. É um diferencial que a gente tem, que traz as pessoas aqui pra dentro e acaba comprando um livro. Agora vejo, este ano, que está tendo mais movimentação, tem dias que vende muito bem livros, as pessoas ainda têm interesse — comenta Marília.
A coordenadora defende que o contato com a prateleira não é o mesmo que uma compra na internet. Para atrair a clientela, campanhas de descontos e eventos de lançamentos de livros também são realizados. Outro ponto é a retomada das pessoas em relação às compras presenciais, em busca de maior contato com os produtos. Entre 2022 e 2023, as vendas aumentaram em 5%.
— Nós temos um desconto agora fixo para funcionários, alunos e ex-alunos da instituição, tanto no livro, quanto na papelaria e no café. Fora isso, a gente também faz desconto para gente de fora. O mesmo desconto na Feira do Livro também terá aqui na livraria, por exemplo, em outubro a gente faz desconto para livros de terror (em função do Dia das Bruxas) — acrescenta Marília.
"É a nossa missão propagar a leitura"
Entre as três livrarias de Flores da Cunha, a Almanaque Cultural, na Avenida 25 de Julho, está com as prateleiras exclusivas para os livros há quatro anos. Próximo ao campanário, a livraria de Sandreli Berner Marteninghi está no meio da história florense, com um universo de histórias prontas para serem lidas. O ponto, por sete anos, era uma banca de revistas com alguns exemplares de livros. Hoje, as revistas deram espaço para os livros, desde que Sandreli assumiu o local.
— Eu acho que é uma paixão de infância, adormecida. Eu sempre gostei muito de ler e durante um período da minha vida eu não tive acesso. Aos 30 anos, eu decidi trabalhar dentro de uma escola e aí eu entrei em uma biblioteca e descobri que aquele amor estava adormecido e ele reviveu — relata a livreira.
Hoje, o público principal do local são os adolescentes, os quais são alimentados por dicas que Sandreli busca nas redes sociais mais usadas pelos jovens. Ela destaca que é o público mais fácil de trabalhar, pois estão abertos ao conhecimento e ao novo. E a boa relação surtiu efeito nas vendas.
Teve muito tempo que eu só sobrevivi e agora a gente está vivendo a melhor fase da livraria
SANDRELI BERNER MARTENINGHI
Livreira da Almanaque Cultural, em Flores da Cunha
— Teve muito tempo que eu só sobrevivi e agora a gente está vivendo a melhor fase da livraria porque as pessoas conhecem mais ela. Sabe quando uma criança começa a caminhar? Eu acho que esse é o passo. Aos quatro anos, ela já está caminhando mais livre — celebra a proprietária.
Para a livreira, abrir o local, que conta também com cafeteria, é estar cumprindo o seu propósito. Inclusive, este entendimento veio de livros que Sandreli leu para tomar coragem e se arriscar no empreendedorismo.
— É a nossa missão propagar a leitura. Toda vez que eu vejo uma criança com um livro na mão, com os olhinhos brilhando, com essa esperança de que a leitura vai salvar ela de alguma forma, eu sinto meu propósito — diz Sandreli, também com brilho nos olhos.
A necessidade de redução dos livros
Neste mercado, também há quem migrou para outros produtos, mas manteve uma pequena quantidade de livros. Há cinco anos, o proprietário da Papelaria Gallina, Humberto Gallina, resolveu parar de comercializar livros, que, inicialmente, correspondia à metade do mix de produtos disponíveis. Atualmente, restaram 5%, sendo totalmente focado apenas no púlbico infantil.
— A gente tem que ter variedade, porque só com o livro a gente não vai conseguir se sustentar. A gente começou com livro e material escolar, aí a gente foi reduzindo os livros e atualmente só temos infantil, que é o que ainda gira. Então, a gente precisou ir para o lado dos brinquedos, com mais itens para presentes — ressalta Gallina.
Para permanecer tendo saída, o proprietário explica que o livro não pode ser apenas de leitura, mas precisa ter algo interativo, como um quebra-cabeça, um dominó, jogo de memória ou gravuras para a criança pintar.
— A venda está mais ou menos como o ano passado. O pessoal está sentindo, por causa do dinheiro. Algum presentinho sempre vende, mas o tíquete médio caiu — diz Gallina, que foca hoje nas vendas de material de papelaria, brinquedos e bazar.
"Eu tive a vida que sempre sonhei ter"
Engana-se quem pensa que a relação de Maneco com os livros começou com a própria livraria, há mais de 40 anos. O livreiro mais conhecido de Caxias saiu de Nova Pádua para Caxias para estudar e trabalhar e, logo na primeira oportunidade, aos 13 anos, já era com livros. Foram seis anos e meio na Sulina e três anos e meio na Paulus. Foi em 1980 que surgiu a Livraria do Maneco.
— Trabalhei lá 42 anos e sempre se fez um trabalho para atender o mercado de Caxias e região e tivemos também a oportunidade de ampliar o nosso mercado para outros municípios, como Passo Fundo, Bento Gonçalves, Porto Alegre. Mas o mercado do livro foi se enxugando, as escolas foram adotando cada vez menos livros, as universidades também começaram a não exigir tanto a compra de livros e assim o mercado foi reduzindo — relata Maneco.
Arcangelo Zorzi Neto, como consta nos documentos, passou em 2022 de livreiro para consumidor de livros. Além do enxugamento do mercado, outro fator que definiu o encerramento do estabelecimento, na Rua Marechal Floriano, foi a necessidade de cuidar da saúde.
— Eu não queria morrer trabalhando, eu já tenho problemas sérios de saúde e eu tenho que cuidar bem dela enquanto estiver aqui nesse mundo. Eu sempre digo para os meus amigos que se eu morrer amanhã, saibam que eu morro feliz porque eu tive a vida que sempre sonhei ter — garante Maneco.
Eu sempre digo para os meus amigos que se eu morrer amanhã, saibam que eu morro feliz
MANECO
Ex-livreiro em Caxias e eterno apaixonado por livros
O que era trabalho, hoje é lazer. O eterno livreiro tem uma biblioteca de brilhar os olhos de qualquer ser humano. E o acervo segue sendo abastecido com lançamentos editoriais de interesse de Maneco.
— Tenho livros que coloquei na minha biblioteca no decorrer da minha história, da minha vida e que eu não tive a oportunidade de ler. Então estou lendo, relendo aqueles que acho maravilhosos, fantásticos. Tenho livros de História, de Filosofia, da literatura nacional, da internacional, dos grandes escritores, então eu tenho um acervo privilegiado. Sempre que surge um título que me desperta a curiosidade da leitura, eu vou até a livraria e adquiro, porque acho que, como bom leitor e um livreiro da vida inteira, eu não posso ficar sem ler — opina o agora leitor.
E, como todo leitor, tem suas manias. Maneco gosta dos livros físicos para fazer observações, destaques e também anotações.
— Agora vamos ter uma Feira do Livro, que esperamos que a população realmente frequente, que ela vá realmente comprar livros, que o livro seja realmente um produto consumido — declara Maneco.
"Livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas, os livros só mudam as pessoas"
A frase do poeta alegretense Mário Quintana retrata o que os especialistas falam sobre o tema: a leitura é fundamental ao ser humano e, consequentemente, ao mundo. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita em capitais brasileiras, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), aponta que, em Porto Alegre, 26% compraram livros em papel ou em formato digital nos últimos três meses. Desses, 52% foram em livrarias físicas, 12% em sebos ou lojas de livros usados e 12% em bienais ou feiras de livros. A edição, última lançada pelo IPL, foi divulgada em 2019, antes da pandemia de covid-19. Confira o que dizem os especialistas:
Volnei Canônica
Presidente do Instituto de Leitura Quindim e ex-diretor da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura
— Qual é o impacto disso (fechamento de livrarias)? Primeiro, é a ausência do objeto livro no cotidiano da sociedade, o que faz com que as pessoas não tenham interesse a esse objeto, faz com que as pessoas tenham dificuldade em ter acesso a qualquer meio cultural, deixa de conhecer e acaba não consumindo e não gostando. A livraria, principalmente as de rua, de bairro, ela tem contato direto com aquele consumidor, aquele leitor que vai criando um laço com essas pessoas e que vai ajudando elas a conhecer novas obras, fazendo um processo de formação desses leitores — defende Canônica.
O especialista em Literatura Infantil e Juvenil defende a lei do preço fixo e que haja mais políticas públicas para incentivar as livrarias, como isenção de IPTU e um maior investimento na Educação, incentivando que crianças adquiram o gosto desde cedo. Ele também acredita que a pandemia da covid-19 fez com que as pessoas buscassem mais a leitura.
— A gente pode se tornar leitor em qualquer parte da vida, mas se a gente começar desde cedo, a gente consegue criar um gosto pela leitura, consegue criar uma afinidade.
Bernardo Bueno
Coordenador do curso de Tecnologia em Escrita Criativa e professor do curso de Letras da PUCRS
— As pessoas que continuam lendo mantém aquela média de livros por ano, mas a quantidade de pessoas que têm o hábito de ler tem diminuído. O Brasil tem enfrentado crises econômicas desde 2015 para cá e essas crises impactaram o setor editorial bastante — opina Bueno.
O professor e escritor destaca que são necessárias livrarias de bairro - como são chamadas as livrarias pequenas e médias -, para que haja um espaço de convivência, com possibilidade de troca e de encontros, além de realizações de saraus, lançamentos de livros e de cursos.
— Quem gosta de ler e gosta de ler livro impresso vai continuar fazendo isso, mas quem está aprendendo e precisa desse estímulo para aprender a ler, aprender a gostar de ler, precisa ter uma variedade grande de tipos de livros, de gêneros literários, de lugares onde pode conviver com livros.
Fábio Hoffmann
Diretor da Culturama Editora
— Eu acho que o livro é muito caro no Brasil e isso afasta leitores. O maior impacto é nas classes C e D. Apesar de argumentarem que ele subiu menos que a inflação, ele é muito caro — considera Hoffmann.
Um fator que também impactou o mercado das livrarias, na visão do diretor da Culturama, foi a troca do livro didático no material escolar para a apostila. Entretanto, ele afirma que esse dado não é analisado separadamente.
— O que as crianças precisam é de livros físicos. As crianças já têm uma exposição muito grande à tela nas horas de lazer, que por mais que os pais regulem, é muito difícil de controlar. Na escola, ela tem que conviver com os livros. Em casa também, mas na escola, preferencialmente, tem que ser com livros físicos.
Lei do preço-fixo ou Cortez
Defendida pelos livreiros entrevistados e citada por Volnei Canônica, a lei está no Senado desde 2015. Inspirada na lei de mesmo nome, da França, o Projeto de Lei regulamenta o preço no primeiro ano do lançamento dos títulos de livros e também busca garantir a livre concorrência e oferta acessível aos leitores.