Do outro lado do oceano Atlântico, atende ao telefone o médico e escritor Francisco Michielin. Escolhido na última quinta-feira (6), à tarde, como o patrono da 39ª edição da Feira do Livro de Caxias do Sul, antes de tratar de literatura, quis falar de futebol, uma das paixões de sua vida.
— Estou na Ilha da Madeira, terra do Cristiano Ronaldo. Por incrível que pareça, por coincidência, o hotel onde estou fica defronte à mansão do Cristiano. É um casarão grande de 3 ou 4 andares. O Cristiano não está em casa, só vejo daqui a mãe dele, a Dolores (Maria Dolores dos Santos Viveiros da Aveiro) — descreve Michielin, que está em Portugal por conta do aniversário de 80 anos, a celebrar no dia 17.
A descrição, apesar de verbal, é em tom de crônica, outra de suas paixões nesse mundo da literatura. Neste ano, deve publicar mais duas obras, chegando à marca de 18 livros na carreira.
— Estou chegando, nesta Feira do Livro, ao 18º livro. Porque tenho o livro 110 Anos do Juventude que, segundo o meu editor, o Guilherme Martinato, deverá ser lançado no dia 14 de outubro, na feira. E tenho ainda um livro que vou lançar no Rio de Janeiro. Eu escrevi a história do grande Botafogo do Nilton Santos, Garrincha e Didi, que deve ser lançado no final do ano — revela Michielin.
A respeito do título de patrono, honraria máxima e tradicional das feiras do livro, confessa que nunca havia pensado, postulado ou feito campanha para isso.
— Ser patrono é mais do que um título, é um prêmio. Mas quero, sobretudo, dizer que estou feliz e emocionado, porque eu me considero um cidadão de Caxias do Sul que ama a sua cidade e quero repartir essa alegria com todo mundo. É como se cada habitante de Caxias, meu conhecido ou não, estivesse fragmentado em mim, e formássemos um grande corpo.
Quando perguntado sobre a justificativa da escolha do seu nome por um colegiado formado pela Secretaria da Cultura, pela Direção do Livro, pela Literatura e Leitura, pelo Programa Permanente de Estímulo à Leitura, pela Academia Caxiense de Letras, pela Associação dos Livreiros Caxienses e pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais, ele foi buscar lá no baú de memórias afetivas a sua relação com o jornal Pioneiro.
— Eu acho que levaram em conta que eu comecei a escrever no Pioneiro com 14 anos e meio. Aliás, só do Pioneiro, que eu tenho contabilizado, eu escrevi mais de 2 mil artigos. Eu diria artigos, porque publiquei crônicas, comentários, reportagem e entrevistas. Isso deixou, digamos, uma coleçãozinha de coisas pra cidade e pro meu jornal querido, do meu coração _ diz Michielin.
O seu primeiro editor, no Pioneiro, lembra o médico e escritor, foi o Mário Gardelin, em 1958.
— Ele me disse assim: "Olha guri, tu leva jeito, escreve direitinho, daqui uns dias vou te dar uma coluna fixa". E não é que, depois de dois ou três meses, ele me deu uma coluna fixa? — recorda.
Michielin diz que volta a Caxias no dia 23 de julho, quando pretende se integrar à organização e às atividades da 39ª Feira do Livro de Caxias do Sul.