Todos os anos, a Serra recebe milhares de turistas que querem conhecer as paisagens encantadoras e a saborosa gastronomia da região. Principalmente desde a pandemia, um novo perfil de visitante vem ganhando força na região: aquele que quer experienciar aventuras e ter mais contato com a natureza. Parques, fazendas e outros espaços apostam nesta mistura, com atrações como bungee jump, parapente e até rede suspensa em cachoeira (conheça as atrações abaixo), e procuram sempre se atualizar para que o aventureiro ou, simplesmente, amante da natureza, continue retornando.
A Secretaria de Turismo do RS (Setur) aponta que o crescimento na pandemia se deu pela sensação de segurança trazida pela prática do turismo de natureza, que engloba o turismo de aventura. Um dado citado pela pasta é o aumento na abertura de campings no Estado, entre os anos de 2020 e 2022. O crescimento foi de 53%, com 132 áreas sendo constituídas.
— Posso afirmar que vai ser um dos segmentos mais explorados ainda. Isso porque os empresários já deram o sinal: oportunidades que as experiências ao ar livre proporcionam para quem consome. O turista, na verdade, quer o respeito de tudo que ele vê com a natureza. Então, temos que entender juntamente com o investidor e com a pesquisa sobre a mente do turista, o que ele pretende — afirma o secretário de Turismo do RS, Vilson Covatti.
Covatti também chama a atenção para o aumento da abertura de empresas que realizam transporte e passeios de turismo aquático: 250% entre 2020 e 2022. O secretário lembra que a tendência gera empregos e movimenta a economia como um todo. O titular da pasta explica ainda que todas as regiões do Estado têm potencial para o segmento.
— Qual município ou região turística que não tem turismo de natureza? Há poucos dias, estive lá em Chapada (município no Noroeste gaúcho). Tem lá a Rota das Cascatas, com cinco cascatas maravilhosas. O que falta lá? Infraestrutura. As belezas que Deus nos deu, estão lá. Com respeito à natureza, que é exigência do turista, o empreendedor e o poder público têm que dar condições para que o turista visite essas belezas naturais, contemplando a natureza — declara Covatti.
No setor do turismo, o Estado investiu R$ 198 milhões com o programa Avançar. Na Serra, Bento Gonçalves foi contemplada com projetos do turismo de natureza. No município, R$ 2 milhões serão investidos na Ciclovia dos Vinhedos.
As atrações e novidades
Todas as microrregiões da Serra possuem atrativos para o turista que busca aventura. Seja na Região Uva e Vinho, na Região das Hortênsias ou nos Campos de Cima da Serra. Confira abaixo alguns destes territórios da Serra e o que pode ser encontrado neles.
Região Uva e Vinho
De acordo com a Associação de Turismo da Serra Nordeste (Atuaserra), atualmente, o turismo de aventura representa 10% do movimento em cada município da Região Uva e Vinho.
A diretora executiva da Atuaserra, Beatriz Paulus, lembra que o segmento evoluiu na região desde que começou com o rafting (descidas em corredeiras com botes infláveis) no Rio das Antas, há 20 anos. Hoje, são nove operadoras, que, seguindo as regras de segurança, oferecem essa atração, além de rapel, tirolesa, passeio de quadriciclos, entre outras opções.
— A minha expectativa é muito grande em relação ao turismo de natureza e de aventura. Além disso, nós ainda temos a grande possibilidade de sermos um território de contemplação. Olha quantos são os topos de morros, não preciso mexer em nada. Mas, alguém pode ficar ali para observação das mais diversas espécies, árvores, da constelação, da lua cheia… — acredita Beatriz.
Para Beatriz, é natural que mais investimentos surjam no futuro na região. O que falta, como afirma a diretora executiva, é o olhar para ativar espaços com potencial.
— Chegando aqui na Serra, não consigo entender como não temos investimento maior no turismo de aventura. Vemos gente trazendo conflitos em territórios para transformar áreas verdes em outras coisas, em grandes edificações e tudo mais, quando temos toda essa paisagem que poderia ser ativada para efetivamente se tornarem grandes atrações na área do turismo — comenta Beatriz.
A entidade avalia que, atualmente, o município com o melhor exemplo da região da Uva e Vinho é Nova Roma do Sul. A cidade é identificada com este segmento e com o turismo rural.
Nova Roma do Sul, a casa dos esportes radicais
Para quem não conhece, Nova Roma do Sul pode parecer uma pacata cidade de quase 4 mil habitantes. Mas, diferentemente de outros municípios da Serra, que têm o enoturismo e a vitivinicultura como principais atividades, a cidade vizinha de Antônio Prado é a casa dos esportes radicais na região. O reconhecimento é ganho graças ao Eco Parque Cia Aventura, responsável por movimentar o turismo e a economia local.
Fundado em 2008, o parque mantém marcas da região desde a sua origem. O proprietário, Julio Cesar de Borba, que já trabalhava com rafting antes, teve a ideia de transformar a propriedade do sogro, que antes tinha foco na agricultura, no parque de aventura após uma visita ao município de Brotas (SP), outro destino dos aventureiros no Brasil.
O carro-chefe do parque é o rafting, praticado no Cachoeirão do Rio das Antas. Mas outra atração marcante na história do parque é a tirolesa, que inspirou o empreendimento. Dividida em três trechos, ela aproveita a vista deslumbrante do Vale do Rio das Antas. A atividade é um verdadeiro passeio contemplativo. O turista pode ir sentado ou deitado, como se estivesse voando. No trajeto, o aventureiro percebe um leve vento e um sentimento de paz, acompanhado do olhar único da paisagem natural.
Como descreve o coordenador do parque, João Paulo Cassettari, a tirolesa é um "quebra-gelo" para os visitantes. Sugerida como uma das primeiras experiências, ela tranquiliza os turistas, principalmente os mais receosos, e demonstra como os equipamentos utilizados nas atrações e a estrutura são seguras. Isso dá coragem para que os visitantes experimentem atrações “mais radicais”, como o super jump ou até o bungee jump.
— O pessoal vem para a cidade para fazer o rafting. E aí ele chega aqui e se depara com um leque de atividades que pode se divertir. Então, começa desde o desafio com os animais, como superar o medo de pegar em uma cobra, e dali ela está pronta para uma tirolesa, ou um bungee jump — relata Cassettari.
Bike aérea, super jump, contato com cobras e novas atrações
Segundo João Paulo Cassettari, o Eco Parque sempre busca inovar nas atrações. O parque, por exemplo, foi o primeiro do Brasil, em 2014, a ter um bungee jump em plataforma fixa - em uma estrutura de 65 metros de altura. Outras inovações foram o Super Jump no Abismo e a Bike Aérea. No caso do primeiro, o aventureiro é preso a uma cadeira e lançado de uma plataforma, como se fosse um balanço gigante, em direção ao abismo do parque. Ele fica a 100 metros de altura e ainda proporciona a vista do vale. Confira abaixo a experiência da reportagem.
Já a Bike Aérea está entre duas plataformas, com um trajeto de 700 metros a 30 metros de altura. A bicicleta fica presa à estrutura, bem como o turista. Com essa segurança, é um passeio de bike nos ares, podendo olhar o parque de cima. Para famílias, há a opção de colocar as crianças em uma cadeira fixa à bike.
Outras atrações são o rapel na cascata, arena de saltos, arvorismo, balanço freedom, passeio de quadriciclo, escalada e quick jump, playground e a apresentação de cobras, em que o turista pode ter contato com uma píton e uma jiboia, adestradas, sem veneno e bastante dóceis e devidamente autorizadas pelos órgãos ambientais.
Como conta o coordenador, são atrações para todos os públicos. Mesmo com essas opções, em 2023, mais uma novidade será lançada. Sem revelar o que é, o coordenador adianta que a previsão é para metade do ano.
— O parque não para. Todo ano a nossa motivação é inovação. Todo ano tem alguma atividade nova. Se você está vindo hoje e volta na próxima temporada, com certeza vai encontrar uma nova atividade — adianta Cassettari.
Para aproveitar toda a estrutura, o parque ainda oferece hospedagem, seja na pousada construída no casarão da propriedade ou em cabanas. A capacidade para estadia, hoje, é de 70 pessoas. O movimento no parque aos finais de semana, porém, é maior que a capacidade de estadia, chegando a 300 pessoas. Por isso, a cidade e os municípios vizinhos também ganham movimentação.
— Antes do parque, era uma cidade do interior que vivia basicamente com agricultura e o parque trouxe um novo leque. Traz um movimento desde as hospedagens. Nós temos capacidade de 70 hospedagens. O que passa disso vai para Nova Roma, para Antônio Prado que é do lado. Novas pousadas vêm surgindo na cidade — observa o coordenador do Eco Parque.
:: Serviço
A entrada do parque custa R$ 12. As atrações variam de R$ 39 a R$ 199. Há a opção de um passaporte diário para aproveitar todas as atividades. O parque funciona aos finais de semana, das 8h às 18h. Durante a semana, o Eco Parque pode abrir a partir de agendamentos para grupos, como de empresas ou escolas.
Maior bungee jump do Brasil em Bento Gonçalves
Em Bento Gonçalves, o Parque de Aventuras Gasper tem uma unidade voltada para o turismo de aventura, na Linha Eulália Alta. Prestes a completar 10 anos, o parque tem como principal atração o bungee jump, que, segundo os proprietários, é o maior do Brasil. O aventureiro salta de uma plataforma a 150 metros de altura e tem uma queda entre 40 metros e 60 metros.
— Tem esse nome pesado e acaba atraindo muita gente por causa disso — destaca o diretor Fabiano Sperotto.
Outras atrações do Gasper são tirolesa, escalada, arvorismo, passeio de quadriciclo, paintball, tiro ao alvo, rapel, estilingue (em que o aventureiro é lançado na vertical, por dois elásticos laterais, de uma altura de 15 metros), e o Superman, em que os turistas são lançados de uma torre de 40 metros e ficam a 180 metros de altura.
O parque, que recebe entre 25 mil e 30 mil turistas por ano, também adaptou atrações para crianças e adolescentes, dando uma oportunidade para que toda família aproveite o turismo de aventura.
— Nós temos uma régua reguladora, que também está no nosso site, com as medidas das alturas das atividades. Mas, crianças bem pequenas já podem fazer escalada artificial, tirolesa, arvorismo ou estilingue. Outros, por exemplo, com mais de 1,30m, podem ir na carona do quadriciclo — explica o diretor.
A novidade para 2023 é o salto de pêndulo. Nele, o turista pula de uma plataforma, na mesma altura do bungee jump, em direção ao vale. Sperotto diz que o parque não trabalha com agendamentos, mas aventureiros que frequentam o Gasper fazem questão de deixar o nome em uma lista para serem os primeiros a curtir a nova atração.
::Serviço
A entrada custa R$ 10, tendo acesso a restaurante, belvederes, estacionamento, churrasqueiras. As atividades são pagas separadamente, em valores individuais que variam de R$ 20 a R$ 150. Há opções de combos.
O salto no bungee jump
Para quem busca adrenalina na Serra, o bungee jump é o maior desafio. No Gasper, a plataforma de 150 metros é intimidadora à primeira vista. Mas, como afirma um membro da equipe do parque aos turistas em dúvida sobre um salto, “o maior arrependimento será se tu não saltar”. Antes do pulo, os monitores do parque, na cabine da plataforma, equipam os aventureiros, que vêm até de fora do país, como do Uruguai.
Todos são amarrados a um equipamento de proteção, como se fosse um exoesqueleto, preso entre a cintura e o tronco. Um segundo equipamento é preso aos tornozelos. Nela, estará a corda elástica para o salto. Antes do aguardado momento, o monitor explica que a corda tem uma fita de segurança extra, que é estática e suporta uma carga de 2.500kgf (quilograma-força).
Antes do salto, a grande tensão está quando pedem que o turista coloque as pontas dos pés para fora da plataforma, se posicionando de maneira adequada para o pulo. A expectativa termina apenas na contagem regressiva de três. É uma rápida queda. Até o elástico esticar e puxar, a sensação de quem salta é como se estivesse sem nada - nem sentindo o próprio corpo. Segundos depois, quando a corda “puxa”, é como se o aventureiro voltasse à realidade. Na subida de retorno à plataforma, o esportista pode aproveitar uma vista fascinante, com o corpo tomado por adrenalina. Veja abaixo a experiência da reportagem:
Vindo de São Paulo, o autônomo Samuel Diniz Santos, 24 anos, descreve o momento como libertador. Turista que busca aventuras, já tendo feito rapel, rafting, paraquedismo e até snowboarding, Santos, que não tinha intenção de dar o salto quando foi ao Gasper, terminou admitindo que teve uma experiência única.
— Foi libertador. Dá medo, dá tremedeira. Mas eu gosto de fazer turismo de aventura, porque a adrenalina que a gente sente, me faz sentir vivo, o oposto da morte — descreve o turista ao lado da noiva, Jade Moraes, 23, que ficou apreensiva no momento do salto.
Campos de Cima da Serra
Nos Campos de Cima da Serra, o turismo de aventura é uma das frentes trabalhadas pelo Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região dos Campos de Cima da Serra (Condesus), ao lado do ecoturismo e do turismo rural. O turismólogo da entidade, Éverton Kaizer, explica que o turismo de aventura aparece ligado ao ecoturismo, principal segmento do setor na região.
Bem como outras regiões da Serra, os municípios contam com parques estaduais, nacionais, além de opções de cascatas e cachoeiras. Hoje em dia, o turismo de aventura está cravado, principalmente, em Cambará do Sul, São José dos Ausentes e São Francisco de Paula.
Em março, o Condesus lançará um plano estratégico regional voltado para o turismo. Serão 32 metas com ações dentro do segmento nos municípios, com o prazo de conclusão até 2025.
— Com certeza vai atingir o turismo de aventura, visto que é uma das nossas potencialidades na região — planeja Kaizer.
Um novo tipo de fazenda
A procura maior pelo contato com a natureza fez com que uma fazenda em Bom Jesus mudasse o foco. Formado em turismo, Alex Boeira transformou a propriedade da família em um camping, com acesso a cachoeiras como um dos atrativos - o que justifica o nome Fazenda das Cascatas. O início foi um pouco antes da pandemia, ao notar que as pessoas começaram a procurar esse tipo de turismo ao ar livre. Mas, a “explosão” do movimento veio na pandemia.
— Temos a visita às cachoeiras, às trilhas. Nessa época do ano (verão), principalmente, o pessoal gosta muito de vir tomar banho de cachoeira — conta o proprietário.
Além do contato com a natureza, os turistas podem ter um típico café rural. Com o funcionamento de sexta a domingo, a Fazenda das Cascatas também lançou deques de madeira para as barracas dos turistas. Neles, os visitantes podem acompanhar o amanhecer ou o pôr do sol.
— Somos os pioneiros dessa ideia. Chama muita atenção — garante Boeira.
A alta temporada na fazenda é no verão, em que os finais de semana lotam. O empreendimento recebe de 35 a 40 pessoas por final de semana, número que foi definido com o objetivo de focar na qualidade do atendimento. O atrativo de Bom Jesus recebe turistas de vários estados, como Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em datas especiais, a Fazenda das Cascatas oferece experiências como rapel na cachoeira, rede suspensa na cachoeira e o balanço infinito.
:: Serviço
A Fazenda das Cascatas aceita reservas por agendamento. O valor do camping é R$ 60 por pessoa, incluindo energia elétrica, banheiro com chuveiro quente, lenha e wi-fi. A visitação é de R$ 30. Já as refeições variam de R$ 35 a R$ 45. O agendamento é somente pelo WhatsApp (54) 99672-6886.
A magia da rede suspensa
Uma das experiências do turismo de aventura que marca a Serra é a rede suspensa. A atração itinerante impressiona quem participa e quem observa. Um dos locais em que é realizada é no Cachoeirão do Rio Cerquinha, dentro da Fazenda das Cascatas. A próxima data da experiência na cachoeira é neste Carnaval.
Os idealizadores e organizadores da atração são os sócios Edson Henicka e Jonathan Soares Weber, da Moveaventuras. Após um amigo de Henicka fazer uma experiência com uma mesa suspensa em um viaduto, o empreendedor, que tem afinidade com rapel, fez um teste com uma rede na cachoeira em Bom Jesus, em 2020. A ideia funcionou e ele passou a levar a experiência em eventos, a cada “dois ou três meses”.
Hoje, a experiência pode ser com uma rede, um balanço ou uma mesa. Elas ficam suspensas a 60 metros do chão, no topo da cachoeira. A estrutura é semelhante a de uma tirolesa, com cabo de aço. O aventureiro é equipado, conforme as normas de segurança, colocado na rede, balanço ou mesa e é solto até o meio da estrutura. As experiências duram entre 15 a 30 minutos. Tudo é filmado por meio de um drone, pela parceira dos sócios, Sinosdrone. Confira abaixo a experiência em vídeo:
Na mesa, um grupo de pessoas fica suspenso sentado em cadeiras e presos a cabos de segurança, simulando com se estivessem numa mesa de bar. O drone fecha a filmagem neles, mas depois sobe muito alto e registra do alto da cachoeira a imagem do grupo já bem pequeninho sobre a imponente queda d'água. Já que opta pela rede pode ficar sentado na rede ou deitado.
— Teve um evento em que uma menina fez o da mesa, com uma amiga, e não tinha comprado a atividade de rede. Eu expliquei para ela que a rede era bacana porque era um momento único. A mesa tu vai com amigos, família ou com namorado. A rede é um momento único. Ela foi, ficou os 15 minutos, e desceu chorando de emoção. Me agradeceu e falou que valeu a pena ter insistido — relembra Henicka.
A estrutura das experiências é móvel. A atividade é acompanhada por um engenheiro mecânico, para controle da estrutura e da segurança. Além de Bom Jesus, a empresa também está levando as atrações ao Morro do Gaúcho, em Arroio do Meio.
:: Serviço
Os interessados devem comprar o ingresso, conforme data disponível, e fazer agendamento. Datas, trajetos e outras informações são divulgadas no Instagram da empresa: @moveaventuras.
Região das Hortênsias
Em Gramado, principal destino turístico da Serra, o visitante aventureiro não é o foco principal do município. O segmento ganha mais espaço em cidades como Canela e Nova Petrópolis. A presidente da Gramadotur e secretária de turismo do município, Rosa Helena Volk, explica que os milhões de turistas procuram outras atrações no município. Mas o turismo de natureza, é claro, está muito presente e ganha novidades.
No final do ano passado, o Garden Park foi aberto. Como descreve a presidente do Gramadotur, é um parque com “4,1km de belos caminhos e trilhas, onde cada visitante se depara com lindos jardins cuidadosamente cultivados”. E em 2025, mais uma atração desse segmento deve abrir.
— Recebemos mais de sete milhões de visitantes ao ano que buscam na cidade paisagens serranas, clima calmo, além do nevoeiro característico da serra que dão um ar todo especial ao nosso destino — diz Rosa Helena.
Já na vizinha Canela, um ponto conhecido do público deve ganhar novas atrações. Com a concessão, o Parque do Caracol, futuramente, deve ganhar arvorismo e outras atividades.
Voando em Nova Petrópolis
Um ponto tradicional dos moradores da Serra para curtir o pôr do sol é o Parque Ninho das Águias, em Nova Petrópolis. Mas, para quem busca mais emoção, o piloto e instrutor de voo Gustavo Agne, por meio do projeto Eu Vou Voar, oferece voos de parapente (ou paraglider). Como relembra Agne, o local, inclusive, nasceu como uma rampa de decolagem de voo livre, há 30 anos. Desde 2016, Guga, como é conhecido, oferece a experiência na Região das Hortênsias.
— O voo duplo de parapente tem que ser feito em forma de instrução, até porque a legislação não permite que faça voo duplo comercial pelo dinheiro apenas. Então, a gente introduz o esporte e ela tem essa opção de voar e, se quiser, pode continuar o curso ou não. A maior parte das pessoas vem voar conosco uma vez para ter a experiência de fato — conta Agne.
O voo livre pode ser feito em todos os períodos do ano, se a condição climática do dia permitir. No inverno, inclusive, Agne comenta que há dias com o “céu mais azul”, o que deixa a vista ainda mais bonita. Quem tem a instrução, inclusive, aprende mais sobre a prática. O piloto, que se diz apaixonado pelo esporte, afirma que o voo é “terapia, vício e religião", onde tira o estresse e esquece dos problemas. O objetivo é passar um pouco disso aos interessados.
— Muita gente diz, “ah, o voo livre é perigoso, o voo livre é um bando de maluco que chega lá e pula”. Na verdade, nós temos procedimento de decolagem, assim como o avião decola na pista, eu tenho uma técnica para decolar. E nós só vamos entrar em voo se estiver tudo certo. E aí, pra eu voar com segurança, eu preciso ter conhecimento de meteorologia, sobre tipos de nuvens, se está entrando uma frente fria ou não. Ou seja, eu tenho um monte de informações e procedimentos que, se eu aplicar isso no voo, diminui a chance de ter problemas — observa Agne.
O equipamento para voo é homologado e testado, respeitando as normas rigorosas de segurança. Além do voo livre, o Ninho das Águias também atrai quem pratica mountain bike ou trekking (caminhada em trilhas naturais).
:: Serviço
O voo livre tem, em média, duração de 15 minutos. O voo tem custo de R$ 390 - fotos e vídeos têm um valor adicional. O agendamento pode ser feito pelo WhatsApp do projeto: (51) 99733-1111.
"Realmente, uma paz de espírito", diz fotógrafa que voou
Ester Maria Piccin, 24, voou em janeiro (veja a experiência dela no vídeo acima). A fotógrafa de Santa Cruz do Sul decidiu, em 2021, que em todos os aniversários faria algo pela primeira vez. A decisão neste ano foi voar de parapente. Quando planejou o momento, Ester passou a acompanhar as redes sociais do Eu Vou Voar, para conhecer mais deste universo.
— Foi incrível. Na hora eu estava um pouco ansiosa para voar. Mas, o Guga passa muita confiança, foi explicando toda a preparação e o que devia ser feito. No momento, eu estava com muito frio na barriga, mas ele foi me tranquilizando. Na hora, até comentei com ele que eu nem senti o peso do parapente, quando tu vai correr, é como se fosse só o meu peso. Incrível, eu acho que é a palavra. Muita tranquilidade. Realmente, uma paz de espírito — relembra Ester.
Para Ester, o momento de maior adrenalina é na decolagem, pela sensação de estar voando. Mas, depois, a tranquilidade tomou conta. A experiência foi parecida com a do casal Priscila Priebe, 43, e Gustavo dos Santos, 39, de Canoas. Ela voou duas vezes, entre o ano passado e este. No primeiro, foi sozinha. A experiência foi tão boa que Priscila repetiu com o marido.
— Fiquei muito satisfeita. Foi muito legal. Perdi o medo e convidei meu esposo. Foi apaixonante. Algumas pessoas têm um pouco mais de medo, mas eu fui muito decidida que queria viver essa experiência — descreve Priscila.
Priscila ainda dá o conselho de que "é só voando para saber" como é o sentimento:
— Pra mim foi muito reflexivo, até em relação aos meus próprios medos, coisas que achamos que não temos controle. Mas nem sempre quando não temos controle fica ruim. Para mim foi muito bom.
Trenó Alpino em Canela
Apesar de compartilhar turistas com Gramado, Canela também tem opções de turismo de aventura. Um dos pontos tradicionais do município da Região das Hortênsias é o Alpen Park, fundado em 2003 com a chegada da atração Trenó da Montanha, importada da Alemanha.
O diretor Renato Fensterseifer Jr. conta que as novidades continuam no parque. Neste primeiro semestre de 2023, uma nova atração indoor tematizada será lançada, voltada para o lado da cultura germânica e da natureza.
O parque tem 12 atrações. A principal ainda é o trenó. Mas o parque também tem espaço para tirolesa, arvorismo e quadriciclo, além de montanha russa e queda livre.
— (O trenó) Tem o viés da aventura, do contato com a natureza e de ser bastante democrático, porque a pessoa controla a velocidade. Então, vai desde a criança até o senhor de mais idade, passando por um jovem adulto — explica Fensterseifer Jr.
:: Serviço
O parque funciona diariamente, com entrada gratuita. Para todas as atrações, há passaporte de R$ 128 (para pessoas acima de 1,30m) e de R$ 56 (para pessoas de 0,80cm a 1,30m). Está na rodovia Arnaldo Oppitz.